CRÍTICA: A PROFECIA - Se por um lado algumas
pessoas bradam aos quatro cantos que clássico é
clássico e não deve ser mexido, Hollywood continua
pensando o contrário, e não se cansa de mais e mais
vezes apostar suas fichas em alguma refilmagem,
sempre com a desculpa esfarrapada de “apresentar” o
clássico para uma nova geração.
Já ficou provado que esse papo de nova geração não
funciona, e o que eles estão realmente preocupados é
com as bilheterias, mas quando a refilmagem presta,
tem que se dar o braço a torcer, e esse é o caso do
novo “A Profecia”, que no final das contas é uma boa
releitura do clássico do terror dos anos 70.
A história é a mesma, esposa perde o filho na hora
do parto e o marido é convencido por um padre a
adotar uma criança que nasceu na mesma hora, mas que
a mãe morreu. Tudo fica às mil maravilhas até que no
aniversário de cinco anos da criança tudo começa a
ficar meio tenebroso, e para completar um padre mais
que esquisito começa a perseguir o pai com um papo
de anticristo.
Do roteiro original para o do remake, quase nada
muda, a maioria das situações é a mesma, a história
é a mesma e até algumas linhas de diálogos são
iguais, graças a Fox que contratou o roteirista
original David Seltzer, para reescrever seu próprio
filme, no mínimo curioso, mas no fim das contas deu
certo, ele consegue fazer muito bem essa
transposição de uma década para outra, mexendo nos
lugares certos e sem perder a mítica, mas se você
olhar bem vai perceber que, tirando a profissão do
pai, que no original é Embaixador e agora começa
como assistente do mesmo, todo resto é igual.
O resto do filme fica bem mais para o mediano, tanto
elenco quanto direção, passando pela trilha sonora
que jogou fora qualquer inspiração do original, e é
bom deixar claro que para mim é uma das trilhas que
mais ajuda a montar um clima na história do cinema,
genial além de ter me deixado com medo de canto
gregoriano para o resto da vida, substituída agora
por uma musiquinha de filme comum, realmente um
desperdício.
Quanto à direção, a Fox não quis fazer a mesma coisa
que fizeram com o roteiro e não pensaram em Richard
Donner, deixando o filme na mão de John Moore, que
fez o lastimável “O Vôo da Phoenix”, e agora toma o
caminho contrário ao que fez “A Profecia” original
ser o que é, ele se decide por fazer um filme de
terror, e não um drama de uma família que sem querer
adotou o filho do demônio. Moore acaba caindo no
poço do clichê, forçando alguns sustos e criando
alguns sonhos bizarros para satisfazer uma geração
que acha que o filme “Pânico” é terror, e aí está a
maior diferença do filme, enquanto no primeiro tudo
era feito para você ficar enterrado na cadeira de
tão tenso, agora o que vale é pular de susto.
Infeliz declínio.
Essa direção despretensiosa parece ter prejudicado
em grande parte também o elenco, que parece insosso,
sem emoção, principalmente se comparado ao original,
e uma grande diferença não aparece na qualidade dos
atores e sim no jeito que são dirigidos, Donner no
original procurava ângulos fechados, transparecendo
emoção, agora tudo fica meio pasteurizado demais. O
casal Robert e Katherine Thorn, pais do
cramunchãozinho, agora são vividos pelo mediano Liev
Schreiber, que faz até certo ponto uma bela atuação,
e pela indecisa Julia Stiles, que a cada filme testa
um gênero, e ainda não percebeu que é fraquinha em
todos, uma bela surpresa é Mia Farrow encarnando a
Sra. Baylock, babá e protetora da criança. Para os
mais curiosos, o Damiem original aparece como um dos
fotógrafos na porta da embaixada, eu não consegui
reconhecer, mas ele está lá.
Mas é preciso deixar claro que como filme, sem
pensar em remake, “A Profecia” fica acima das
expectativas, só não é ótimo, mas está longe de ser
ridículo como os remakes que vem povoando os
cinemas.
Agora acompanhem meu raciocínio, se o roteiro é o
mesmo, a direção anterior é muito melhor, a trilha
sonora se tornou uma lenda, junto com todo o filme,
para que fazer um remake? Por que não o relança no
cinema, remasterizado etc.? Ou , por que não fazer
uma forcinha para contratar o mesmo diretor e
realmente apresentar o filme para uma nova geração?
A resposta: por que cada vez mais hollywood me
decepciona, e é por isso que me encaixo naqueles
caras que bradam aos quatro cantos que clássico é
clássico e tem que ser intocável. Por isso vá à sua
locadora mais próxima, alugue toda trilogia de “A
Profecia” e boa diversão.
Direção: JOHN MOORE
Roteiro: DAVID SELTZER
Distribuidora: FOX FILME
Estréia: 06/06/06
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Cena do
filme A Profecia (Foto Divulgação)
FILME:
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Crítico: Vinicius
Vieira - Jornalista -
vvinicius@hotmail.com
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