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RESENHA CRÍTICA DO FILME "AUSTRÁLIA"   
por Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br
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AUSTRÁLIA  -  (Foto Divulgação)

CRÍTICA - AUSTRÁLIA -  A realidade poder ser cruel, mas nas lentes do cineasta Baz Luhrmann, ganha contorno poético mesmo nas tragédias. Foi assim ao reinventar o clássico de William Shakespeare “Romeu e Julieta”, pintando com cores vivas e um ar pop o romance impossível da dupla de adolescentes. Ou no musical “Moulin Rouge” quando o diretor “pintou e bordou” ao narrar a história da prostituta Satine e seu amor por um escritor.
“Austrália” é o novo filme de Luhrmann que traz novamente Nicole Kidman como protagonista. Desta vez ela é Sarah Ashley uma madame, esposa do proprietário de uma grande fazenda que impede o monopólio da venda de carnes de Carney, um dos grandes vendedores da região.
O filme é vendido como épico, porém o cineasta dialoga com vários gêneros. O filme começa com tomadas cômicas, passa pelo drama, pelo romance, assume ares de filme de guerra e termina como um bom melodrama. Tudo feito, claro, para que o público se emocione nas 2h50 minutos que permanece sentado. A película não causa tanto impacto no cinema como “Moulin Rouge”. Para agüentar as reviravoltas no roteiro, só sendo fã, ou do cineasta, da atriz principal e porque não, de cinema.
Luhrmann filma seqüências grandiosas que não fosse a era do mundo digital, tudo seria muito menos emocionante e menos surreal. A cena que o menino consegue parar 1.500 bois, a beira de um precipício com a força do pensamento é no mínimo duvidosa. Ainda mais se você for um cético. Mas ok, no universo mítico do diretor, certa dose de fantasia faz parte. Afinal recorremos a ela todos os dias.
Um dos pontos alto do filme é a utilização da canção “Over the Rainbow” imortalizada na voz de Judy Garland no filme “O Mágico de Oz”. A música serve de metáfora para os três personagens da trama: Sarah, o Capataz (Hugh Jackman) e o aborígene Nullah (Brandon Walters) a criança do filme, que entoa a música durante todo o tempo. Depois de mergulhar no universo pop na trilha sonora de “Moulin Rouge” a música de Dorothy é a melhor parte da história, bem como as cenas em que ela está de fundo.
Impossível não se sentir tocado com o pequeno Nullah pintado de negro para poder assistir a exibição de “O Mágico de Oz”. Considerado um mestiço, não tem permissão para entrar no cinema. Na Austrália em 1938, pior do que ser negro é ser mestiço.
De pano de fundo a história de amor de Sarah e o Capataz está Pear Harbol, a guerra entre japoneses e americanos. O cineasta mistura história, romance, aventura, cultura popular para no fim afirmar que não existe nada no mundo melhor que nosso lar.
Como uma Dorothy pós-moderna, o cineasta, brinca com os clichês e com a improbabilidade deles. Um ótimo exemplo é o grupo que está a disposição para que o Capataz, leve as centenas de bois até o porto, formado por duas mulheres, um bêbado, uma criança e dois homens. Até a disposição deles no inicio do trajeto brinca com os arquétipos de filmes de vaqueiros.
O amor em nada surpreendente do casal protagonista ganha força pela empatia dos atores. O público “engole” sem sofrimento, cenas melosas e óbvias como o beijo do casal na chuva.
Considerado a produção mais cara da Austrália, estimada em US$ 130 milhões e com apenas uma indicação ao Oscar – de melhor figurino – o filme de Luhramnn não teve a repercussão que a produção esperava, mas serve como diversão, e se você for fã do cineasta...corre o risco de lacrimejar.

Ficha Técnica
Título Original: Australia
Gênero: Drama
Duração: 165 min.
Ano: EUA/2008
Site Oficial: www.australiafilme.com.br
Distribuidoras: 20th Century Fox Film Corporation
Direção: Baz Luhrmann
Roteiro: Stuart Beattie, Baz Luhrmann, Ronald Harwood e Richard Flanagan, baseado em estória de Baz Luhrmann


Trailer do filme Austrália

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Crítico: Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema - e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br

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