CRÍTICA - VOLVER:
O filme tem inicio em um pequeno cemitério de La
Mancha, devastado do forte vento que no verão é
comum naquela região. A cena de abertura é marcante,
com mulheres que lavam os túmulos dos seus caros
defuntos, com a mesma energia e vigor com que limpam
suas casas em dia de festa. Continua depois em
Madri, em um bairro movimentado, frenético, povoado
de imigrantes trabalhadores, de etnias e raças
diversas, que dividem sonhos e sorte. Ali moram
Raimunda (interpretada brilhantemente por Penelope
Cruz) e sua irmã Sole, que apenas chegam de La
Mancha, recebem a notícia da morte de Paula, uma
cara tia. Sole retorna a La Mancha e vai ao funeral,
mas Raimunda fica em Madri porque está muito ocupada
em esconder o cadáver do marido molestador. Passado
o funeral, Sole retorna a Madri e com ela o fantasma
da mãe morta (ou não) que revela surpreendentes
segredos do passado obscuro da família.
Um filme onde o medo consegue dar lugar a uma
realidade feita de suor, onde os fantasmas não
choram e nem mesmo os vivos. Nesta película,
encontramos um Almodóvar que abandona os excessos e
as extravagâncias e se apresenta mais dócil,
sensível e generoso, contando a estória de três
gerações de mulheres, onde há espaço pra mentiras,
superstições e segredos de família e onde os homens
são dispensáveis. O que tinha tudo para ser um
melodrama, com dois incestos, uma doença terminal,
uma ressureição, uma sepultura secreta, é uma
deliciosa comédia, cheia de grandes interpretações.
Volver é tudo, menos uma tragédia. Assim é
Almodóvar. Curioso e surpreendente.
Direção: Pedro Almodóvar
Gênero: Drama
Distribuidora: Imagem Filmes
Estréia: 10 de Novembro de 2006 - Brasil
FILME:
Ótimo:
Bom:
Regular:
Crítica: Mirian
Guanais é colaboradora, crítica de cinema, roteirista e
correspondente do Portal Cranik na Itália. e-mail:
miguanais@yahoo.it
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