ESPECIAL - TRILOGIA DAS CORES

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Especial "TRILOGIA DAS CORES" 
por Marcelo Hailer - marcelo.hailer@gmail.com  
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TRILOGIA DAS CORES (TRILOGIA DAS CORES)
TRILOGIA DAS CORES - (Foto Divulgação)

TRILOGIA DAS CORES

   Antes de qualquer análise crítica, pra conhecimento do leitor é válido saber que o projeto “A trilogia das cores” nasce por dois motivos: o bicentenário da revolução francesa, sendo que é deste fato histórico/ político donde nasceu o lema: liberdade, igualdade e fraternidade, e o segundo fato é o momento político europeu, a comemoração da unificação da Europa, a já conhecida União Européia.

Feito o contexto da obra, vamos a ela. Como já mencionado Krzysztof Kieslowski foi convidado a fazer um filme que prestasse dupla homenagem, a partir deste ponto o diretor tem a seguinte idéia: com os três lemas da bandeira francesa, transportá-los a década de 90 e com a seguinte questão, como estão estes valores no mundo de hoje? Como anda a liberdade, a igualdade e a fraternidade na Europa e no mundo hoje?

A liberdade é azul ou apenas Azul, como no título original, Kieslowski toma como ponto de partida a tragédia e os dez minutos iniciais já denotam a desgraça. Num acidente de carro, Julie (Juliette Binoche) perde o marido e a filha, após a tragédia a personagem decide-se livrar de tudo que lhe prende ao passado, porém, impossível se livrar de tudo, eis o ponto filosófico do roteiro, aquela liberdade utópica é possível?

Em “A igualdade é branca” a personagem central é Carol (Zbiniew Zamachowski) ele é polonês e não fala francês, é apaixonado pela sua mulher, Dominique (Julie Delpy), que o surpreende com um pedido de divórcio, Carol é julgado na França sem falar uma palavra sequer em francês, mesmo em tom de comédia o filme já dá o tom logo de cara, como um estrangeiro é julgado, obrigado a assinar uma separação sem sequer falar a língua nativa, sem um interprete, onde reside a igualdade na sociedade? Carol resolve retornar a sua cidade natal, volta a trabalhar com o irmão na profissão de cabeleireiro e planeja uma inusitada vingança.

No Vermelho ou “A fraternidade é vermelha”, Valentine (Irene Jacob) leva uma vida normal, faz curso universitário, no filme não é citado qual curso, ganha o seu dinheiro como modelo, tem um namorado onipresente no filme, toda a sua tranqüilidade e normalidade serão quebradas quando atropela uma cadela pastor-alemão, na coleira da cadela há o endereço de sua casa, Valentine vai então até lá, quando adentra a casa do dono, o Juiz, senhor aposentado que tem um estranho hobby, com um aparelho de escuta, consegue escutar as conversas telefônicas de seus vizinhos, paralelamente há a história de um jovem que estuda pra ser juiz e tenta a sorte no amor, porém nada fácil e linear na visão de Kieslowski.

Julie do azul se decide por vender todos os bens materiais, inclusive a casa onde morava com a sua família, acredita que deste modo apagará qualquer lembrança de sua vida passada, vai morar em um pequeno apartamento, não quer qualquer tipo de contato com alguma pessoa, porém o acaso vem pra mudar isso, é importante ressaltar que o diretor se foca nisso, no acaso, pequenos acontecimentos que nos ligam a outras pessoas, a outros mundos, assim como Carol, que retornando a sua cidade, se envolve em negócios, a forma como vai se tornar um empresário bem sucedido se dá totalmente no acaso, assim como Valentine que, após atropelar uma cadela entra em contato com o mundo do voyeurismo, fica dividida entre denunciar o sujeito, que ela o considera como um anormal ou compartilhar deste mundo com o tal sujeito, em cena clássica o juiz lhe questiona o que é certo, o que é normal.

Nos três filmes, as personagens terão as suas vidas transformadas por efeito do acaso e entrarão em conflitos correlacionados com os temas/ lemas de cada cor, no caso de Julie, que acredita estar se libertando, mas, o marido ao morrer deixa uma opera inacabada, obra encomendada pelo parlamento europeu, se vê refém da música, o som está dentro dela, Carol quer a igualdade na vingança para com a sua mulher e Valentine vê todos os seus valores morais decaírem quando resolve adentrar no mundo do Juiz, e uma das coisas mais interessante dos três filmes, as três histórias coexistem no mesmo tempo, vemos personagens dos filmes transitarem entre si, coexistem num mesmo espaço, mas não se relacionam, existem e não existem ao mesmo tempo.

Seria a liberdade algo trágico? A igualdade uma comédia? A fraternidade inexistente? Perguntas com inúmeras respostas, a trilogia nos permite significações variadas. Aparentemente podemos pensar que os lemas liberdade, igualdade e fraternidade hoje são outros, transitam entre si, assim como as histórias e seus respectivos personagens, se cruzam sempre, mas não se comunicam. Não a toa é uma obra prima, pra fechar, tenho que ressaltar a parte técnica, a forma como o diretor trabalha as cores em cada filme, e cada um exige um tratamento, no primeiro o direito trabalha em cima do zoom, em cima das pequenas coisas que, é o que importa para a personagem, no branco temos um enquadramento mais fechado e já no terceiro é a perspectiva, planos mais abertos e as trilhas sonoras também são ótimas, com destaque para o azul. Enfim, Krzysztof Kieslowski se consagrou como diretor com esta obra, prêmios nos mais importantes festivais, porém, durante Cannes, ele anunciou que iria parar de filmar, que tudo estava chato e queria uma vida tranqüila, infelizmente, um ano após esta declaração, este mestre do cinema faleceu por conta de um enfarto em 1996.

Crítico: Marcelo Hailer - Jornalista - marcelo.hailer@gmail.com    

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Nome: Angela Batista e Alcídia Batista
Idade: 30 e 35 anos
Estado:RN
e-mail:angelabatista@brisanet.com.br
Opinião: NOTA 10!!!
OBS: Amamos essa trilogia!! E o comentário fez jus ao Grande Mestre Kieslowski . Só quem assistiu sabe o quanto isso é verdade: Seria a liberdade algo trágico? A igualdade uma comédia? A fraternidade inexistente?

Nome: João Felipe
Idade: 26 anos
Estado: Rn
e-mail: joao_lemos.in@hotmail.com
Nota: 10
obs: Ótima critica, muito esclarecedora! Achei que fosse este mesmo o objetivo do diretor! desde o principio notei a relação com as cores da bandeira -o que é obvio para qualquer um.Sua critica tirou as ultimas teias do meu entendimento, o que me impedia de compreender a totalidade e a profundidade da obra. Muito bom filme, ou melhor, FILMES!

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