Crítica
Especial do Filme
"TERRA EM TRANSE"
por Thiago Crivellaro -
Crítico de Cinema -
e-mail:
thiago_cmn@hotmail.com
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TERRA EM TRANSE (Foto Divulgação)
TERRA EM TRANSE
CRÍTICA - TERRA EM TRANSE
é um filme que marcou o cinema nacional pela sua
construção estética e seu conteúdo. Lançado em plena
ditadura militar, Glauber Rocha molda seu filme
através de uma câmera nervosa e inquieta
representando de alguma maneira o contexto caótico
em que estava inserida a população brasileira – e
grande parte latino-americana.
O personagem principal Paulo Martins (Jardel Filho)
beira à desordem psicológica e social estando entre
o povo e dois candidatos a um cargo no governo – um
indeciso em manifestar suas ideologias publicamente
e outro claramente autoritário. Desta forma, Glauber
utiliza abusos de closes e primeiros-planos que
capta os mais profundos sentimentos desprovidos de
lucidez do personagem. Este um jornalista revoltado
com a situação abusiva de um novo governante no
Eldorado e tendo de observar quase passivamente
todos os acontecimentos em torno de si.
A câmera nunca pára. Nas mãos de Glauber, ela se
movimenta para todos os lados e tenta compreender
todos os personagens através de certa histeria
generalizada, mas de maneira nenhuma os apresentando
gratuitamente. A conjuntura toda está próxima de um
abismo e seus personagens podem cair de uma vez,
portanto, existe uma profusão de palavras em tons
arbitrariamente altos de som.
Parece que ninguém consegue se entender. A tomada de
poder é abusiva e o povo anda de um lado para outro
sem saber o que fazer. E, sem parar, lá está a
câmera de Glauber invadindo os problemas
psicológicos do Estado – ou de uma pessoa só –
contra todo o resto – os subservientes. Todos estão
em transe, principalmente as camadas populares que
seguem o candidato em que acreditam – numa forma
acéfala e despolitizada. Eles sempre estão à margem
da tela; em vários momentos são jogados para fora
dela.
É justamente dessa forma que Glauber prefere
conduzir seu filme, não da maneira linear comum e
ordinária. A fragmentação dos acontecimentos causa
tensão. As cenas têm tensão para se confrontar; elas
disputam entre si um espaço para aparecer, assim
como a politicagem e os interesses econômicos
disputam o poder. Portanto, esse jornalista a quem
acompanhamos se torna uma peça em convulsão
psicológica diante de muitos outros personagens na
mesma circunstância e o cineasta “joga” a câmera na
cara de todos eles para demonstrar isso.
Título Original: Terra Em Transe
Gênero: Drama
Duração: 115 min.
Ano: Brasil - 1967
Distribuidora: Difilm
Direção e Roteiro: Glauber Rocha
Cena do Filme TERRA EM TRANSE (Foto Divulgação)
FILME:
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Regular:
Crítico: Thiago
Crivellaro
- Estudante de Jornalismo e Crítico de Cinema - e-mail:
thiago_cmn@hotmail.com
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