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"SURPRESA NO OSCAR®?" 
por Vinicius Vieira - vvinicius@hotmail.com 
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BABEL - Foto Divulgação

SURPRESA NO OSCAR®?

SURPRESA NO OSCAR®? - Pessoalmente, gosto do Oscar®, por mais que todo mundo ache uma besteira e que no final quem ganha é o lobby, no dia seguinte não adianta, nos quatro cantos do mundo o assunto é quem levou a estatueta careca para casa.

Talvez pelo glamour da cerimônia, ou pela oportunidade de ver tanta gente famosa junta, ou até pelo gostinho de torcer por um ou outro filme nas categorias, acho que ninguém consegue explicar o porque dos prêmios da academia chamarem tanta a atenção (muito mais até que os Globos de Ouro, que se assemelha muito em prestígio), eu não sei, o que eu sei, é que sempre fico acordado até a madrugada para ver o Oscar®, e esse ano não me decepcionei.

Dessa vez os indicados formavam uma lista incrível de filmes imperdíveis, que resumiam realmente o cinema do último ano, o melhor estava ali e ponto final, e foi com um gostinho particular que ao final da premiação “Os Infiltrados” se sagrava o grande ganhador da noite.

Eu sempre fui fã confesso de Scorsese, e quando olhava para as premiações passadas não conseguia entender como “Táxi Driver” perdera para “Rocky” (com o cineasta nem sendo indicado para diretor) e “Os Bons Companheiros” não fora escolhido no ano em que “Dança com Lobos” se consagra campeão. Mas até que enfim a justiça foi feita, e no filme certo, já que “Gangues de Nova York” e “O Aviador” podiam ter corrigido esse erro, mas nem chegam aos pés do novo filme de cineasta.

Além de melhor filme e diretor, o longa ainda ganhou com Michael Monahan a estatueta de roteiro adaptado do filme original de Hong-Kong (desde de 1959, com “Ben-Hur”, “Os Infiltrados” é o primeiro remake a ganhar o prêmio maior) e Thelma Schoomaker, parceira direta de Scorsese, ganhando na edição.


Cena do filme DREAMGIRLS - (Foto Divulgação).

Só ficou faltando o prêmio ator coadjuvante para Mark Whalberg, que na minha opinião,  merecia pelo pouco tempo que passa na tela e pela força com que rouba todas as cenas, mas pelo menos o prêmio ficou em boas mãos com a lenda Alan Arkin e seu papel em “Pequena Miss Sunshine”, azarão em uma categoria que já era dada como certeza para o humorista Eddie Murphy com seu papel dramático em “Dreamgirls”, mas eu não acreditava que a academia fosse dar o prêmio para um cara que fez besteiras como “Professor Aloprado” e agora ataca com o infame “Norbit” nos cinemas.

Falando em “Dreamgirls”, com suas oito indicações se consagrou o grande perdedor do ano, só ganhando com a estreante Jennifer Hudson (vindo direto de uma eliminação no programa American Idol) na categoria de atriz coadjuvante e outro premio na categoria técnica de melhor mixagem de som.

Minha outra felicidade veio no comecinho da premiação quando o nome “Labirinto do Fauno” foi repetido três vezes, direção de arte, fotografia e maquiagem (só faltando o de melhor filme estrangeiro), nada mais que merecido para o filme mais inspirado que eu vi nessa temporada.


Cena do filme OS INFILTRADOS - (Foto Divulgação).

Em um Oscar® multinacional, que fez questão de homenagear seus indicados como vencedores só por já estarem ali, Guillermo Del Toro e sua equipe mexicana saíram dando risada à toa, o mesmo se pode falar de seus amigos pessoais Alejandro González Iñárritu e Alfonso Cuaron, que foram indicados a noite inteira como o novo trio que mudaria a história do cinema, não foram tão bem nas premiações, o “Babel” de Iñárritu, que era dado como certo nas categorias mais importantes só levou o de trilha sonora, mas com certeza são três nomes que ainda vão dar muito o que falar.

As barbadas Helen Mirren e Forest Whitaker, como melhor atriz e ator não deram outra e passaram por cima de lendas como Judi Dench e suas três indicações passadas, Meryl Streep e seu quarto para guardar estatuetas, e do lado masculino o eterno Lawrence da Arábia, Peter O´Toole na sua oitava indicação, depois de até um Oscar® honorário, mas isso tudo já era de se esperar.

Mas realmente “Os Infiltrados” é o melhor filme do ano? A resposta é sim. Por uma razão simples, Scorsese fez cinema em seu sentido mais fácil de entender, uma produção fácil de assimilar, sem muita conotação social e política (saindo na frente de “Babel”), uma história clássica com mocinhos e bandidos onde você tem para quem torcer (deixando “A Rainha” de lado), um filme sério, violento e cheio de ação (a Academia realmente não gosta de comédias, ruim para “A pequena Misss Sunshine”) e o mais importante, é falado em inglês (o “Cartas de Iwo Jima” é em japonês).

Juntando todos esses fatores a seu favor na Academia, o filme ainda te prende na cadeira do cinema o tempo inteiro, com uma direção inspirada, e uma edição que deixa o filme à mil, melhor até que o original, sem contar no elenco afiadíssimo e um roteiro cheio de reviravoltas, tudo que alguém que vai ao cinema procura (o resultado, uma bilheteria estrondosa).

Por isso, esse ano posso falar aos quatro cantos do mundo que o Oscar® surpreendeu por premiar sem dúvida nenhuma os melhores do ano, coisa que vem acontecendo de uns tempos para cá e que tomara que continue nesse ritmo por mais um bom tempo.


Cena do filme O LABIRINTO DO FAUNO - (Foto Divulgação).

 

Crítico: Vinicius Vieira - Jornalista - vvinicius@hotmail.com

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