CRÍTICA - SUPERBAD - É HOJE:
O que difere “Superbad-
É Hoje” das demais comédias adolescentes que
povoaram o cinema desde de “American Pie”, é a
chamada massa cinzenta. Mostrar um personagem sendo
pego no flagra em um “encontro amoroso” com uma
torta cria aquele um riso fácil, mecânico, visual,
agora, fazer um filme em que o espectador ri por
quase 114 minutos, apostando quase que totalmente
nos diálogos, isso sim é difícil, e requer
inteligência.
“Superbad” explora o sexo em 90% de suas piadas, mas
sem mostrar nenhum tipo de apelo visual ou
escatológico como muleta, em sua grande maioria o
cinema morre de dar risada de diálogos para lá de
engraçados, sempre com uma ponta de cinismo (ou
realidade), criando situações hilariantes beirando o
non-sense.
E não uma falta de realidade, e sim um excesso, ao
mostrar os dois melhores amigos Seth e Evan às
portas de embarcarem em faculdade diferentes,
decidindo tirar o atraso do colegial em uma festa,
onde eles pretendem ser os caras da frase “Meu Deus,
eu dormi com esse cara?”, pra isso só precisam levar
as bebidas para a tal festa, contando com a ajuda do
amigo Fogell, que arrumou uma identidade
falsificada.
Os três só tem uma coisa em mente: sexo, e para isso
vão precisar passar por uma “perigosa” noite, até
chegarem na festa, cada um tendo que passar por suas
próprias provações, enriquecendo mais ainda o filme.
Sem perder o tino da comédia, o diretor Greg Mottola
(mais conhecido nas séries de TV) discute a amizade
desses três adolescentes, seus medos de terem que
mudar, sair do Status Quo, enfrentar uma vida nova.
Seth e Evan teram que, pela primeira vez na vida, se
separar, indo para faculdades diferentes, enquanto
Fogell... bom Fogell se prepara para se tornar
McLovin (nome que ele usa na identidade nova), tudo
isso sem perder o senso de humor afiado, em nenhum
dos casos.
Mottola parece não se importar em fazer um trabalho
visualmente contundente, mas sim em contar uma
história, de um jeito simples, possibilitando ótimos
espaços, e com um ótimo timing, para o humor. Além
disso, faz um ótimo trabalho deixando os atores, a
maioria com pouca experiência e na casa dos 20 anos,
a vontade, possibilitando atuações concisas sem se
perderem nos esteriótipos, desde dos protagonistas
(os dois com um certa experiência) até os
coadjuvantes, que em nenhum momento se perdem dentro
da história.
O roteiro escrito pela dupla Seth Rogen
(protagonista de “Ligeiramente Grávidos”) e Evan
Goldberg, talvez seja o grande achado do filme.
Escrito quando os dois tinham 13 anos (e não por
acaso que os personagens tenham seus mesmos nomes),
é habilidoso e caminha perfeitamente mostrando a
epopéia dos três para conseguir as bebidas e chegar
a festa, em cada encontro amalucado, como com a
dupla de policiais (um deles o próprio Rogen) que
resolve dar uma carona a McLovin, e a festa da
“pesada” que os protagonistas acabam entrando de
penetras.
Mas se não fosse apenas por essas loucuras, o
roteiro ainda ganha o especatdor em pontuar todo
esse caminho com diálogos engraçadíssimos e
situações que provelmente já ocorreram com a maioria
da população masculina, desde conversas totalmente
piradas, até gafes como ser pego olhando para certas
vantagens corporais de alguma menina, tudo muito bem
tratado dentro da história.
“Superbad- É Hoje” é mais um filme que ganha a
assinatura de Judd Apatow (“Virgem de 40 Anos” e
“Ligeiramente Grávidos”), só que dessa vez na
cadeira de produtor, mas o importante é que, ainda
assim tem um pouco de sua cara, uma narrativa
simples, repleto de um humor ácido e mostrando mais
uma vez que os párias de qualquer sociedade ainda
podem ser amados, pelo menos por duas horas no
escuro do cinema.