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RESENHA CRÍTICA DO FILME "SE NADA MAIS DER CERTO"   
por Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br
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SE NADA MAIS DER CERTO  -  (Foto Divulgação)

CRÍTICA - SE NADA MAIS DER CERTO:  Cinema às vezes pode proporcionar um contato cruel com a realidade. Ser indigesto. Incomodar a ponto de nos jogar mais para o canto do que a própria sala propicia – se assim como eu você tiver o hábito de ir ao cinema só. Um filme pode às vezes nos tornar – por horas – mais solitários e silenciosos. Eis a questão: o que fazer se nada mais der certo?
“Se nada mais der certo” de José Eduardo Belmonte é destes filmes que pesam dentro da gente, tal sua capacidade de provocação e de suscitar dentro do público risos internos, aflitos e irônicos, talvez sádicos. São duas horas de filme que desce aos goles seco, como que mostrando nossa incapacidade de absorver o real e suas dúbias possibilidades. Afinal sempre nos apegamos a algo quando não resta mais nada.
O amor é o peso do mundo. Mas justamente é este sentimento “quente”, fraternal e cúmplice que une Léo (Cãua Raymond), Marcin (Carolina Abras) e Wilson (João Miguel), um jornalista frustrado, um(a) traficante e um taxista. Um trio de frustrados, de pessoas que vivem numa margem que beira o limite, que mantêm uma atração pelo perigo e pelo acaso, que carecem de conforto, segurança, certezas. O trio é o reflexo da sociedade? O espelho se abre na tela escura, desnudando nossa realidade e nos pondo como semelhantes deste outro, tão distante e tão próximo.
O cinema de Belmonte não é fácil, digestivo e nem concebido para entreter. Se em “A Concepção” o diretor questiona a identidade do indivíduo e as escolhas que nos permite ser quem somos, em “Se nada mais...” essa leitura é feita a partir da sociedade que – claro – nos corrompe. E como uma sereia nos atrai com seus atrativos, suas facilidades, seus truques de sedução e de absorção.
Sem sermos democráticos, usamos e somos usados. Compramos e exploramos a mão de obra barata que os desfavorecidos oferecem no dia-a-dia, como se subjugando o outro, fossemos salvos da nossa própria miséria. Mas se tudo é ação e reação e se tudo se move a contento e ao mesmo tempo, então estamos todos atrelados ao mesmo cais.
O amor não salva, mais pode redimir? Os erros não são esquecidos mas podem ser supridos? A religião é a melhor forma de escapismo? Perguntas que ficam em aberto. Os personagens de Belmonte são excessivos e talvez por isso mesmo pertinente, afinal pessoas intensas e desesperadas vivem num limite inclassificável.
“Se nada mais der certo” é por vezes longo, por vezes redundante e por vezes sarcástico. Eis as ironias do destino quando atrela o individuo a uma história (um problema) que parece não ter fim, quando faz com que o individuo patine em círculos, incapaz de resolver seus problemas e por vezes sacal ao não poupar o indivíduo da acidez da realidade.
Mas assim como a vida imprescindível para se entender o que se passa além da nossa janela e para perceber que existe sim, cineasta a fim de questionar a realidade, que devora um por um a cada segundo.

Ficha Técnica
Título:Se Nada Mais Der Certo
Gênero: Drama
Duração: 02hs
Ano: 2009
Site oficial: www.senadamaisdercerto.com.br
Distribuidora: Imovision
Direção: José Eduardo Belmonte
Roteiro: Breno Akex, José Eduardo Belmonte e Luis Carlos Pacca
Produção: Ronaldo D'Oxum, José Eduardo Belmonte, Abdon Buchar e Thalita Bucar
Fotografia: André Lavenere
Música: Zepedro Gollo

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Crítico: Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema - e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br

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