CRÍTICA - RESIDENT EVIL 3 - A EXTINÇÃO:
Pegue uma pitada de “Mad
Max” (qualquer umas das seqüências) e misture com
bastante George A. Romero e seus zumbis, bata tudo
por um tempo, deixe descansar por mais alguns
minutos e o resultado vai ser um liquido
distintamente divido entre uma nata e uma
viscosidade nojenta e mal cheirosa. Agora, separe
essa nata, jogue na lata de lixo mais funda, separe
o resto (tenha certeza que não deixou nada de bom
junto) e tente vender para alguém, se conseguir,
ponha o nome de “Resident Evil: Extinção”.
Não, não é exagero, a segunda seqüência da adaptação
dos vídeos games é uma porcaria, com um resultado
totalmente assustador, mas de tão ruim. Nada no filme
lembra o primeiro, e interessante exemplar da série,
e o pior, fica até aquém do detestável segundo.
Com um fiapo de trama, escrito por Paul W. S.
Anderson(que dirigiu o primeiro e roteirizou os dois
também), se concentra em um planeta pós T-Virus
(aquele que transforma todo mundo em zumbis) que foi
consumido pelo deserto. A inescrupulosa Corporação
Umbrella (que criou o vírus) agora tenta, ao mesmo
tempo, achar uma cura, domesticar os mortos-vivos e
recapturar a heroína e projeto cinetífico, ou
andróide, ou para-normal, ou sei lá o que (coisa que
não fica clara em nenhum dos três filmes) Alice (Milla
Jovovich), que depois de vagar pelos confins dos
Estados Unidos em sua moto se junta com o comboi de
sobreviventes liderados por Clarie RedField (Ali
Larter).
A teimosa repetição do erro, de descartar totalmente
as tramas da série de jogos (que ficaram famosos
também por uma trama cinematográfica) já começa
afundando tudo, mas o que realmente o destrói é
inabilidade de criar uma história que coubesse em um
filme e se estruturasse como um.
O roteiro tem a pachorra de separar o filme por
fases, sem se preocupar muito com uma seqüência
lógica, nem narrativamente e muito menos temporal,
todo mundo parece estar a poucos quilômetros de
distancia, em alguns momentos até menos, como na
chegada de Alice ao comboio, como se ali
simplesmente fosse o começo de uma nova fase do game
(nesse caso a segunda) e seu destino anterior fosse
quase atrás de alguma duna de areia próxima.
Depois de um tutorial, mostrando as habilidades da
personagem e criando a trama, a primeira fase mostra
Alice em um posto de gasolina enfrentando os famoso
dobermans zumbis, onde encontra ao melhor estilo
survivor game (aquele onde o jogador tem que ir
resolvendo quebra-cabeças ao mesmo tempo que
sobrevivendo de monstros e criaturas) um caderninho
com um mapa, logo depois salva o comboio dos corvos
zumbis. A terceira fase em Las Vegas, o grupo de
sobreviventes tem que se livrar dos zumbis em sí,
para finalmente em uma quarta fase Alice entrar no
complexo dos bandidos e enfrentar o grande chefão do
jogo, tudo muito distinto, com inimigos e objetivos
separados.
A verdade é que, nem para um jogo esse roteiro
poderia ser usado, tamanha besteira. Além disso
ainda, ao perceber que o que tinham em mãos não
encheria um filme de 90 minutos apelam por enfiar
goela abaixo do espectador seqüências sem a maior
importância narrativa, dos cachorros zumbis (essa ao
melhor estilo: os cães não podem faltar, por isso
enfiem eles em algum lugar) ao personagem mordido
que resolve esconder o machucado (coisa que já se
tornou obrigatório em qualquer filme de zumbi), mas
que, como não tinha importância na história, só
serve para tomar uma bala na cabeça mais tarde.
Isso sem contar nas infinitas reuniões holográficas
entre os chefões da Umbrella, que junto com as cenas
do satélite na atmosfera terrestre e a computação
gráfica apresentando o complexo (do jeito mais
barato para a produção do filme) vão se repetindo
sempre que possível, para ganhar mais um minutos.
A direção do experiente Russel Mulcahy (“Highlander”
e “O Sombra”), também não ajuda, nesse caso, tenta
impor uma apelo visual maior, já que a ausência de
roteiro não o deixaria contar uma história, e fica
longe de acertar na mosca.
A impressão que se tem é que, na tentativa de um
apreço maior, Mulcahy resume tudo em slow motions e
planos detalhes, sola de sapato sendo cortada (essa
colado uma parte do vestido tendo o mesmo destino),
o andar da personagem principal com a imagem ao
nível do solo (além de qualquer outro movimento de
Alice), isso sem esquecer de desacelerar qualquer
luta ao máximo.
E os planos detalhes não acabam por aí, dá-lhe
imagem fechada em um pote de moedas que caiu no
chão, ou em um abajur afetado pela mesma gravidade
(esses dois usados como susto, já que provavelmente
os extras de zumbis deviam estar de folga), com
espaço para uma ou outra maçaneta e algumas injeções
de antivírus.
Em colaboração, ainda uma montagem confusa e uma
fotografia que não se resolve com que luz iluminar a
face da personagem principal, ora em close, de um
modo plastificado (assim como as atuações), o resto
das tomadas, esquecendo desse detalhe.
“Resident Evil: Extinção” pode até agradar a alguém
que vai ao cinema para ver uma boa maquiagem (os
zumbis lembram em muito os do clássico “Uma noite
Alucinante”)e uma meia dúzia de ótimos efeitos
especiais (como a explosão no final). Mas quem vai
ao cinema com um pouco mais de vontade de ver um
filme, vai sair reclamando, só não pode pedir o
dinheiro do ingresso de volta, afinal, quem entrou
já sabia o que poderia esperar (azar de quem
entrar).
FICHA TÉCNICA: Título Original: Resident Evil: Extinction
Gênero: Terror
Ano: EUA/Inglaterra/França/Alemanha/Austrália - 2007
Distribuidora: Columbia Pictures / Sony Pictures
Entertainment
Direção: Russell Mulcahy
Roteiro: Paul W.S. Anderson