RESENHA CRÍTICA
"PASSANDO DOS LIMITES"
por Luis Pires -
Jornalista e Crítico de Cinema
e-mail:
lpires@uol.com.br
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PASSANDO DOS LIMITES - FOTO DIVULGAÇÃO
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CRÍTICA - PASSANDO DOS LIMITES: Uma das
regras do bom jornalismo dita que devemos evitar
textos na primeira pessoa. Mas não resisti à
tentação de preparar essa resenha visceral, de tanto
que me identifiquei com David Owen, personagem do
filme Passando dos Limites.
Há alguns meses fui assistir a um filme no Reserva
Cultural. Para quem não mora em São Paulo, esclareço
que é um cinema moderno, localizado na Avenida
Paulista, anexo ao qual existe uma boulangerie. Sem
aperceber-me do preço do ingresso, quase caí de
costas quando cheguei à bilheteria: R$ 18
(combinemos: um valor desses para assistir a um
filme, por melhor que seja, é muita grana).
Decidi assistir ao filme mesmo assim mas, pela
primeira vez na vida, meio arrependido de tê-lo
feito. Porém, bastou a luz se apagar e a tela se
iluminar para que essa sensação ruim fosse embora. O
cinema é para mim uma paixão, uma das coisas que
fazem a vida valer a pena. O filme era sobre um
músico alemão que viajou para a Turquia para captar
os sons de músicos de rua do país. Um filme
maravilhoso, principalmente para quem gosta de
conhecer sons diferentes, como eu.
Entretanto, logo na fileira atrás da minha, havia um
sujeito que resolveu acompanhar as músicas batendo o
pé no chão, quando não na minha cadeira. Eu não sei
se sou azarado mas, nos últimos dois anos, em 99 %
das vezes em que fui ao cinema houve gente
conversando por perto, que passou o filme inteiro
comendo aquele interminável copão de pipoca ou coisa
do gênero. Meu poder de concentração é baixo e esse
tipo de situação me tira do sério a ponto de eu não
conseguir curtir o filme direito. Geralmente saio do
cinema à beira de um ataque de nervos, arrependido
de não ter tido coragem de esganar a pessoa
mal-educada com a qual tive o desprazer de conviver
durante algumas horas. Mas a sociedade civilizada
não permite que eu o faça sem que seja penalizado.
Felizmente.
Mas voltemos à minha identificação com David Owen:
Passando dos Limites parte de uma pesquisa que
relata que apenas 0,5 % dos roubos são impedidos por
conta dos alarmes instalados nos automóveis. Mesmo
assim, quase a totalidade dos carros que rodam em
Nova Iorque possui o acessório. O que torna comum
que os alarmes disparem indevidamente durante as
madrugadas. Por lei, eles precisam desligar em três
minutos. Por isso, são programados para desarmarem
automaticamente somente depois desse período.
Situação que enlouquece Owen, interpretado por Tim
Robbins.
Cansado de reclamar com as autoridades competentes,
ele decide sair pela cidade quebrando os carros com
alarmes disparados, o que evidentemente lhe causa
problemas com a justiça. Por conta dessa sua
fixação, é preso diversas vezes, perde o emprego e
também sua linda esposa (Bridget Moynahan). Mas num
episódio em que destrói o alarme de uma loja, Owen
sente a simpatia dos vizinhos e se anima a criar “O
Retificador”, personagem do qual vai se utilizar
para quebrar os autos com alarmes disparados. Logo
sua cabeça é colocada a prêmio pelo prefeito da
cidade, brilhantemente interpretado por William Hurt.
O filme é uma crítica mordaz às situações nas quais
uma linha tênue separa os direitos de cada cidadão.
Até que ponto o direito de alguém a ter um alarme no
seu carro pode interferir no de outra pessoa ao
sono, interrompido pelas sirenes indevidas? Até que
momento o direito de um cidadão a falar alto ao
celular dentro de um restaurante pode interferir no
de um outro a ter uma refeição sossegada? São
questionamentos levantados pelo diretor e roteirista
Henry Bean em Passando dos Limites, que chega às
locadoras nessa semana, lançado pela Flashstar
Filmes diretamente em DVD, sem ter passado pelos
cinemas do Brasil. Para assistir e pensar.
Ficha Técnica
Passando dos Limites (Noise - EUA – 2007 – 90 min)
Direção e roteiro: Henry Bean
Música: Phillip Johnston
Estúdio: Seven Arts/Fuller Films
Distribuição: Flashstar Filmes
Elenco: Tim Robbins, Bridget Moynahan, William Hurt,
Margarita Levieva, Gabrielle Brennan, William
Baldwin.
Filme:
Ótimo:
Bom:
Regular:
Crítico: Luis Pires - Jornalista e Crítico de Cinema -
e-mail:
lpires@uol.com.br -blog:
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