CRÍTICA - PARIS, EU TE AMO - Os
franceses não emplacaram a Torre Eiffel entre as
sete maravilhas do mundo, mas Paris é uma das
cidades mais charmosas da Europa. É dita como a
cidade dos apaixonados. Paris, Jet’Aime é composto
por 18 curtas/episódios, onde o foco é a cidade de
Paris e seus enamorados.
A pluralidade da direção que abriga entre outros,
diretores como Gus van Sant, Wes Craven, Tom Tykwer,
Alfonso Cuarón, Walter Salles e Gérard Depardieu
oferecem histórias diferentes, girando em torno de
dois temas básicos; O amor e a intolerância.
A fantasia também tem vez no mundo imaginário dos
habitantes parisienses. Seja na história do vendedor
e sua companheira asiática ou na agradável e poética
história do casal de mímicos. Poético, engraçado e
tocante, os mímicos nos conecta com a magia da
ilusão.
Vampiros estão ao lado de mulheres comuns, pessoas
solitárias e estrangeiros. Não deixa de ser
interessante os temas escolhido para se falar do
mesmo assunto: a cidade e a complexidade de seus
habitantes.
O romance tem vez na história do casal que visita o
túmulo de Oscar Wilde. O episódio dirigido por Wes
Craven é engraçado e interessante, com o amor
beirando ao ingênuo e com ótimas sacadas, como a
intromissão do escritor na história.
Relações amorosas são discutidas com densidade,
sarcasmo e certo sincretismo. Pessoas solitárias,
emoções fragmentadas, sentimentos não resolvidos,
procuras desenfreadas e a necessidade do outro
permeiam quase todas as histórias.
Atente-se para duas delas. O episódio protagonizado
por Natalie Portman e a último cena, onde vemos uma
senhora de meia idade, passeando sozinha por Paris.
Somos seu interlocutor e a simplicidade da história
faz toda a diferença para nós público, ávidos e
exauridos pelo excesso de informações e virtuosismos
na tela, seja ela de qual tamanho for. Ao nos
depararmos com a mulher que apenas deseja alguém
para dividir suas opiniões e compartilhar de seus
silêncios, estamos conectado com o mais singelo dos
sentimentos: a cumplicidade.
O romance vivido por Natalie e seu namorado cego,
nos relembra o quão é complexo as relações e a
necessidade de se fazer valer cada momento seja ele
de prazer ou conflito. Ágil e com frases certeiras,
a história comunica arriscando fugir da forma
convencional de se contar uma história.
Embora seja um filme que exalte o amor, o que mais
me chamou a atenção foram as histórias de
intolerância, protagonizadas por estrangeiros em
Paris. Você sabia que em Paris é falta de educação
encarar as pessoas? Pois é, um turista descobre isso
no metrô, quando ingenuamente observa um casal de
namorado. A babá que deixa o filho na creche e vai
cuidar do filho da elite e o negro vitima de
violência gratuita são outros exemplos de que Paris
pode não ser tão divertido para os estrangeiros.
Paris, te amo é irregular, mas interessante, são
histórias curtas que não cansam e transformam as
duas horas e algo não perceptível. A história dos
mímicos, a última história e a protagonizada por
Natalie Portamn, justifica ter o filme em casa.
Conheça Paris.
*Leia também a Resenha Crítica, Cidade Luz. Clique Aqui.
Ficha Técnica:
Paris, Eu te Amo (Paris, Je T’Aime – Alemanha/França
– 2005 – 120 min)
Direção: Olivier Assayas, Gérard Depardieu, Gurinder
Chadha, Sylvain Chomet , Joel Coen e Ethan Coen,
Isabel Coixet, Wes Craven, Alfonso Cuarón,
Christopher Doyle, Richard LaGravenese, Vincenzo
Natali, Alexander Payne, Bruno Podalydès,Walter
Salles e Daniela Thomas, Olivier Schmitz, Nobuhiro
Suwa, Tom Tykwer, Gus Van Sant, Frédéric Auburtin e
Emmanuel Benbihy.
Elenco: Steve Buscemi, Gena Rowlands, Ben Gazzara,
Natalie Portman, Maggie Gyllenhaal, Elijah Wood, Bob
Hoskins, Nick Nolte, Emily Mortimer, Willem Dafoe,
Juliette Binoche
Distribuição: Imagem Filmes
Cena do filme "Paris,
eu te amo" - Foto divulgação.