O OCTOGÉSIMO OSCAR DA HISTÓRIA:
É oficial, o octogésimo
Oscar da história da humanidade foi a alegria de
qualquer apostador, seja profissional ou algum bolão
de fim de semana. Até onde não se acreditava que a
justiça fosse feita, alí aparecia a voz do óbvio.
Se todos apostavam na vitória dos irmãos Coen,
acertaram na mosca, “Onde os Fracos Não Tem Vez”
saiu com o careca dourado de melhor filme,
acompanhado de mais três. O mais que apostável
Javier Barden levou sua estatueta para espanha como
ator coadjuvante, e a dupla de cineastas ainda
levaram mais um par de Oscars por seu roteiro
adaptado.
Na direção, ainda sairam com o prêmio, mesmo que,
nesse caso, disputando seu pário mais duro, com o
sensacional Paul Thomas Anderson e seu “Sangue
Negro”. Não que aqui resida uma injustiça, mas,
mesmo com os irmãos Coen fazendo um trabalho
narrativo sensacional, contando uma história de um
jeito único, Anderson, é o maior cineasta de sua
geração, e já foi injustiçado mais de uma vez, duas
na verdade.
Em 1997 não ganharia de James Camerom e seus
duzentos Oscars por “Titanic”, e dois anos depois de
Sam Mendes em seu “Beleza Americana”, mas seu nome
não esta nem entre os cinco pelos sensacionias
“Boggie Nights” e “Magnólia”, respectivamente,
mostra que agora, finalmente “Sangue Negro” merecia
a estatueta de diretor mais que “Os Fracos...”.
Mas talvez, premiar Anderon quebraria o Status Quo
da noite, por isso seu filme teve que se contentar
com o merecido e certo Oscar para Daniel Day Lewis e
ainda um de melhor fotografia para Robert Elswit,
outro que também já merecia um Oscar, senão pelos
seus trabalhos com o próprio Anderson, que se fariam
justificados, pelo menos pelo seu trabalho
sensacional em “Boa Noite e Boa Sorte”.
A sensação no ano, “Juno”, como era de se esperar,
não conseguiria encarar os grandões quando desse de
frente, e foi isso que aconteceu. Reitman, é muito
novinho e inexperiente para levar a estatueta por
sua comédia adolescente, com isso a certeza número
um do filme residia na ex-stripper (não adiante, sua
antiga profissão vai virar prenome) Diablo Cody, que
para continuar no clima de certezas da noite
angariou o prêmio, mercecido, isso é verdade. A
bonitinha Ellen Page, simpática e carismática, do
auge de seus 21 anos, como era de se esperar, não
levou.
Agora, se você apostou na francesa Marion Cuttilard
que se transformou na própria Edit Piaf para
encarnar a cantora em sua cinebiografia, acertou
também. E essa era mais uma máxima da academia,
“suma atrás de seu personagem que nós te damos um
Oscar”. Cuttilar não tem nada a ver com a cantora, e
a base de muita maquiagem e um trabalho corporal
impressionante, fez o que queriam e foi
recompensada.
“Piaf” ainda levou o prêmio de melhor maquiagem, ou
alguém estava esperando que a estatueta fosse para “Norbit”?
Mesmo com o veterano Ricky Baker, nunca que a
Academia imortalizaria essa tentativa errônea de
cinema com a frase “Ganhador do Oscar” em sua
capinha do DVD.
Mas quem com certeza vai poder estampar a frase em
seu DVD é o subestimado (ou injustiçado, como você
preferir) “Ultimato Bourne”. A verdade é que, mesmo,
tendo ganho em três categorias, duas muito ligadas e
deverás técnicas, edição de efeitos sonoros e
mixagem de som, é pouco para uma série que vem
obrigando os outros filme de ação a repensarem o que
querem. O terceiro prêmio, de montagem, é muito mais
que merecido, mas fica aquela impressão de que o
filme poderia ter sido lembrado um pouco mais.
Quem vem se habituado a ter sua cara estampado um
dos quadradinhos, momentos antes do “and the Oscar
goes to” é o galã George Clooney. Além de a dois
anos atrás ter ganho o Oscar de coadjuvante por “Syriana”,
no mesmo ano ainda emplacou duas indicações por seu
“Boa Noite e Boa Sorte”, nesse domingo, não ganhou,
mas além de ter “Conduta de Risco”, que ele próprio
produziu, concorrendo ao Oscar, nas principais
categorias, com ele mesmo na de ator principal,
ainda viu sobrar, talvez para única surpresa da
noite, o prêmio de atriz coadjuvante, para Tilda
Swinton, que até fez por merecer, mas deve ter
quebrado várias bancas de apostas.
No resto da noite, o que sobrou ao público foi mais
do mesmo, os números de canções indicadas separadas
por blocos, sempre chatas e poucos inspiradas, as
piadas que quase nunca podem extrapolar certos
limites, para não ofender ninguém, a Pixar ganhando
o Oscar de melhor animação, o in memorium provocando
aquela expressão de “nossa!!! Esse cara morreu”.E
para quem gosta nunca se pode esquecer do o fútil
desfile de moda das superestrelas de Hollywood, no
mais, só a, já quase costumeiro, ausência do Brasil
e o começo das apostas para o próximo ano. Alguém
falou em “Tropa de Elite”?