CRÍTICA - O SACRIFÍCIO

FILME "O SACRIFÍCIO"   
por Vinicius Vieira - vvinicius@hotmail.com 
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O SACRIFÍCIO (Foto Divulgação)

O SACRIFÍCIO

CRÍTICA - O SACRIFÍCIO: Antes de apagarem-se as luzes da sessão, tive um estalo, e pensei no que pior eu tinha visto no cinema nos últimos tempos, antes de sequer ter começado os trailers (“os extintores estão localizados em pontos estratégicos”) já tinha chegado a conclusão: o blockbuster “A Ilha” e a refilmagem “Poseidon”.
Quando as luzes voltaram a ascender anunciando o fim do filme, eu tinha uma certeza, o navio e os clones tinham tomado um coro e perdido suas presidências, “O Sacrifício” é a pior coisa que meus olhos tiveram o desprazer de ver nos últimos anos.
Refilmagem (meu Deus, outra não) do cult inglês “O Homem Espantalho” de 1973, a nova versão dirigido por Neil LaBute e estrelado por Nicolas Cage, é uma completa besteira, desinteressante, sem dizer para o que veio, repleto de furos e personagens desnecessários, 40 milhões de dólares jogados pelo ralo.
Na história, se é que tem alguma, um policial vivido por Cage, após um experiência traumática, se afasta por um tempo do emprego, e perto de voltar a ativa recebe uma carta de uma ex-namorada pedindo sua ajuda pois sua filha tinha desaparecido. Ao melhor estilo escoteiro, o policial então parte para a comunidade particular de Summersisles, e lá começa a perceber que o desaparecimento da garotinha é um pouco mais complicado.
Como se pode perceber, a história principal não deixa a desejar, mas o que poderia repetir o sucesso do original, se mostra perdido na tentativa de fazer um filme para agradar ao grande público.
Em 73, o filme mostrava um comunidade que prezava uma liberação sexual, baseada em um religião pagã, algo que chocou o público, talvez por isso agora a nova versão opte por um sociedade dominada pelas mulheres que só se preocupam com a colheita, e usam o homem apenas para fins de procriação, muito menos polêmico.
É óbvio que nessa investigação o policial acaba descobrindo que há muito mais coisa por trás dessa fachada, e o roteiro peca em não surpreender ninguém nesse caminho, tudo é meio sem graça, arrastado, além parece esquecer de criar um clima que um filme desse tipo necessita, teimando em criar situações na cabeça do protagonista que não acrescentam nada ao desenvolvimento da história, você não sente um clima de mistério rondando nada e é capaz de até adivinhar o que vem na próxima cena.
Não se enganem pelo clima imposto pelo trailer, nada de aparições fantasmagóricas, vá lá uma sombrinha correndo aqui outra ali, e o protagonista, burramente, indo sempre para o lado errado.
Mas o que assusta realmente no filme é o como você se sente idiota vendo ele, a alergia a abelhas é uma piada, qual o probabilidade do protagonista ter essa alergia e se meter em uma ilha que tem como um dos principais produtos a produção de mel, é óbvio que uma hora ou outro ele vai parar no meio das colméias e ter problemas.
E isso é só a ponta do iceberg, o roteiro ainda teima em povoar o filme com situações e personagens totalmente desnecessários.
Em certo ponto do filme o protagonista salva um morador da ilha de uma avalanche de toras, para depois.... para depois nada, ele sobe em sua bicicleta e vai embora. Em outro momento ele acorda em seu quarto e escuta uma reunião a respeito de uma tal vinda do Homem de Palha, vai dar uma olhada e vê duas velhas cegas e gêmeas, com uma aparência assustadora, que mais tarde....nada esbarra com elas mais tarde no filme só.
E como que ele não fica interessado em um papo tão esquisito quanto a chegado do Homem de Palha? Ele simplesmente ignora a informação e continua sua investigação.
A existência de gêmeas na ilha para todo lado é outro ponto que me incomodou, tudo bem é até explicado, mas do jeito que é mostrado um par de gêmeas em cada frame do filme, você espera alguma situação, mas o que acontece é só isso mesmo, um monte de gêmeos esbarrando pela tela.
Até o tal acidente no inicio do filme você acha que vai ter alguma influencia na história, mas é totalmente esquecido, isso por que o roteiro logo depois do mesmo, deixa claro que o policial está obcecado por ele, e pelas vítimas, mas ao primeiro sinal, deixa o assunto para traz e fica só lembrando dele.
Eu não gosto do Nicolas Cage, acho que ele faz muito mais besteiras que ótimos trabalhos (quando os faz é perfeito, isso se deve falar), e nesse seu novo filme eu cheguei até a gostar de sua atuação, sutil, criando um personagem até certo ponto complexo, mas diante do resto pútrido do filme ele vai para o mesmo buraco, o mesmo se pode falar da veterana Ellen Burstyn, que aparece como a líder da comunidade, tão supérflua quanto todo resto, uma pena.
“O Sacrifício” só acerta em um ponto, no nome, realmente é um sacrifício vê-lo até o final.

Título Original: The Wicker Man
Gênero: Suspense
Duração: 102 min.
Ano: 2006
Distribuidora: Warner Bros. Pictures/California Filmes
Direção e Roteiro: Neil LaBute 


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Crítico: Vinicius Vieira - Jornalista - vvinicius@hotmail.com

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