CRÍTICA - MOTOQUEIROS SELVAGENS:
Se o filme de terror tem
como principal objetivo assustar as platéias dos
cinemas e os dramas para emocionar, as comédias,
nessa lógica, são feitas para provocar risos. Tendo
isso em mente, “Motoqueiros Selvagens” alcança seu
objetivo muito bem, e te propicia 90 minutos de
muitas gargalhadas.
Dirigido por Walt Becker, que recentemente fez
sucesso com “O Dono da Festa” (por aqui nem tanto,
mas nos Estados Unidos teve ótimos números e até
recentemente ganhou uma seqüência), não faz questão
de apresentar nada de muito novo, e usa do arroz com
feijão para fazer um filme que se preocupa em fazer
graça sem ofender ninguém (coisa que parece estar
virando moda), leve e muito divertido.
No filme, Doug (Tin Allen), dentista e pai de
família preocupado com seu colesterol, Woody (John
Travolta), bem sucedido, casado com a modelo
gostosona, Bobby (Martin Lawrence) dominado pela
esposa e Dudley (Willian H. Macy) nerd de
carteirinha, sem vida social fora dos computadores,
são quatro amigos quarentões que resumem suas
aventuras a uma vez por semana colocarem suas
jaquetas de couro subirem em suas motos e irem
juntos a um bar tomarem cerveja como verdadeiros
motoqueiros selvagens, emblema costurado por uma das
esposas em suas jaquetas para criar a “gangue”
deles, muito aquém de seus tempos de juventude.
Tentando sair da rotina, os quatro resolvem então
sair em uma viagem de motocicleta para cruzar o
país, ao melhor estilo “Sem Destino”, indo para onde
o vento levar, até a hora que dão de cara com uma
verdadeira gangue de motoqueiros e acabam sendo
perseguidos por eles.
A grande sacada do roteiro escrita por Brad Copeland
(que trabalhou na TV nas ótimas séries “Arrested
Development” e “My Name is Earl”) é não bater na
tecla “estamos muito velhos para isso”, pelo
contrário, criar personagens que, até ridiculamente,
acham que estão até novos demais, e acabam se
metendo nas maiores enrascadas.
Com um humor que, além de ser cheio de citações e
homenagens a outros filmes, consegue explorar bem as
personalidades de cada personagem, os aproximando do
público, o filme provavelmente vai agradar melhor um
público mais experiente e masculino, mas não deixará
ninguém de fora, quem não rir por se encaixar, vai
rir simplesmente por ser um filme muito engraçado.
E grande parte dessa graça, com certeza vem do
elenco afiado, que juntos não são uma maravilha de
química, mas separados funcionam muito bem. Mesmo
com Willian H. Macy ficando com as melhores piadas,
John Travolta faz um ótimo trabalho e se destaca,
sem se levar a sério, o astro é sutil, irônico, e
parece estar levando a sério as situações mais
absurdas, talvez por ser o único dos quatro que não
é comediante por natureza.
Destaque ainda para os ótimos Ray Liotta, na pele do
chefe da gangue de motoqueiros, que parece não se
preocupar em ser caricatural, e John C. McGinley (da
série “Scrubs”) que persegue os quatro Motoqueiros
Selvagens com o intuito um tanto quanto amoroso.
Mesmo com um final correto, sem muitas surpresas,
ele vale o ingresso pela participação especialíssima
da lenda Peter Fonda e a seqüência dos créditos que
conta com a participação do reality-show Extreme
Make Over (série mãe do quadro “Lar Doce Lar” do
programa Caldeirão do Huck), não deixando ninguém
sair decepcionado da sessão do cinema.
“Motoqueiros Selvagens” é filme até certo ponto
totalmente descartável, mas que agrada em cheio o
público que está cansado de flatulências e
deformidades das comédias que vem aparecendo por aí.
Título Original: Wild Hogs Gênero: Comédia Duração: 99 min. Ano: EUA - 2007 Distribuidoras: Touchstone Pictures/Buena
Vista International Direção: Walt Becker
Roteiro: Brad Copeland Site Oficial: www.wildhogsmovie.com