RESENHA CRÍTICA
"MONSTRO DE QUATRO OLHOS"
por Rodolfo Lima -
Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail:
dicaspravaler@yahoo.com.br
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MONSTRO DE QUATRO OLHOS - Foto Divulgação
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CRÍTICA - MONSTRO DE QUATRO OLHOS - O
Cinesesc abrigou a Mostra de Cinema Mundial,
intitulada Indie, que em Belo Horizonte está em sua
7° edição e que chega a São Paulo pela primeira vez.
Filmes alternativos e independentes de 10 paises
foram selecionados pelos curadores da Zeta Filmes
para os paulistanos – que não podem reclamar da
diversidade cinematográfica disponível na cidade.
Pude conferir o coreano Conto de Cinema, o chinês
Oriente Desperdiçado e os americanos Quarto 314 e
Monstros de Quatro Olhos (Four – Eyed Monsters).
Este último é o motivo da minha resenha. O filme de
Arin Crumley e Susan Bruce é uma divertida, crua e
contemporânea comédia sobre o esfacelamento das
relações atuais.
Longe do amor idealizado, afeitos a modismo como
chats, agências de encontros e afins percebemos o
quanto estamos reféns da própria tecnologia que
segregou ainda mais as pessoas e as tornaram
submissas de uma expectativa que parece não ser
suprida nunca: a busca pelo parceiro ideal.
Monstro de Quatro olhos trata dos casais que andam
por ai com seus 8 membros, duas faces, duas bocas e
quatro olhos a rir de nós (solteiros). Aristófanes
defendia a origem do amor a partir do conceito dos
seres andróginos e redondos, possuidores dos dois
sexos e completos em relação ao amor. Já que juntos
aliavam as três possibilidades de sexo: o masculino,
o feminino e o andrógino. Ao se sentirem mais
poderosos que os deuses, esses seres robustos foram
cortados ao meio por Zeus, para assim torná-los
fracos. Mutilados e incompletos os seres passaram a
procurar incansavelmente suas metades
correspondentes. Vem daí o titulo do filme?
Filme dividido em três partes intercala uma possível
história de amor, a depoimentos – o que dá uma cara
de suposto documentário - de pessoas a cerca de suas
expectativas em relação ao amor e subverte a ordem
lógica do filme ao supor se tratar de um filme
dentro de outro. Tudo para deixar mais fragmentado
as possíveis suposições concretas sobre o amor.
Ele é vídeo-maker, que vive fazendo vídeos de
casamento, documentando o amor dos outros. Que
prefere controlar suas emoções, para não perder o
foco. Que nunca fez sexo mais de uma vez com a mesma
pessoa. Ela é uma atriz na teoria e uma garçonete na
prática, se sente uma heroína trágica ao perseguir
sua carreira artística e se arrastar pelos dias
afora.
Ao se conhecerem na internet resolvem se encontrar,
mas não irão usar a palavra. Tentam assim fugir dos
riscos e das traições presente no discurso
verborrágico e nos possíveis enganos que rodeiam o
mundo calcado nas afirmações.
A paranóia das doenças sexualmente transmissíveis, a
falta de auto-estima, a carência afetiva, as
angustias do artista em busca de espaço, a dificil
arte de agradar o outro, a insensibilidade alheia e
a inevitável busca pela outra metade estão presentes
de forma despretensiosa no filme de Susan e Arin.
Passou na edição de 2005 do festival e ganhou uma
única sessão no último dia da mostra. Uma pena. È o
tipo de filme que merece ser caçado na internet e
assistido para que questionemos os rumos que as
relações amorosas estão tomando.
O filme pode não ser um primor tecnicamente falando,
mas dialoga com seu público, diverte, é moderno e
não soa arrogante e nem tendencioso. È apenas a
visão de dois jovens sobre suas angústias e
procuras. Se der para baixar na internet, faça-o,
você não vai se arrepender.
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Crítico: Rodolfo Lima
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