CRÍTICA - MÁ EDUCAÇÃO:
A estória na estória, um filme dentro de um filme,
contados em três décadas: anos 60/70 e 80.
Denúncia, pedofilia, homossexualismo, erotismo, cor,
abandono, liberdade, conformismo, engano, ambição,
amor, traição e muito mais. Confuso? Não. Realidade
de uma Espanha camuflada atrás do véu sacro da
igreja católica e de uma sociedade hipócrita que
marginaliza e abandona seus filhos. Eu diria que é
mais que isso, que vai outra a bela Espanha de
Almódovar. É um problema de todos nós, filhos dessa
terra.
E o que Pedro Almódovar revela nessa película feita
de homens, mas que eles por si só não basta. Não
basta a sociedade machista; falta o espírito materno
que acolhe, amamenta e protege seus filhos.
A película tem como protagonista duas crianças
Inacio e Henrique, internos em um colégio cujo Padre
Manolo é diretor e professor de literatura. As
crianças se apaixonam, inocentes e delicadamente
afetuosas, cercam sustento um no outro, na
descoberta de emoções e sentimentos desconhecidos.
Padre Monolo, vendo em Henrique um obstáculo que o
impede de possuir o objeto do seu desejo, o expulsa
do colégio e faz valer o seu amor obsceno, leviano e
doente, abusando sexualmente de Inacio.
Os três se reencontram nos anos 70, e depois
novamente nos anos 80, as duas crianças agora já
adultas.
Henrique é um renomado diretor de cinema e um
desconhecido o procura, se diz Inacio e trás consigo
um roteiro baseado na infância vivida naquele
colégio interno. Inacio propõe a Henrique de fazer o
filme e o quer protagonizá-lo. Henrique, perturbado
com o reencontro, mergulha no passado, descobrindo
logo em seguida que Inacio é morto e que o homem que
se diz Inacio é na realidade o seu irmão.
Fascinado pelo desconhecido, Henrique decide fazer o
filme nas condições que o impostor/irmão de Inacio
quer. Os dois se tornam amantes, até que, atraído
pela produção do filme que conta a triste estória
que os liga, Padre Manolo reaparece e revela a
Henrique o segredo por trás da morte de Inacio.
O filme sofre várias mutações. Homens que se tornam
mulheres, personagens que duplicam identidade,
restando amantes dos antigos amantes pra vingar-se
deles, se matam, se amam. Homens sem escrúpulos,
escravos dos seus desejos.
Com esse filme, Almodóvar corajosamente reafirma e
firma o seu repúdio contra o silêncio dos que se
consideram alheios as violências sofridas por
inocentes. Violências essas que transformam e
penalizam.
Título Original: La Mala Educación
Gênero: Drama
Duração: 105 min.
Ano: Espanha - 2004
Distribuição: Sony Pictures Classics / 20th
Century Fox
Direção e Roteiro: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar
Fotografia: José Luis Alcaine
Música: Alberto Iglesias
FILME:
Ótimo:
Bom:
Regular:
Crítica: Mirian
Guanais é colaboradora, crítica de cinema, roteirista e
correspondente do Portal Cranik na Itália. e-mail:
miguanais@yahoo.it
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