a


Procure sua resenha crítica, filmografia ou sinopse pelo nome inicial do filme,  ator ou atriz

( #-A-B-C-D-E-F-G-H-I-J-K-L-M-N-O-P-Q-R-S-T-U-V-W-X-Y-Z )

 

RESENHA CRÍTICA DO FILME "JEAN CHARLES"   
por Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br
Clique Aqui e conheça a Equipe Cranik


JEAN CHARLES  -  (Foto Divulgação)

CRÍTICA - JEAN CHARLES -  Em épocas onde imobilizar nosso inimigo não basta, é preciso aniquilá-lo, como se assim fossemos ilusoriamente imunes aos males da vida, a lei do retorno, se faz presente em cada atitude impensada, infundada e impulsiva de violência, que a cada dia só faz aumentar as estatísticas de crimes, que poderiam ter sido evitados. “Jean Charles” vem para corroborar com a paranóia nossa de cada dia, além de expor sem meias palavras nosso desamparo no mundo.
O caso de Jean Charles morto em 2005 equivocadamente pela policia britânica no metrô, expõe o sonho de muitos imigrantes de obter sucesso, convertidos em valores financeiros, numa terra estrangeira, além de expor a fragilidade de sistemas públicos como o de segurança. O mundo está tão violento que primeiro se atira para depois se perguntar algo. No caso de Jean Charles brutalmente e covardemente assassinado, as palavras não lhe serviriam para nada.
O filme de Henrique Goldman cumpre a função de retratar a vida do brasileiro comum que vai para o exterior a procura de melhorias financeiras, que dá um jeitinho brasileiro a tudo que encontra pela frente e que se vê indefeso e inseguro, diante de tanta adversidade e descaso alheio.
O valor de R$ 60 mil reais que a família de Jean Charles recebeu logo após o corpo do filho retornar para a cidade natal de Gonzales em Minas Gerais parece pouco para estancar a dor da morte. Mas sempre me pergunto: a dor da perda pode ser comprada, suprida, ou mesmo abafada com algo material? As pessoas, os prejudicados com a morte alheia sempre esnobam os valores recebidos. Obviamente não há valores que pague a saudade, a falta e a necessidade do outro. Mas o que faz além de se calar? E sem falsos moralismos, porque não aceitar o dinheiro e prosseguir?
Três anos após sua morte, nada foi efetivamente feito. Os policiais não foram condenados e o caso permanece sem esclarecimentos. O que poderia ser um resultado aceitável? Os policiais que atiraram apodrecerem na cadeia? Serem banidos de seu trabalho? Acho uma questão muito delicada, que o filme não se furta de sugerir, embora não fomente a discussão sobre.
O filme também é sobre um cidadão comum, mediano, jovem, esperançoso, que na rotina do di-a-dia quer tirar proveito, se divertir, construir um futuro melhor. “Jean Charles” se apega muito mais na realidade dos imigrantes, para fazer um sutil retrato sobre os brasileiros que vivem longe de suas famílias, ou de sua terra.
A complexidade de tal experiência é exposta na personagem da prima interpretada pela atriz Vanessa Jácomo que após a experiência com a morte do primo, não sabe mais caber em si mesma. Cai no mundo atrás de respostas para a grande questão que é: o que significa viver? O foco do filme e da cena final em tal personagem reforça essa leitura, que não deixa de ser uma opção sufocante, utópica.
Como escapar de nos mesmos sem sair do lugar?

Ficha Técnica
Título Original: Jean Charles
Gênero: Drama
Duração: 90 min.
Ano: Inglaterra / Brasil: 2009
Estúdio: Mango Films / Já Filmes
Distribuidora: Imagem Filmes
Direção: Henrique Goldman
Roteiro: Marcelo Starobinas e Henrique Goldman

  

FILME:

Ótimo: 
Bom:   
Regular:

Crítico: Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema - e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br

Indique esta matéria para um amigo!


 


© Cranik - JEAN CHARLES