CRÍTICA - IRINA PALM - Maggie é uma
viúva cinquentona aparentemente sem a menor função.
Vive entre as amigas fúteis e burguesas, o filho, o
neto e a nora, com quem não se dá bem. A grande
questão do filme é a forma como Maggie ajuda o neto
a se recuperar de uma doença a principio incurável.
É considerada velha para conseguir um trabalho
formal, não possui amigos para recorrer e nem
crédito no banco para um empréstimo, já que a casa –
seu único bem – já foi vendido para o tratamento do
neto.
O último recurso oferecido pelo hospital para o
tratamento do garoto é uma viagem para a Austrália.
A família não tem recursos para manter-se lá durante
o tratamento do pequeno Ollie. A vida de Maggie muda
quando passa a ser funcionária da Sexy World, um
prostíbulo.
O serviço da protagonista é masturbar os clientes,
através de um buraco no qual os homens colocam seu
membro. Irina Palm é seu nome de guerra, o nome que
arrecada as 6 mil libras suficientes para manter a
família longe de casa durante a recuperação do neto.
O fato da mãe que se sacrifica em nome do filho –
aqui no caso do neto – não é um argumento novo e já
foi explorado e polemizado no inesquecível “Dançando
no Escuro” do dinamarquês Lars Von Trier. Irina Palm
não é pesado e fatalista como o filme de Trier,
muito pelo contrário, Maggie descobre outro rumo na
sua vida, apesar do moralismo e do machismo da
sociedade.
A velha desajeitada – como a protagonista se define
- vira a sensação do clube, graças as suas mãos de
veludo. A personagem é humanizada e apesar do
roteiro oferecer dois momentos onde é humilhada,
Maggie/Irina se dá por satisfeita ao se sentir
segura de si e da sua função. Seu final é feliz, mas
não antes de se deparar com seus próprios fantasmas.
Um deles, quando o filho se depara com a personagem
da mãe.
Irina Palm é tocante e singelo e expõe mais uma vez
a capacidade da mulher de superar seus próprios
obstáculos em prol do outro. Maggie encontra no
submundo da prostituição a força que faltava para
enfrentar de peito aberto tudo e todos que lhe
oprimia. Com uma atuação contida e cativante,
Marianne Faithfull se torna marcante com seu rosto
expressivo e tristonho.