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RESENHA CRÍTICA "HARRY POTTER E A ORDEM DA FÊNIX"   
por Vinicius Vieira - vvinicius@hotmail.com 
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HARRY POTTER E A ORDEM DA FÊNIX - (Foto Divulgação)

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HARRY POTTER E A ORDEM DA FÊNIX - É sempre mais fácil escrever mal do que bem de um filme, ainda mais diante de um declínio intelectual evidente do grande cinema de Hollywood, por isso, quando se dá de cara com um filme como “Harry Potter e a Ordem da Fênix” você ainda luta contra a idéia dele ter pouquíssimos defeitos, e no final das contas ser um exemplo raro de um cinema que dá certo, tecnicamente impecável e que te faz sair dele completamente satisfeito com o que acabou de ver.

Para quem estava em algum tipo de criogenia, e saiu dela só esses dias, Harry Potter é a adaptação de uma série de sete livros escrita pela inglesa J.K. Rowling, que se tornou o maior fenômeno literário dos últimos 30 anos, mostrando a vida do personagem título em sua passagem pela escola formatória de bruxos em Hogwarts (com cada livro mostrando um ano letivo dessa escola). Nessa saga, Potter ao mesmo tempo tem que sobreviver a sua adolescência e ao malévolo Lorde Valdmort, que já matou sua família anos atrás e agora vai atrás dele.

A Ordem da Fênix é a quinta adaptação e provavelmente o primeiro passo para o fim dessa história, onde o bruxinho, tendo acabado de passar por seu primeiro embate físico com o vilão, mais do que nunca está sozinho nesse mundo, desacreditado pela maioria que acha que a volta de Valdmort é apenas uma sandice de sua parte, ao mesmo tempo em que começa a colocar em cheque sua liderança e para onde vão levá-lo seus próximos passos.

Para esse capitulo, que é certamente a história mais adulta até agora, foi chamado o diretor inglês David Yates, que tem uma vasta experiência na TV britânica, sempre em projetos densos e políticos, e aí começam os acertos da produção.

Do mesmo jeito que Alfonso Cuáron mostrou que a série de filmes poderia ser levada mais a sério em todos os sentidos, e que no final das contas o mundo dos livros não era tão coloridinho e animado quanto parecia, Yates agora vem para mostrar que aquele menininho com óculos e cara de bobo, cresceu e esta se tornando um homem, com um problema grande nas mãos.

Sentado em um parque sozinho, acompanhado de dois balanços ao vento, Potter discute com seu primo, e depois de quase atacá-lo com magia, acabam indo se abrigar de uma sinistra chuva embaixo de uma ponte escura, onde são violentamente atacados por dementores (uma espécie de espectro do anel), Potter consegue vencer um deles e por pouco não acaba vendo seu primo passar dessa para melhor.

É exatamente essa seqüência inicial que dita todo o tom do filme, Yates mostra um Potter sozinho, que nesse momento está entre dois mundos, renegado por ambos, onde uma tempestade está se aproximando e ele verá as pessoas próximas a ele se ferirem nesse embate, tudo isso diante de uma câmera que parece saber exatamente onde estar, quase documentando o real, ao mesmo tempo repleta de estilo, vide a fuga dos dementores ao seu final.

O diretor consegue ainda fazer isso o resto do filme inteiro, com belas composições de cena, ao mesmo tempo em que mostra um ótimo estilo de movimentação de câmera quando a ação chama. Yates parece não se preocupar em fazer um filme para os fãs do livro (nem dos filmes anteriores), se contendo na maioria dos 138 minutos a desenvolver os personagens e toda a trama, claramente usando planos longos para dar mais credibilidade a tudo aquilo.

Yates faz um filme quase político, onde o poder do Ministério da Magia se mostra presente e muito mais influente que nos outros filmes, pela primeira vez entrando pelas portas de Hogwarts, na figura de Dolores Umbridge, mas tudo isso para um final apoteótico que já faz valer o ingresso do cinema.

Graças a um ótimo roteiro de Michael Goldenberg (que escreveu “Contato” e “Peter Pan”), o diretor tem uma ótima cama para fazer o filme, mesmo se mostrando um pouco apressado em seu começo, bombardeando o espectador com um grande numero de informações e referencias claras para o futuro da série, nos dois atos finais faz um ótimo trabalho, conciso e ágil, não perdendo em nenhum momento o ritmo do filme.

Mas talvez o que mais resume as qualidades do filme seja a presença de Imelda Staton no papel da subsecretária do Ministério da Magia Dolores Umbridge, que é indicada para um cargo em Hogwarts para colocar a escola (e principalmente Potter) na linha. Com uma combinação de uma ótima direção, um roteiro hábil, uma estupenda direção de arte e, é claro, uma grande atuação, criam o personagem mais bem desenvolvido da série.
A cada momento que a personagem aparece, desde sua primeira opinião no julgamento do bruxinho, você vai criando uma pessoa maquiavélica, déspota e cruel dentro de uma roupinha engomada rosa, cercada de gatos.

Do mesmo jeito que o diretor e o roteirista, na primeira aula dela demonstram claramente o que ela pretende fazer com a escola, quando ela queima em pleno vôo um meigo e suave passarinho de papel que plana pelo recinto, o deixando em cinzas e no chão, ainda deixando claro que com ela, a “magia” de tudo acaba, o designer de produção (responsável pela "cara" das coisas no filme) Stuart Craig, que já vinha fazendo um ótimo trabalho nos outros filmes da série (além de seus três Oscars® no currículo), compõe visualmente a personagem, e principalmente sua sala, de modo que toda aquela maldade venha dentro de uma senhora que inspiraria toda confiança do mundo, em um mundo rosa com uma trilha sonora feita por meigos felinos.

"Harry Potter e a Ordem da Fênix" só tem um problema, que só pula aos olhos graças aos orcs, macacos gigantes, robôs e heróis de quadrinhos dos últimos tempos nos cinemas, que regularam o uso de CGI (imagens geradas por computador) tão no alto, que o gigante e os centauros (esses claramente no escuro de vergonha) ficam parecendo rabiscos de pré-produção, e que só não influenciam no todo final dos efeitos especiais graças a seqüência final, que consegue usar na medida os efeitos que ela pede. Nesses tempos de continuações, o quinto filme do bruxinho mostra que o que temos pela frente, provavelmente vai fechar com chave de ouro uma franquia que começou fraca mais que foi tomando forma, e se não encontrou seu ápice cinematográfico está muito perto disso.

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Créditos: Warner Bros. Pictures - Foto Divulgação.

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Crítico: Vinicius Vieira - Jornalista - vvinicius@hotmail.com        

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