CRÍTICA - SPEED RACER - É bom que se
diga que de HQs e cartoons eu não entendo nada.
Desconhecia a série Speed Racer criada nos anos 60's
pelo japonês Tatsuo Yoshida e seus 52 episódios que
são cultuados desde então. Também fui daquelas
crianças que cresceram sem o auxilio do vídeo game,
embora sempre fosse fascinado por jogos de carros –
em alta velocidade, de preferência.
Resgatei a criança perdida dentro de mim e fui com
ela ao cinema ver o novo filme dos irmãos Wachowski
(da trilogia Matrix). Claro que para minha porção
infantil não importa quem dirige, quem faz, ou nomes
no crédito final, e sim a emoção proporcionada.
Há de se ressaltar que o “garotinho” em questão
ficou encantado com o visual colorido e
“retrô-futurista” (ele leu no jornal a expressão).
Muito azul, rosa, roxo, vermelho, muita tonalidade
de cores vivas, para relatar a história de Speed e
sua família.
Emocionado no final da sessão o “garotinho” saiu
nostálgico do cinema pensando: as coisas são tão
difíceis, mas porque não podem acabar bem no final?
Speed (Emile Hirsch) - outro garotinho – fã
incondicional do irmão, corredor de carros, resolve,
depois de alguns anos, assumir o posto do irmão que
morreu tragicamente. Vindo de uma família
tradicional e lendária – seu pai era o construtor
dos carros do filho falecido – nada mais natural que
seguir os rastros deixados.
Nem todos tem uma família como a de Speed. Até
porque não podemos andar com macacos de estimação. O
Zequinha (como é chamado) é parceiro de gorducho, o
caçula da família. Susan Sarandon e John Goodman,
respectivamente mãe e pai, são o alicerce de uma
família construída a base de afeto, tolerância e
cumplicidade. Onde um está, todos deverão estar,
mesmo que descordando.
Os momentos de Speed com a mãe e depois com o pai,
durante o decorrer do filme só reforçam o espírito
família do filme. “Drama Doméstico” (outro termo que
o garotinho leu no jornal) é assim que é enquadrado
o filme Speed Racer.
Vencer os desafios e os inimigos a frente dos nossos
pretensos ideais não é fácil. Não ceder as tentações
de enveredar para um caminho menos trabalhoso... nem
se fala. O primeiro desafio do protagonista é
justamente bater de frente com o mundo globalizado e
seus marginalizados comparsas.
Em se tratando de corridas de carros, o mundo dos
negócios é tão importante como o esportista. Porém
sabemos que há muita lama por trás dos Grand Prix
mundo a fora. Não por nada, apenas porque hoje me
dia nada é feito sem visar lucros, interesses
pessoais.
Ás duas horas de filme te transportará para um mundo
ficcional, muito próximo ao do próprio vídeo game.
Animação pura, as cenas de corrida são tão “reais” e
perigosamente excitantes, que é uma pena não haver
uma caverna maldita para você se aventurar com seu
carro. No mundo de Racer, os carros voam, as pistas
de corridas são gigantescas e por vezes surreais.
A aventura empreendida pelo bom moço da vez resvala
na cartilha do “bom cristão”, mas isso não é nenhum
demérito. O filme é engraçado, interessante,
emocionante e por que não bonito.
Plasticamente é bem bonito. Há tempos não via tanta
cor inundando a tela. Uma das primeiras seqüências
do filme que mostra Speed na escola, imaginando-se
dentro de um carro é tão ingênua que é quase
impossível não se identificar. Afinal qual garoto
nunca se imaginou dentro de um carro, fingindo
dirigir?
Enquanto tentava raciocinar friamente sobre o filme,
o “garotinho” dentro, ops!, ao meu lado, só mandava
eu ficar quieto e aproveitar a história. Divirta-se
ele dizia.
Speed Racer é para ser visto no cinema com toda a
magia que a tela grande proporciona. É uma saborosa,
ilusória e necessária fuga da realidade. Tão bem
feita, que é uma pena não ser real.
Será que algum dia será?
Título Original: Speed Racer
Gênero: Aventura
Duração: 135 min.
Ano: EUA - 2008
Distribuidora: Warner Bros.
Direção: Andy Wachowski e Larry Wachowski
Roteiro: Andy Wachowski e Larry Wachowski, baseado
em série de TV criada por Tatsuo Yoshida