CRÍTICA - SEX AND THE CITY - O FILME -
“Aos 20 anos você curte, aos 30 você aprende e aos
40 você paga o café”, está é uma das frases da
“filosofa” das mulheres modernas, a escritora Carrie
Bradshaw(Sarah Jéssica Parker). Mas conhecida como a
apaixonada pelo Mr. Big, que tem três amigas
(Charlotte, Miranda e Samantha) com problemas
contemporâneos e que juntas traçam um perfil do que
vem a ser os anseios da nova mulher, surgida a
partir dos anos 90.
Não havia como escapar da versão “filme”, de uma das
mais rentáveis e bem sucedidas serie da TV
americana. “Sex And The City - o Filme” dá
continuidade aos dramas e aventuras vividos pelas
quatro inseparáveis amigas. Parece um episódio
estendido? Sim.
Mas quem vai ao cinema ver tal produto, não está
preocupado com isso. Quer é mais se divertir, rir e
falar alto no meio da projeção. Se você pegar uma
dessas sessões no Cinemark ou mesmo no começo da
noite, numa quarta-feira qualquer, a interação do
público com o filme é certa. Não reclame, é quase
impossível não reagir aos “conflitos” – e ao
modelitos usado, caso você que me lê seja mulher ou
gay - vivenciado pelo quarteto. E você mesmo vai se
pegar comentando algo. Tente não falar nada quando
Carrie se deparar com seu novo closet.
Estava eu lá sentado na platéia. Fã da desbocada
Samantha Jones (Kim Cattrall), a cinquentona, louca
por sexo, com frases picantes na ponta da língua
para nos fazer rir ou chocar as/os mais
conservadora(o)s. Não sou fanático pela série mais
seu estilo descolado “de ser” me chama a atenção.
Estou na fase que – como ensina Carrie – você
aprende. Mas não aprendi nada com o filme. Ri, me
emocionei (confesso, vi na véspera do dia dos
namorados, abraçado a meio litro de Milkshake de
Ovomaltine do Bobs. Dêem um desconto.) e torci pela
mocinha – obviamente. Mas aprender... Talvez que o
amor não é lógico, é apenas amor e pronto. Como bom
virginiano racional e metódico, aceitar tal frase
sem argumentar é um progresso.
A diferenciação de idade que Carrie faz, também pode
ser usada para comentar o filme. Se você tiver na
casa dos 20 e alguns anos. O filme lhe oferecerá
modelos de roupas descoladas, música pop e uma
identificação imediata com a nova assistente da
protagonista vivida por Jennifer Hudson. Afinal aos
20 e alguns anos, tudo o que uma garota quer é amor,
uma viagem para Nova York e um vestido de noiva.
Correto? Se você for fã da série...
Aos 30 anos a cena em que Carrie é largada no altar
vai fazer com que você se identifique e sofra junto
com a mocinha. Afinal ter passado dos 30, não
casado, não ter filhos e nem uma relação estável,
faz com que a mulher – ainda – seja vista como uma
solteirona, aquela que ficou para a titia. Como se
todas as mulheres devessem parir filhos e casar com
homens – errados?- aos 20 e alguns anos.
Quarentona é aquela mulher que paga o café, o cinema
e o motel. Que não tem esperanças, mas que banca a
descolada, afinal ainda dá no caldo, e algumas são
bem “enxutas”. Se você se incluir nesta categoria, o
filme servirá para umas boas risadas, obviamente que
com Samatha.
“Sex And The City” funciona e diverte, com algumas
ressalvas. Chega a ser feminista a postura de
Miranda (Cynthia Nixon) que não faz sexo com o
marido há seis meses e não aceita que o mesmo “pule
a cerca”, mesmo que este implore seu perdão. Miranda
é e sempre foi uma “chata de galocha” (como diz
minha mãe). A workalolic da turma pode deixar o
parceiro em jejum, mas este não pode procurar fora
do casamento o que lhe falta. Essa retratação do
macho submisso e arrependido não acrescenta em nada,
nem para o filme, nem para a discussão dos papéis de
gênero que tanto o filme gosta. Torna o suposto
conflito maniqueísta, já que os outros homens da
série/filme retratam outras possíveis facetas do
“cafajeste moderno”.
A bobinha da Charlotte (Kristin Davis) continua lá,
com seu ar de princesa alienada e confusa, pronta a
socorrer as amigas. Sua filha é linda, seu marido –
não tão lindo – é gentil e carinhoso, e lhe dá
estabilidade, segurança e conforto, que mais uma
mulher quer?
O filme é centrado no tão esperado casamento de
Carrie com Mr. Big. Carrie se mostra insensível e
egoísta ao ignorar os anseios e inseguranças do
amado, para que isso justifique que ele a largue no
altar. Ele não parece ter dúvidas no inicio do
filme, quando prontamente aceita se casar, algo que
negou veemente em vários episódios da série. Assumir
Carrie como sua mulher oficialmente, parecia algo
impossível de acontecer.
Resta a Samantha Jones a novidade. A mais fogosa,
moderna e pratica das amigas, se vê em uma crise de
consciência, quando deseja o vizinho, porém não tem
coragem de concretizar a traição. Para quem na
maioria das vezes trata o sexo oposto como objeto,
acabar como a típica mulherzinha sentimental que
passa o dia - como uma rica e fútil burguesa, é bom
ressaltar - a espera do marido não combina em nada
com seu histórico nas seis temporadas da série . O
diálogo que Samantha tem com o marido é o mais
bonito do filme.
Podemos amar nosso semelhante, mas temos que nos
amar primeiro. Se a relação não é mais prazerosa,
devemos cair fora e ir em busca do que nos dá
prazer, sendo ético e integro com o outro, assim
como gostaríamos que fossem conosco. Nos ensina
Samantha.
Ops! Será que eu aprendi algo?
Título Original: Sex and the City
Gênero: Comédia Romântica
Duração: 148 min.
Ano: EUA - 2008
Site Oficial:
www.sexandthecitymovie.com
Distribuidora: PlayArte
Direção: Michael Patrick King
Roteiro: Michael Patrick King, baseado em
personagens do livro de Candace Bushnell