CRÍTICA - QUEBRANDO REGRAS:
“Quebrando Regras” faz
qualquer outra coisa, menos o que a tradução do
título para o Brasil se dispõe. Durante todo tempo,
a única impressão que se tem é de estar vendo um
grande amontoado de filmes fundidos, que resultam em
uma experiência que não incomoda, mas se mostra
absolutamente descartável.
O que não o torna traumático, é o uso exagerado de
todo e qualquer clichê do gênero. Não incomoda
porque eles existem em sua essência única e
exclusivamente, para compor uma narrativa. Torná-los
coerentes entre si é o que difere um filme mais ou
menos de um ruim. O bom extrapola, pelo menos um
pouco, essas regras (ou clichê!), o que não é esse
caso.
Jeff Wadlow, do normalzinho “Cry Wolf”, resolve
fazer com Karatê Kid, o que gerações de cineastas
vem fazendo com “Romeu e Julieta”, sua visão de um
clássico. Sem nenhum exagero mesmo, com o mocinho
que chega na cidade, se apaixona pela namorada do
vilão, apanha dele e acaba procurando ajuda nas
artes marciais para se vingar, mas que, no fim,
acaba descobrindo que a vingança não é sadia e blá,
blá, blá... Substitua o senhor Miagui por um
angolano de dois metros e o caratê pelo MMA (Mix
Martial Art, ou vale-tudo) e você tem “Quebrando
Regras”.
Tudo no filme é tão comum a qualquer narrativa do
gênero, que é impossível não relaxar na frente dele,
já que fica fácil não ter que fazer nenhum exercício
para entender um pingo da história.
Dos personagens à narrativa, tudo já foi previamente
visto em uma dúzia (ou um milhão) de filmes, e mesmo
assim o roteirista Chris Haunty cai em armadilhas
maiores. Não tem como não perceber como todo mundo
no filme tem algum problema com sua figura paterna,
criando quase uma pasteurização de todos problemas
dos personagens, ou pior colocando nos coitado
progenitores toda culpa das ações dos personagens,
boas ou ruins.
Mas mesmo assim, com um roteiro raso e sem
inspiração, repleto de diálogos que beiram o
ridículo, ele ainda consegue, por um instante que
seja, discutir toda dependência de uma geração com a
“informação informatizada”, e os quinze minutos de
fama de Andy Warhol sendo jogados na privada do
You-Tube, quando qualquer um pode virar um herói do
dia para noite. Mesmo passando lotado no cerne da
questão, já vale por enxergá-lo e tentar discuti-lo,
coisa que, se levado mais em conta acrescentaria
muito mais ao filme.
Isso se você não souber que o público que entra para
ver “Quebrando Regras” está se lixando para esse
tipo de besteira, só esperando pela pancadaria
desenfreada.
Ainda que com uma câmera um pouco sem objetividade e
criatividade, andando demais ao redor dos
personagens, em um movimento circular repetitivo,
que se transforma em chato rapidamente, faz todo
esforço do mundo para, pelo menos, conseguir algumas
lutas bacanas, e consegue. Usando bem o slow-motion,
o mesmo artifício que joga fora durante a maioria do
resto das cenas, com direito ao tempo parando com a
chegada da mocinha, consegue olhar as seqüências de
ação como algo mais amplo, sem as deixar
complicadas, nem visual nem narrativamente. Sem
cerimônia, ele para o filme para essas cenas e faz o
melhor trabalho possível para o espectador que
espera por elas.
“Quebrando Regras” é um daqueles exemplos de cinema
totalmente descartáveis, que não parecem se
preocupar em fazer nada a não ser satisfazer um
público extremamente específico, que, pior ainda,
parece ignorar todo e qualquer erro narrativo quando
fica de frente a um monte de abdomens sarados,
micro-saias e pancadaria. Triste, porém verdadeiro.
Gênero: Ação
Duração: 110 min.
Origem: EUA
Estúdio: Summit Entertainment
Distribuidora: Paris Filmes
Direção: Jeff Wadlow
Roteiro: Chris Hauty, Sean Faris
FILME:
Ótimo:
Bom:
Regular:
Crítico: Vinicius
Vieira - Jornalista -
vvinicius@hotmail.com
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