O destino das pessoas é como se
fossem teias de aranha, que se entrelaçam e fazem
com que as pessoas se esbarrem, se conheçam, se amem.... esse é o mistério desse filme.
Por: Junior de Barros
Um poema capaz de mudar as luzes que brilham na
cidade de São Paulo. Suave, delicado, agressivo e
tocante, esses são os adjetivos que o filme O Signo
da Cidade, realmente merece.
Histórias de pessoas que se entrelaçam na grande
metrópole paulistana acompanhados pelo ponto de
vista de uma astróloga que vive os traumas das
pessoas como se fossem seus próprios. Bruna
Lombardi, graciosamente faz o papel de Teca, mulher
que segundo ela mesma “Lê as Estrelas” tem um
programa de rádio, vitima de um recente divorcio a
doença terminal de um pai que mal conhece, ela se vê
envolta aos seus próprios problemas e os anseios das
pessoas anônimas que buscam respostas para seus
problemas em seu programa de rádio.
Junto a Teca, o filme entrelaça a vida de inúmeras
pessoas como se fossem Teias Astrais do destino,
fazendo com que a vida de todos se esbarrem uma nas
outras em determinado momento do filme, mostrando
como as nossas ações refletem nas pessoas do nosso
cotidiano.
Ao mesmo tempo o filme reflete em diversos momentos
a fragilidade da vida humana e como às vezes uma
simples palavra de apoio é necessária para aquela
pessoa que está frente a seus olhos pedindo apenas
um momento mutuo de afeto. Apesar de todos esses
detalhes o filme não é frágil, muito pelo contrário,
os acontecimentos nas vidas das pessoas são tão
rápidos que em inúmeros momentos ou em determinadas
situações você com certeza se vê na ação vivida por
tal personagem, pode-se dizer que o filme é como se
fosse um grande elevador com altos e baixos e
inúmeras pessoas entrando e saindo dele, deixando
uma pequena parte delas para a ascensorista.
Bruna Lombardi está fantástica, assim como figurino,
maquiagem e cenário, o filme é um complemento
místico e ético para a cidade de São Paulo. A
postura poética que Bruna Lombardi leva em todas as
cenas é de encher o coração e refletir sobre a vida,
ela se destaca perfeitamente como roteirista e
atriz, está excelente, posso dizer que está na sua
melhor fase da vida, pois uma personagem mística e
ao mesmo tempo misteriosa e humana como Teca é a
coisa mais difícil de ver hoje em dia. Não podemos
esquecer da excelente direção de Carlos Alberto
Riccelli, que transformou a cidade de São Paulo que
nós conhecemos em um local mágico e misterioso a ser
desvendado, visto e deslumbrado pelos olhos de Teca.
Um fator interessante que é visto nesse filme, é o
estilo Europeu de roteiro, o filme começa no meio e
termina no meio, deixando de lado o final conclusivo
que se existe em todos os filmes americanos. O filme
começa e as pessoas já estão lá, aparentemente
escolhidas a dedo para serem filmadas suas vidas,
intimidades, desejos e posturas e quando o filme
encerra, as pessoas continuam lá, vivendo suas vidas
e você para e se pergunta “O que aconteceu depois
disso?” Esse é o grande mistério, isso que realmente
encanta no filme e dificilmente essa forma de
roteiro foi se visto em algum filme brasileiro, que
é bom, pois demonstra que as produções nacionais
estão ganhando outro âmbito e estão amadurecendo a
olhos vistos.
Essa é a grande sacada do verão, pena que poucos
cinemas apostaram nesse filme, pois está difícil de
encontrá-lo em cartaz, mais vale a pena, o filme
deve visto e sentido, pois ele toca de diversas
formas e fecha com chave de ouro, na voz de Maria
Bethânia cantando Sorte.
Ficha Técnica
Título Original: O Signo da Cidade
Gênero: Drama
Duração: 95 min.
Ano: Brasil - 2007
Distribuidora: Europa Filmes
Direção: Carlos Alberto Riccelli
Roteiro: Bruna Lombardi
Site Oficial:
www.osignodacidade.com.br