RESENHA CRÍTICA DO FILME " ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ " por Vinicius Vieira -
vvinicius@hotmail.com
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ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ - (Foto Divulgação)
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CRÍTICA - ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ:
Se a corrida pelo Oscar©
nos cinemas nacionais começou pelas beiradas, com o
lançamento sem alarde do ótimo “Conduta de Risco”,
agora é a hora das grandes pedidas. Na cabeça das
indicações vem “Onde os Fracos Não Tem Vez”, franco
favorito com suas oito indicações.
E esse número não vem sem razão, os irmãos Ethan e
Joel Coen assinam um filme que não está sendo
indicado por muitos como a grande obra-prima dos
cineastas à toa, “Onde os Fracos Não Tem Vez” prende
qualquer um na cadeira do cinema, provoca o
espectador a encarar um filme difícil de engolir e
ainda cria um burburinho delicioso no ascender das
luzes.
Talvez essa “indigestão” venha da crueza com que os
diretores fazem questão de apresentar esse faroeste
moderno, nada de trilha sonora, nada personagens
fáceis, e uma trama difícil com um vasto deserto
como pano de fundo.
E mesmo quando a areia não está presente, a
impressão que se tem é que todo o resto parou para a
história passar, para ver o veterano do Vietnã
Llewelyn Moss (Josh Brolin) dar de cara com uma
negociação de droga mal-sucedida e uma mala de
dinheiro jogada em seu colo, que pode mudar sua vida
por completo, e a sombra que toma a visão de Moss
enquanto ele mira um cervo, momentos antes de achar
o dinheiro, é um prenúncio da escuridão que tomará
sua vida, e essa sombra tem nome: Anton Chigurh.
Mesmo o espectador só descobrindo seu nome lá para o
meio do filme, o assassino psicótico vivido pelo
espanhol Javier Barden é a grande estrela da
história, e por isso mesmo, antes de qualquer coisa,
você fica a vontade com essa figura no mínimo
excêntrica, seu cabelo ao melhor estilo Beatles e
sua “arma” de ar-comprimido, que, em quatro
aparições na tela, simplesmente leva para o buraco
quatro indivíduos, deixando até o Rambo com inveja.
Esse maluco é contratado para recuperar a mala (seus
contratantes estão em uma das quatros cenas,
obviamente), criando uma caçada violenta e que
acaba, por conseqüência, colocando no meio disso
tudo o xerife Ed Tom Bell (Tommy Lee Jones), último
exemplar de uma época em que sua profissão não
carregava nem arma, e que não precisava lidar com
massacres ligados a uma transação de drogas que deu
errada.
Essas três pontas desse triângulo nem se cruzam na
tela, apenas Moss e Chigurnh se esbarram em um
tiroteio, mas quase não se vêem, e isso é umas das
belezas da adaptação do livro de Cormac McCarthy,
uma trama que se sustenta por ela em si, e que na
mão dos irmãos Coen, ganha quase um tom de clássico.
Os diretores resolvem dissertar a respeito do
silêncio e do vazio, seus personagens sempre entram
pequenos em imensidões, seja de areia ou de
corredores, todos são claramente menores e estão
sozinhos em suas tramas, tentando sobreviver a cada
segundo.
Nesse vazio, sem trilha sonora, onde você escuta o
menor dos barulhos, e até o telefone tocando em uma
recepção sem vida andares abaixo no hotel, a única
vida que pulsa não é a do texano fugindo com sua
mala de dinheiro, que se descobre em um beco sem
saída e muito menos do xerife cansado, mas sim a do
assassino metódico, com seus olhos úmidos e que
parece ser o único sabendo o que tem que fazer para
sair desse vórtice de insanidade.
Mas talvez, o maior prazer de se ver “Onde os Fracos
Não Tem Vez” seja a angústia que os irmãos diretores
(ainda roteiristas e editores) provocam na platéia,
subjugam fórmulas quando privam, de uma platéia
sedenta por um desfecho, tanto um tiroteio esperado,
criando um suspense sem igual, como o próprio final
em si, dando pano pra boas conversas depois da volta
das luzes à sala.
Em outros anos, a tal estátua careca já teria donos,
mas é bom lembrar que a famosa academia vem
surpreendendo sempre que possível, e, juntando a
isso um ano com um nível de produções altíssimo,
vide o próprio “Conduta de Risco” e o drama “Desejo
e Reparação”, que vem trazendo o Globo de Ouro, além
do independente “Juno” (tipo de filme que vem se
tornando obrigatório todo ano) e do celebrado
“Sangue Negro”, único ainda inédito no Brasil e
candidato à pedra em seu caminho, o filme dos irmãos
Coen, sem medo de ser pedante, é um daqueles de que
quem não gostou é por que não entendeu.
Ficha Técnica
Título Original: No Country for Old Men
Gênero: Drama
Duração: 122 min.
Ano: EUA - 2007
Distribuidoras: Miramax Films/Paramount Pictures
Direção e roteiro: Ethan Coen e Joel Coen (baseado
em livro de Cormac McCarthy)
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Trailer do filme "ONDE
OS FRACOS NÃO TEM VEZ"
FILME:
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Regular:
Crítico : Vinicius
Vieira - Jornalista -
vvinicius@hotmail.com
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