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RESENHA CRÍTICA DO FILME "NOME PRÓPRIO"   
por Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br
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NOME PRÓPRIO  -  (Foto Divulgação)

 

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CRÍTICA - NOME PRÓPRIO -  “A intensidade é uma doença contagiosa. E eu não concebo uma vida sem contágios”. Esta é uma das frases ditas por Camila (Leandra Leal) que faz com que queiramos ficar na cadeira e assistir às 2 horas de martírio no qual a protagonista está mergulhada.
Camila é intensa, inconseqüente, impulsiva. Seus valores não são os mesmos de garotas da sua idade. Embora não seja revelada a idade da personagem, supõe-se que ela não tem bagagem suficiente, para tanta intensidade. Mas isso é medido pela idade? Para Camila não há valores a serem seguidos. Apenas o desejo de ser – qualquer coisa que preencha o vazio que a domina – e o de escrever.
A protagonista camufla sua vida pessoal e a de escritora para narrar uma experiência pessoal e intransferível. A falta de amor é a mola propulsora para toda gama de frustrações que a absorve e engole seus dias. Sem passado, sem perspectiva de futuro, para que a vida tenha mais importância, o momento presente conta mais. Sua escrita é visceral, confessional e raivosa. Por vezes decadente, por ora frágil, outras imatura, o que vemos na tela é um retrato parcial de uma “galera” apaixonada por remédios, alucinógenos, bebidas alcoólicas e qualquer outro produto que os faça deixar de lado a consciência, para assim, agirem por impulso.
Deixe de lado toda a polêmica que envolve o filme de Murilo Salles e a escritora Clarah Averbuck – escritora no qual seus livros “Máquina de Pinball” e “Vida de Gato”, além de textos em seu blog, que serviu de fonte inspiradora para o roteiro – e vá ao cinema ver com os próprios olhos a descida ao inferno – parece exagero dito assim, mas não penso em outra metáfora – da garota auto-destrutiva, sem eira, nem beira.
O filme de Salles não facilita, incomoda pela crueza com que expõe sua personagem como que querendo devassar cada canto do apartamento vazio que Camila reside. Curiosamente preenchemos aquilo com tudo o que Camila não é, e nem tem. Esse paradoxo faz com que o filme inquiete o espectador, propondo assim uma revisão dos próprios valores e escolha.
Vale transar com o namorado da amiga? Vale expor fotos nuas de outra amiga na internet? Vale transar com quem não se sabe o nome? Vale curtir uma paixão on-line? Vale abusar de alguém para obter moradia e segurança? No mundo de Camila tudo vale desde que seja espontâneo e necessário, mesmo que isso a torne um simulacro de si mesma. Tão tênue é a linha que separa as duas Camilas que vemos no final, que se torna impossível desassociá-las. Somos muitos.
Qual a pior das traições? Trair um sentimento que permanece efêmero e invisível. Algo como amor e cumplicidade. Ou trair a carne, cedendo o corpo aos desejos animais mesmo que isso possa magoar o outro. Trair a si mesmo ou ao outro, o que é pior?
“Nome Próprio” é um mergulho no universo de uma escritora precoce que fez/faz de sua vida, material para sua literatura. No filme de Salles a escritora Clarah que já declarou não se vê no filme, lembra o escritor Caio Fernando Abreu, que também fazia de suas experiências pessoais matéria prima para seus contos.
O filme é sem dúvida, um retrato contundente da juventude (transviada?), dos dias atuais, carente de amor, intransigente e impulsiva. Geração essa que se embebeda de si mesmo para esquecer do outro. Embora como bem revele Camila, o outro é o nosso maior objetivo. O existencialista Jean Paul Sartre já sentenciou “o inferno são os outros” Quem se importa com tal afirmação?

Nome Próprio:

Camila (Leandra Leal) tem a escrita como sua grande paixão. Intensa e corajosa, ela busca criar para si uma existência complexa o suficiente para que possa escrever sobre ela. Ela escreve compulsivamente em um blog, só que isto faz com que também fique isolada.

Ficha Técnica

Título Original: Nome Próprio
Gênero: Drama
Duração: 130 min.
Lançamento: Brasil - 2008
Distribuidora: Downtown Filmes
Direção: Murilo Salles
Roteiro: Elena Soarez, Murilo 

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Trailer do filme Nome Próprio

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Crítico: Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema - e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br

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