CRÍTICA - KUNG FU PANDA:
Sou do tempo em que
desenhos bons eram os desenhos da Disney, e se não
era Disney, não eram bons. Esse tempo já passou e
hoje, a Dreamworks tem seduzido um grande público
misto. Kung Fu Panda é um desses lançamentos em que
você leva sua mãe, sua vó, sua mulher, seus filhos e
até os pentelhos dos seus sobrinhos. Muita pipoca,
risadas e diversão para toda a família.
Po é um gordo e desajeitado panda. Apesar de
trabalhar com o pai (um ganso) num pequeno
restaurante, sonha em ser um grande mestre de Kung
Fu. Por uma obra do destino (ou acidente), é
escolhido pelo grande Mestre para se tornar o
Guerreiro do Dragão. Apesar de ser um grande fã de
artes marciais, Po não leva o menor jeito no
treinamento convencional. O problema é que um antigo
discípulo do mestre Shifu, a perigoso Tai-Lung foge
da prisão e está voltando para reclamar seu direito
como o verdadeiro Guerreiro do Dragão. E agora, como
treinar o desastrado panda em tão pouco tempo?
A Fábula e a Didática
A princípio o desenho é um ótimo entretenimento,
leve e simples para toda a família, a animação
gráfica enche os olhos e talvez isso possa bastar.
Há ação para os amantes das artes marciais, há
comédia para os amantes do riso mas, se fizermos uma
pequena análise, há também os ensinamentos zen por
detrás de toda a simplicidade. Talvez esse seja um
defeito meu por ser professor, mas... Analisando
superficialmente, temos em Kung Fu Panda, uma fábula
moderna. O que vêm a ser uma fábula? Uma narrativa
onde os personagens geralmente são animais com
características humanas, (o zen mestre Oogway por
exemplo é uma tartaruga), e ao final da história
temos uma lição de moral. E assim como em Shrek, por
exemplo, o ensinamento é o das pessoas se aceitarem
como realmente são. É uma fábula moderna, que gira
em torno de inversões de valores que vivemos
atualmente em nossa sociedade (também podemos ver
isso no Shrek 2, a vilã é a Fada Madrinha)
valorizando o caráter, o espírito e outras
qualidades abstratas. Em um tempo onde os jovens e
crianças são bombardeados com padrões de beleza e
estética já pré-definidos às vezes (se não sempre)
precisamos lembrar que nem tudo é beleza exterior.
Que mal há em ser um panda gordinho?
Para não divagar demais e acabar fazendo tornando um
entretenimento um laboratório de literatura e
sociologia, atenção especial para a relação
professor-aluno entre Po e o mestre Shifu. Além de
ser, algumas das seqüências mais divertidas do
filme, o treinamento de Po é algo fantástico. Apenas
quando o mestre percebe que precisa mudar sua forma
de ensinar é que realmente o processo
ensino-aprendizagem se concretiza e Po aprende. Nos
faz lembrar daqueles filmes antigos de Kung Fu, onde
o treinamento nada ortodoxo acaba ensinando os
heróis também nada convencionais. Vale a pena!
FICHA TÉCNICA
Gênero: Animação
Duração: 99 min.
Origem: EUA
Distribuidora: Paramount Filmes
Direção: Mark Osborne e John Stevenson
Roteiro: Dan Harmon, Rob Schrab