RESENHA CRÍTICA DO FILME
"FÔLEGO"
por Rodolfo Lima -
Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail:
dicaspravaler@yahoo.com.br
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FÔLEGO
- (Foto Divulgação)
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CRÍTICA - FÔLEGO - Fazer algo pelo
outro está cada vez mais difícil. Primeiro porque o
homem está cada vez mais individualista e segundo
por egoísmo mesmo. São tão parcos os recursos que
abrir mão em prol do outro está virando atitude
rara. Mesmo quando o suposto auxilio nos será
benéfico, titubeamos e pensamos duas vezes. Você
ajudaria um condenado a morte, sem ao menos saber
seus motivos e muito menos os seus?
No filme de Kim Ki-duk (Casa Vazia) uma burguesa
entediada com a rotina e com a ausência do marido
resolve visitar um presidiário para quem saber assim
dar algum sentido para sua tediosa vida. Yeon (Jia
Park) começa a visitar Jang (Chang Chen) e suas
rotinas são alteradas por tal atitude. De um lado
uma mulher que se torna útil para alguém, se vê
desejada e esperada. De outro um homem que vê sua
vida sendo colorida aos poucos enquanto espera á
hora da execução.
Para Ki-duk não há palavras que justifiquem as
ações. Não é necessário nomear o feito quando elas
vêm carregadas de simbologia e lirismo. Este é o
grande trunfo do filme que foi o grande favorito
para a Palma de Ouro em Cannes no ano passado. Não
levou, mas merecia. É poesia pura.
Mesmo com toda a aridez que o filme registra, desde
a casa da protagonista, as ruas e os muros da
prisão, a história consegue envolver o espectador
com uma sensibilidade rara. Lembro-me de ter sentido
isto a última vez quando vi o brasileiro "O Céu de
Suely". Sem deixar de ser engraçado e por vezes
surreal, o cineasta traça a trajetória de duas
pessoas que se cruzam, sem necessariamente
pertencerem ao mesmo mundo ou terem que se
justificarem por tal diferença.
Num mundo onde cada vez mais somos cobrados a
justificar os fins e os meios, e sermos
competitivos. Yeon se livra das amarras do seu
casamento burguês e machista para tentar assim se
salvar da mediocridade. Ela não sabe o que está
fazendo, não tem noção dos seus atos, somente age. E
tal imprudência faz toda a diferença, pois põe em
risco sua família, e faz com que o marido perceba o
que está acontecendo e reaja. Quando agimos com este
desprendimento de não cometer erros? Quando jogamos
tudo para o alto mesmo que isso afete as pessoas que
nos rodeia?
"Fôlego" lida com três histórias que se entrelaçam.
A história de Yeon e se marido, Yeon e o Jang e Jang
e o colega de cela. O amor homossexual é tratado com
secura, sem deixar de ser intenso pelo olhar do
apaixonado. No isolamento em que se encontram como
salvar-se da loucura? Como não perecer de tédio e
carência? Amando seu semelhante? Se entregando a uma
- outrora - impensável relação homossexual? Não
importa. "Fôlego" não julga seus personagens, mesmo
quando um deles leva um tapa na cara, é
completamente compreensível. Lembrando uma frase do
impagável filme "A Professora de Piano": (...)
ninguém pode invadir uma pessoa e sair impunemente.
Assim são os personagens de Kim Ki-duk, seres que
andam em círculos procurando uma saída para se
salvar desta desolação que vai se apropriando dos
corações dos homens. Seremos capazes de perdoar e
sermos perdoados? Teremos a grandeza que correr
atrás do tempo perdido e refazer nossa trajetória
com mais dignidade e objetividade? Poderemos enfim
encontrar a tão desejada segurança, que infelizmente
parece residir no outro?
Não sabemos. Navegamos a espera destas respostas. Ao
sair do cinema no final da sessão, fiquei com estas
questões me rodeando e me confortando. Se houvesse
mais personagens como Yeon no cinema, talvez não
fossemos influenciado por tanta estupidez e
incoerência e não seriamos tão covardes e imóveis.
Agiríamos. Mudaríamos. Renasceríamos.
Não explicito nesta resenha com mais detalhes meus
questionamentos, para que você não perca a
oportunidade de ser surpreendido, de ser tocado. Em
"Fôlego", revelar qualquer detalhe do filme
prejudica sua apreciação.
A cena que justifica o nome do filme é de tirar você
do encosto da poltrona. É tão improvável e bela que
nem sabemos o que pensar, apenas a digerimos num
fôlego só, como que estupefatos pelas ações alheias.
Inesquecível.
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Crítico: Rodolfo Lima
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