“Os Deuses nada farão por nos que não façamos sozinhos, precisamos de um herói”
(Rei Hrothgar)
CRÍTICA - A LENDA DE BEOWULF - Este roteiro
de Neil Gaiman e Roger Avary, prima pela
complexidade e sutileza com que são tratados as
simbologias e arquétipos das lendas. Em especial
esta lenda Dinamarquesa surpreende já no primeiro
instante por sua característica onírica acentuada
pela técnica de Imagemotion que sobrepõe a
animação aos movimentos reais dos atores.
Com isso os efeitos especiais ficam diluídos em todo
o cenário e permitem uma harmonia plena com a
história sem, contudo, perder o seu principal
atributo que é destacar a ação. Em tempos em que os
efeitos especiais superam o roteiro e até o
substituem, este filme demonstra como pode ser feita
uma perfeita integração entre essas duas facetas
importantes para uma obra cinematográfica.
Os que se interessam pela Psicologia Analítica de C
G Jung, vão sentir um êxtase ao constatar que esta
obra contém vários arquétipos Junguianos em sua
trama e podem representar um excelente estudo
ilustrativo de como eles se tornam presentes na vida
das pessoas. A Sombra, A Grande Mãe, O Herói, A
Bruxa, entre tantos que se somam a mitologia
contemporânea e religiosa, dão um show à parte que
não interfere na história diretamente mas que pode
encantar mais ainda aos que se interessam por esses
nuances.
Na história narrada no estilo de um Bardo o O Rei
Hrothgar , de Herot (Anthony Hopkins) tem que
enfrentar o seu pior demônio: Grendel (Crispin
Glover).
Devido a sua incapacidade de vencê-lo, lança o
desafio: Aquele que vencer Grendel ficará com metade
do ouro do seu reino.
Cena do filme
A Lenda de Beowulf - Foto Divulgação
Beowult (Ray Winstone), um Geata, e seus guerreiros
aceitam o desafio de enfrentar o monstro em troca do
ouro e da glória. Mas para isso terão que enfrentar
os seus próprios demônios e fazer as suas próprias
escolhas.
A Mãe de Grendel (Angelina Jolie), a bruxa que
habita os pântanos sombrios é a que comanda as
escolhas e cobra o preço de cada uma delas.
A Rainha Wealthow (Robin Wright-Penn) vê o seu
destino sendo traçado pelas mãos de um rei decadente
e pelo desejo de um herói de conquistar as Glórias
de uma batalha que pode estar além de suas forças.
Vidas que se cruzam, monstros que surgem dos
pântanos sombrios para cobrar as dívidas do passado,
jogos de interesse e de poder. Lealdade e coragem
são os ingredientes necessários para que o Herói
vença os seus piores medos e demônios, a derrota
significa algo pior do que a morte, a desonra do si
mesmo.
Para aqueles que estão acostumados ao romantismo das
lendas de Arthur e seus cavaleiros, de belas damas e
esbeltos e educados cavaleiros, este filme é um
contraponto à altura, que desnuda, as vezes
literalmente, os hábitos de uma época onde tudo
podia acontecer, e acontecia.
Lenda? Pode ser, mas em uma coisa podemos todos
concordar. Nas palavras do Grande Rei Hrothgar:
Deuses nada farão por nos que não façamos sozinhos,
precisamos de um herói.
Existem muitas lições que as lendas, esta em
especial, podem nos trazer, desde que se tenha
coragem de um Herói para olhá-las de frente e
encarar os seus demônios sombrios.
Ficha Técnica
Título Original: Beowulf
Gênero: Animação
Duração: 113 min.
Ano: EUA - 2007
Distribuidoras: Warner Bros. Pictures/Paramount
Pictures
Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: Neil Gaiman e Roger Avary, baseado no poema
épico "Beowulf", de autor desconhecido