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RESENHA CRÍTICA DO FILME "EU TE AMO, CARA"   
por Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema -
e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br
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EU TE AMO, CARA  -  (Foto Divulgação)

CRÍTICA - EU TE AMO, CARA -  A amizade é um terreno ambíguo. Digo a verdadeira, a que implica em renúncias e entrega, não a de ocasião, rotineira. A igreja católica instituiu que para se casar você precisa de um padrinho para “testemunhar” o ato. E como tudo é motivo de comércio e lucro, para ganhar um bom presente. Este último tópico não é o caso do consultor de imóveis interpretado por Paul Rudd, o que ele precisa é de um amigo que o acompanhe nessa hora tão “importante”.
Eis o problema, ele não tem amigos. Na sua lista de telefone, apenas os familiares e as ex-namoradas. Como não aceitamos o que está fora da rotina – um homem sensível que passa o domingo vendo TV com a namorada, ou serve sobremesa para suas amigas, por exemplo – sua noiva (Rashida Jones) o aconselha a encontrar um amigo, afinal as amigas o acham um pouco “feminino”. Ele carece dos hábitos “masculinos”: um futebol, um arroto, um show de rock, uma mania que o conecte com signos do universo do macho.
“Eu te amo, cara” é uma comédia singela que lida com a dualidade que há numa relação entre dois homens. O filme dirigido por John Hamburg (“Quero vai ficar com Polly”) tem a maioria das piadas calcadas na sexualidade dos amigos. Não por acaso o protagonista recebe algumas dicas do irmão gay. Eis a graça do filme, os possíveis riscos de dialogar com o universo homoerótico.
O lado bom é que ao presenciarmos a aproximação do protagonista com um amigo em potencial, rimos, da malicia implícita e das tiradas dúbias colocadas no roteiro. É possível torcer pelo amigo, sem necessariamente achar que ambos são gays. Obviamente que a platéia anseia por esse momento de “constrangimento” do personagem. Sabe, amigos bêbados, sozinhos, um se apoiando no outro, etc.
O lado ruim é que o filme acaba reforçando todos os estereótipos que há no universo masculino. O roteiro tem como argumento esses hábitos primários que universalizou os padrões de ação do homem.
Ok, tirando o inevitável – uma comédia feita para agradar, reforçando o óbvio e arriscando pelas arestas, burlando com o problema sem “verticalizar” a questão – a atuação de Jason Segel, o amigo da vez, faz toda a diferença.
Segel compõe um solteirão convicto, charmoso, engraçado, capaz de atitudes carinhosas e afetivas para que o amigo se sinta melhor. A química entre Rudd e Segel é o trunfo do filme.
“Eu te amo, cara” não é gay, ainda bem. E digo isso não por machismo, mas por poder ver um filme leve e sem preconceitos – se isso for possível – sobre o afeto real entre dois homens, sem que isso termine efetivamente na cama.

Direção: John Hamburg
Gênero: Comédia
Duração: 110 min.
Distribuidora: Paramount Pictures

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Crítico: Rodolfo Lima - Jornalista, ator e crítico de cinema - e-mail: dicaspravaler@yahoo.com.br

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