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E O OSCAR FOI PARA...   
por Vinicius Vieira - vvinicius@hotmail.com 
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Quem Quer Ser Um Milionário? - Foto Divulgação

E o Oscar foi para “Quem Quer Ser Um Milionário?”, assim mesmo, sem surpresas, sem graça e ainda com tempo de sobra para tentar te fazer dormir. Longe do filme de Danny Boyle não merecer sua estatueta de melhor filme, só fica uma impressão estranha com os outros sete carecas dourados que o filme passará a exibir nos cartazes dos cinemas.
O Inglês Danny Boyle saiu com a estatueta de Melhor Diretor, o filme ainda levou para casa os prêmios de Fotografia, Edição, Roteiro Adaptado, Trilha Sonora, Canção Original e Efeitos Sonoros, um número um pouco exagerado para uma produção tão pequena. É como se a Academia deixasse aquela impressão que vem aperfeiçoando a cada ano: um desespero de colocar algum filme em um pedestal altíssimo, muito mais alto do que ele realmente está.


Quem Quer Ser Um Milionário? - Foto Divulgação

Tanto Trilha Sonora, quanto Efeitos Sonoros deixam mais que claras essa impressão, ainda mais levando em conta seus concorrentes, principalmente “Wall-e” e “Batman – O Cavaleiro das Trevas”. Ainda no campo da audição, “Quem quer ser Um Milionário?” levou o Oscar de melhor canção original por um música cantada na língua nativa de Bollywood, deixando a impressão de que, ou os velhinhos da Academia estão a procura de um estreitamento com o maior produtor de cinema do mundo (coisa que eu não acredito) ou resolveram esnobar Peter Gabriel, que concorreu com a música “Down to Earth”, do filme “Wall-e”, mas se recusou a cantar apenas um trecho de sua canção. Em resumo, três estatuetas que não deixaram o grande ganhador da noite sair do Kodak Theather com apenas quatro prêmios, coisa que já seria mais que merecido.

Do outro lado, “O Curioso Caso de Benjamin Button” e suas treze indicações, só não se mostrou uma decepção porque, na verdade, ninguém esperava que ganhasse muito mais que as três estatuetas que conseguiu: uma pela sua Direção de Arte, muito mais pelo trabalho que tiveram com suas oito décadas diferentes que mostraram no filme, do que por seu trabalho artístico, que não faz nada de excepcional, e outras duas por Efeitos Especiais e Maquiagem, mostrando que ninguém conseguiu distinguir exatamente quem fez o que, se a maquiagem retocou os efeitos ou vice-versa, merecidos é bem verdade, mas ainda assim uma prova de um filme narrativamente capenga mas visualmente deslumbrante.


O Curioso Caso de Benjamin Button - Foto Divulgação

Seu astro, Brad Pitt, só não ficou de mãos abanando graças as pequenas homenagens que todos atores indicados ganharam na hora da premiação. Em uma inovação interessante, a Academia destacou cinco ex-ganhadores para, cada um, apresentar um indicado desse ano, com uma apresentação de seda bem-vinda, tanto para eles, sentados na platéia, como para o público em casa, que teve a oportunidade de matar a saudade de alguns atores que fizeram história. Nesse esquema, Michael Douglas anunciou a vitória de Sean Penn por seu papel em Milk, coisa que, por mais que pareça uma surpresa, é mais que normal, já que o ator tinha acabado de ganhar o prêmio do Sindicato. Surpresa, por que a maioria ainda apostava em Mickey Rourke, mas, me pareceu que a Academia preferiu dar os 45 segundos de agradecimento para um ator boa-praça e politizado a um com jeito bizarro, terno branco, óculos escuros, bigodinho de trambiqueiro e anel de brilhante no dedinho, que provavelmente usaria seu tempo para lamentar a morte de seu chihuahua que estampou as manchetes nos últimos dias. “Milk” ainda ganhou o prêmio de Roteiro Original mas ficou só por aí mesmo.

Na categoria de Melhor atriz, aparentemente, a Academia se viu obrigada a corrigir um de seus erros e, finalmente, depois de seis indicações, dar o prêmio para Kate Winslet em seu papel por “O Leitor”. E a falta de surpresas continuou com a espanhola Penelope Cruz levando a estatueta de Atriz Coadjuvante, assim como os pais, e a irmã, de Heath Ledger, vindo lá da Austrália, para receber o prêmio de Ator Coadjuvante como o Coringa do “Cavaleiro das Trevas”. Quase algumas obrigações que a Academia nem pensou em fugir.


O Leitor - Foto Divulgação

O Filme do homem-morcego ainda saiu com o prêmio de Melhor Edição de Som, completando o estigma de grande injustiçado da noite, pouco lembrado nas categorias principais, subjugado às técnicas, assim como “Wall-e”, que recebeu o de melhor animação, com todo jeito de consolação e um quase aviso que lugar de animação é nessa categoria, não adiantando espernear. Uma dupla de filmes que não só foi pouco indicada, como deixada de lado e ignorada como merecedora de lugar entre os cinco na categoria de Melhor filme, até porque, tanto “Frost/Nixon” quanto “O leitor” praticamente, já que Winslet levou o seu, passaram despercebidos durante as premiações.

De resto, em linhas gerais nada de interessante aconteceu, em mais uma noite chata, já parecendo uma obrigação dos prêmios, em que Hugh Jackman interpretou seu papel de “show man” e galã da Broadway, dançando e sapateado sem acrescentar nada à premiação, nem uma piadinha mais legal, na verdade ainda praticamente nem aparecendo direito durante toda transmissão. Uma noite em que um dos maiores comediantes da história do cinema, Jerry Lewis, levou um Oscar honorário pelo seu teor humanitário e suas benfeitorias, mas que deixou uma impressão de que ainda não foi aceito como ator, uma pena, já que, com uma carreira tão extensa e conhecida, os aplausos de pé poderiam coroar, não só ele, mas um gênero, a comédia, ainda tido como marginal e menor.

É mais triste ainda, saber que, daqui a um ano, provavelmente um texto semelhante resumirá os prêmios da Academia de Cinema de Hollywood, batendo mais uma vez na tecla da falta de surpresas. Nem isso eles conseguem surpreender.  
 

Crítico: Vinicius Vieira - Jornalista - vvinicius@hotmail.com

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© Cranik - E o Oscar foi para... (2009)