ENTREVISTA COM O ESCRITOR NELSON MAGRINI

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Nelson Magrini.
 (27/08/08)

DVD'S - CD'S - GAMES ONLINE - PRESENTES - CAMISETAS DE FILMES - LIVROS


 
Nelson Magrini - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Para iniciarmos, gostaria de saber como foi o início de Nelson Magrini na literatura.

Nelson Magrini: Olá, Ademir. Antes de tudo, é um prazer participar desta entrevista. E quanto à pergunta, he he, começamos bem, pois a resposta não deixa de ter seu lado surreal. Tudo aconteceu em uma madrugada, no ano 2000. Na época, eu procurava algo diferente para me dedicar, e que também pudesse vir a gerar ganhos. Não tinha uma idéia formada, apenas que deveria ser algo que eu gostasse de fazer e que já soubesse fazer. Depois de muito pensar, e eliminar um bocado de coisas que gosto, mas que não sei fazer, foi de estalo. Eu sabia que sabia escrever. Foi bem assim. Sempre fui um leitor devorador de livros, mas fora as famosas redações escolares, eu nunca havia escrito nada antes, salvo alguns poemas bem livres, e isso já fazia muito tempo. Acredite, naquela mesma hora, eu escrevi um recadinho para mim mesmo (costumo fazer isso para me lembrar de várias coisas), onde apenas dizia: escrever. No dia seguinte, comecei a criar pequenos trechos, até para ver se aquilo que eu escrevia, depois de pronto, tinha pelo menos uma aparência de um livro, e praticamente no mesmo dia, crie alguns personagens, uma trama bastante incompleta (incrível como minha criatividade funciona assim. É muito difícil eu começar a escrever com a coisa toda pronta e definida na cabeça) e comecei a escrever. De lá para cá, não parei mais.

Ademir Pascale: Quais são suas principais influências literárias?

Nelson Magrini: Quando adolescente, eu lia muita ficção-científica, principalmente Isaac Asimov e Arthur Clark. Com o passar dos anos, fui migrando para a literatura de suspense e terror, onde destaco Stephen King e Dean Koontz.

Ademir Pascale: Como você consegue conciliar as atividades como escritor, engenheiro mecânico, consultor internacional de gestão empresarial e estudos e trabalhos de física quântica?

Nelson Magrini: Não é nada fácil e sempre necessito desdobrar o tempo vago. Física é uma paixão antiga, inclusive, por muito pouco não fiz faculdade de Física. Neste sentido, foi mais uma decisão estratégica, uma vez que eu havia ingressado em Engenharia Mecânica, no Mackenzie, e Física, na USP. Contudo, na época, trabalhar como físico no Brasil é estar fadado a ser professor, muito possivelmente de colegial. Então esta paixão também me consome tempo, principalmente lendo e estudando muito. A vantagem é que criatividade não tem hora ou lugar, então, sempre que uma idéia me aparece, eu rabisco algumas anotações e depois começo a trabalhar em cima, seja no dia seguinte, seja meses depois. Hoje, tenho me centrado mais em Logística, consultoria em Gestão anda em baixa no mercado, o que torna as coisas um pouco mais fáceis, mas, he he, é uma senhora correria.

Ademir Pascale: Como foi a idéia inicial para a criação da obra “Anjo – A face do mal” (Novo Século Editora)?

Nelson Magrini: Como comentei, minha criatividade escolheu uma maneira interessante de se manifestar. Como qualquer outro livro, tudo começa com uma cena que me vem à cabeça, ou um personagem, uma personalidade que aparece do nada. No caso de ANJO A Face do Mal, isso aconteceu com Lúcifer. Ele por si só é um arquétipo muito forte, e ao mesmo tempo em que dá trabalho tratar com um personagem assim, ele também permite ser usado para fazer o leitor pensar nos mais variados assuntos. Escrevo para entreter, mas sempre gosto, dentro do possível, de fazer meus leitores pensarem, questionarem. Obviamente, isso tudo tem de estar dentro do contexto da obra, caso contrário, ela assumirá ares de panfletagem, o que não teria o menor sentido.
Então, com um personagem como Lúcifer em mãos, foi quase natural enveredar por um confronto entre anjos e demônios, muito embora Lúcifer, em minha obra, nada tenha a ver com o diabo das religiões. Foi aí que tive a idéia de torcer, ou melhor, de relativizar certos conceitos bastante enraigados, como Bem e Mal, a Verdade, etc. Em ANJO A Face do Mal, os anjos não são bonitinhos, bonzinhos e tal, e comandem o Céu ou Astral quase de maneira tirânica. Já os demônios chegam a ser democráticos, contrapondo-se, no sentido de equilíbrio, à outra vertente. Com isto tudo em mãos, adicionei algumas entidades afro-brasileiras e cheguei à lapidação final da trama. No mais, um bocado de imaginação e muito suspense.
Recentemente, ANJO me deu muita satisfação por dois motivos. O primeiro, é que ele se tornou objeto de pesquisa acadêmica na UNICASTELO, podendo vir a se tornar tese de mestrado. E segundo, soube que a primeira edição se esgotou, e que deverá ganhar uma segunda edição renovada, mais primorosa, com nova capa, tamanho e acabamento. Isso certamente deixa qualquer autor orgulhoso.

Ademir Pascale: Poderia falar um pouco sobre a sua obra “Relâmpagos de Sangue” (Novo Século Editora)?

Nelson Magrini: O livro gira em torno de dois personagens, Sara e Josimar (Jôs), que há aproximadamente um mês estão tendo estranhas visões que envolvem sangue, a cor vermelha e tempestades, além de lapsos de memória. Em função disso, ambos resolvem voltar ao local onde passaram as últimas férias, certos de que alguma coisa muito errada aconteceu.

A aventura se passa em uma cidade fictícia, Germinade, no interior de Minas Gerais, aonde fatos estranhos vão ganhando proporções inimagináveis, envolvendo tanto os personagens principais como outros, que vão aparecendo ao correr da história, num suspense crescente, aonde o mistério por detrás de tudo vai se revelando, até chegar em um clímax com um desfecho inesperado. Descobrir qual é este mistério faz parte da leitura.

De tudo o que já escrevi até hoje, Relâmpagos de Sangue é o mais extremamente visual, onde a própria linguagem que utilizei, bastante cinematográfica, com frases curtas e de impacto, é usada para transmitir sentimentos e emoções de uma maneira direta, crua e até selvagem. É um livro que, se o leitor se deixar levar pela história, ele viverá a aflição, o medo e o terror de cada personagem como se tudo estivesse se passando consigo próprio. Tenho orgulho de saber de leitores que tiveram pesadelos com a história, e outros que não conseguiam dormir, após lerem determinadas cenas. Embora menos filosófico e crítico que ANJO A Face do Mal, e mais focado no entretenimento, em contrapartida, Relâmpagos de Sangue assusta de verdade, ao menos, uma boa gama de leitores.

Ademir Pascale: Como foi a sua participação na excelente obra “Amor Vampiro” (Giz Editorial)?

Nelson Magrini: Tudo se inicia através do convite do J. Modesto, autor do ótimo Trevas e mais recentemente, de Anhangá, A Fúria do Demônio. Eu conheci o Modesto como um leitor, ou melhor, como um fã, como ele mesmo gosta de dizer. Somente após um bom tempo descobri que ele também era escritor, e acabamos por nos tornar bons amigos. Responder positivamente a este convite foi fácil; os problemas começaram logo em seguida. Primeiro, eu não tinha muita vontade de escrever sobre vampiros, não por que não goste do personagem, mas porque muita gente estava fazendo. Segunda questão, não sei exatamente porque, mas tenho muito mais facilidade de escrever umas quatrocentas páginas do que um conto, ainda mais, um com tamanho limitado. Neste sentido, foi uma verdadeira aventura e superação criar Isabella. Ainda havia uma terceira questão. Para deixar os autores bem livres, apenas nos foi passado o tema e que poderia haver cenas picantes.
Eu imaginava o que os demais iriam fazer, e queria de qualquer maneira bolar algo diferente, o que creio, consegui. Isabella não só é meu melhor conto, mas é um marco para mim. A linguagem, minha maneira de escrever, construir as frases e as próprias palavras foram escolhidas a dedo, tudo para compor uma atmosfera que, mais do que descrever ações e eventos, traduzisse os personagens e seus anseios e sentimentos. Isabella, no fundo, é uma história de busca e esperança, onde um homem se apaixona por uma vampira, e para conquistar seu amor, primeiro tem de resgatar sua humanidade. Para tanto, me utilizei de minha velha paixão, e contraponho o sobrenatural com a Física, os conhecimentos da Ciência. As considerações que há no conto, a respeito do luar, não deixa de ser intrigante e instigante na mística dos vampiros. Enfim, o que posso dizer, para todos aqueles que gostaram do conto, e se apaixonaram por Isabella, que gostei tanto da personagem que ela certamente retornará em algum trabalho futuro.

Ademir Pascale: No seu ponto de vista, como está o mercado editorial brasileiro para os jovens escritores que desejam ingressar no meio literário?

Nelson Magrini: É um pouco difícil falar do mercado editorial como um todo, mas as perspectivas dentro da chamada Literatura Fantástica são muito boas, e estão se ampliando ainda mais. É inegável que a abertura atual se iniciou com o André Vianco e com a iniciativa da editora Novo Século, que um pouco tempo criou a Coleção Novos Talentos da Literatura, tornando-a um canal de entrada para milhares de escritores, em sua maioria jovens, que até a pouco tempo não tinham, e nem sabiam, como chegar às editoras. E o que vemos a partir disto foi que, em pouco anos, várias editoras têm se voltado para este segmento e principalmente, para o autor nacional. De fato, hoje temos uma nova geração, ou nova frente de escritores nacionais que encabeçam e fazem Literatura Fantástica de primeira linha. Não só tenho orgulho de pertencer e ter ajudado a iniciar este movimento, como mais orgulho ainda quando me deparo, no orkut, por exemplo, com leitores trocando comentários entre si e dizendo que atualmente, procuram e dão preferência ao autor nacional. A próxima leva que está vindo aí promete bastante e deixará o mercado ainda mais receptivo a outros que se seguirão. Inclusive, estamos vendo um fenômeno que muitos ainda não se deram conta, que nossos jovens, muitos na faixa de quinze, dezessete anos, estão deixando de ser apenas leitores, para se sentarem à frente de seus micros e começarem a criar, escrever. Não sei dizer qual foi a última década em que tal aconteceu, mas faz um bocado de tempo!

Ademir Pascale: Poderia falar para os nossos leitores como será o projeto da Giz Editorial em que você participará, intitulado “Fontes da Ficção”?

Nelson Magrini: Primeiro, uma correção. O projeto não é da GIZ Editorial, muito embora, seja apoiado pela GIZ. Este projeto partiu da idéia do escritor e jornalista Sérgio Pereira Couto, mais conhecido por dezenas de livros que tratam de trabalhos que demanda muitas pesquisas, fosse sobre sociedades secretas, crime, etc. O Sérgio não só enveredou recentemente pela Literatura Fantástica, com o ótimo Renascimento, A Lenda do Judeu Errante, mas também, sentia a necessidade de ter um canal mais direto com o público, proporcionando pequenas obras de qualidade. Neste sentido, imaginou criar um blog, algo hoje bastante fácil e comum, e de contato dinâmico com o leitor, onde alguns autores se juntariam e dariam ênfase às composições de suspense e mistério. Foi quando ele me convidou, bem como ao J. Modesto, e por fim, ao James Andrade, que estreou recentemente com o ótimo Getsêmani, A Verdade Oculta, e assim nascia o blog Fontes da Ficção.
Em paralelo a isso, vindo a somar, inclusive, o Sérgio apresentou uma outra parte do projeto à livraria Martins Fontes, onde a idéia era ampliar ainda mais este canal com o leitor, aproximando-os das obras, de seus questionamentos e curiosidades, em um patê-papo bastante informal, onde a tônica sempre será dada pelos participantes. Desta idéia, resultou o 1ª. Fontes da Ficção, o primeiro dos encontros com os leitores.
Resumindo, o projeto Fontes da Ficção é uma inovadora maneira dinâmica, através de um blog com atualizações semanais, e encontros mensais, de aproximarmos os leitores do universo da criação e escrita.

Ademir Pascale: Onde os leitores poderão saber mais sobre Nelson Magrini?

Nelson Magrini: De um modo geral na Internet, onde através que qualquer pesquisa, encontrarão inúmeras resenhas, por exemplo. Através do blog e encontros Fontes da Ficção e, em breve, também através de um site ou blog pessoal, algo que estou definindo. No orkut, basta procurar o perfil Nelson Magrini II. O II é porque o meu perfil original, simplesmente, não me deixa mais acessá-lo como usuário, e então, tive de criar um perfil novo. E por fim, é só escrever para nelson_magrini@yahoo.com.br que terei um imenso prazer em responder qualquer questão.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

Nelson Magrini: Para dizer a verdade, vários deles. Meu novo livro VAMPIRO – Fria Simetria já está concluído e se encontra em fase de avaliação. Minha intenção é publicar ainda este ano, mas isto depende de alguns fatores. O livro não é uma história de vampiros, e sim, uma trama de terror onde um dos personagens é um vampiro, inclusive, o vampiro se encaixou muito bem na trama, embora eu trabalhe o personagem em uma abordagem diferente do tradicional. No momento, estou escrevendo o próximo, que pretendo ser uma obra tão densa e assustadora quanto Relâmpagos de Sangue.
Além disto, há inúmeros projetos rabiscados, vários deles com Lúcifer como personagem principal, inclusive, tive uma idéia nova recentemente que devo desenvolvê-la em breve. Também está nos planos a continuação de ANJO A Face do Mal, tendo Lucas como personagem principal e passando-se seis meses depois do livro original.
Por fim, algumas possibilidades sobre temas curiosos, que gostaria muito de desenvolver com o tempo. Uma delas é um verdadeiro livro de terror, envolvendo alguns aspectos da Física de Partículas e a Mecânica Quântica. A idéia que tive por detrás dessa história foi simples e contundente: “Pode a Mecânica Quântica ser assustadora”? Bem, espero mostrar que sim, e aqui, não me refiro às suas equações!
O outro projeto é mais complicado, extremamente mais denso e árduo, e nasceu de outra idéia que me passou pela cabeça: conseguiria escrever algo tão intrincado e misterioso quanto LOST?
Obviamente, não se trataria de pessoas em uma ilha, afinal, isso não teria o menor sentido, mas estou construindo uma história que está se desenvolvendo de maneira incrível, e para isso, adotei o método de não planejar os caminhos ou imaginar seqüências ou eventos. Simplesmente, começo a escrever, anotando os pontos chaves e fazendo as amarrações necessárias. Mas não sei dizer o que acontecerá a seguir na história. Para isso, tenho que sentar e escrever. É como se a história se escrevesse a si própria.
Não sei o que vocês pensam, mas para mim, isso já me parece um bocado assustador!

Perguntas rápidas
:

Um livro: O Apanhador de Sonhos.
Um(a) autor(a): Stephen King.
Um ator ou atriz: Al Pacino.
Um filme: 2001, Uma Odisséia no Espaço.
Um dia especial: quando publiquei meu primeiro livro.
Um desejo: viver apenas da escrita, junto à pessoa que amo.

Ademir Pascale: Mais uma vez agradeço por expor suas idéias para os nossos leitores. Foi um imenso prazer ter essa conversa contigo. Desejo-lhe muito sucesso em suas empreitadas literárias.

Nelson Magrini: Eu que agradeço mais uma vez a oportunidade. Foi um prazer responder suas questões e fico aberto aos leitores que quiserem me escrever. E parabéns a você, Ademir, por este seu espaço que, cada vez mais, tem conquistado leitores.
Um abraço a todos!  

  CLIQUE AQUI para conhecer e comparar o preço das obras do autor Nelson Magrini.

© Cranik

*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com
Entrevistado: Nelson Magrini.
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

Indique esta entrevista para um amigo! Clique Aqui      

 


© Cranik - 2003/2008