ENTREVISTA COM ESCRITOR E PALESTRANTE REINALDO POLITO
O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale" entrevista o escritor e palestrante Reinaldo Polito.
 (27/06/08)

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Reinaldo Polito - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Olá, Reinaldo! Primeiramente, agradeço pela gentileza da entrevista e, para iniciarmos, gostaria de saber se você sempre foi uma pessoa bem articulada perante o público, afinal, quando participamos de suas palestras ou mesmo ouvimos os seus audiolivros, a impressão que temos é que além da sua grande técnica, existe também um grande dom.

Reinaldo Polito: Até conhecer Oswaldo Melantonio, que foi meu professor de oratória, eu tinha dificuldades para falar em público. Não era uma negação, mas estava longe de ser considerado um orador. Esse mestre tão querido percebeu minha paixão pela oratória e me convidou para ser seu assistente quando eu tinha apenas 24 anos de idade. Passei sete anos ensinado em sua escola e aprendendo muito com ele.
Há poucos anos ele me fez um dos elogios mais importantes que já recebi. Ao paraninfar as turmas do nosso curso de Expressão Verbal ele disse aos formandos que sua esposa, Dona Margot, falecida recentemente, e que cuidava das finanças da sua escola, havia mandado um recado;durante todos os anos que o Polito trabalhou conosco como professor, nunca aceitou um tostão como pagamento de salário. Essa informação mostra a paixão com que eu sempre desenvolvi minha atividade como professor de oratória. Acho que esse é o meu segredo – sou apaixonado pelo que faço. Vou para a minha escola todos os dias como se fosse para dar a primeira aula da vida. E já faço esse trabalho há 33 anos.

Ademir Pascale: Com o crescimento da internet e da inclusão digital em nosso país, você acredita que os e-books e audiolivros, poderão um dia tomar o lugar dos livros impressos, ou isso não acontecerá, ou está muito longe de acontecer? Qual a sua opinião?

Reinaldo Polito: Acredito que todos esses meios irão conviver e se complementar. Haverá, sem dúvida, um aumento considerável na utilização dos e-books e audiolivros, mas os livros não deixarão de existir, nem perderão sua importância.
Um exemplo interessante é o meu livro “Superdicas para falar bem”, que lancei também em audiolivro. Tenho informações, especialmente dos meus alunos, que gostaram da idéia de ler o livro em casa e também ouvir o audiolivro, enquanto estão no carro.

Ademir Pascale: Você acredita que a internet possa interferir nas variações diatópicas, excluindo cada vez mais as variações fonéticas entre os estados do nosso país?

Reinaldo Polito: Acho que não. A cultura regional tem força muito acentuada no processo de comunicação e na linguagem. Um meio até mais poderoso foi a televisão. Em algumas regiões as pessoas passam quase o dia todo na frente da telinha ouvindo uma comunicação mais ou menos “achatada”, nem por isso o jeito de as pessoas se comunicarem nas diferentes regiões do país sofreu grandes alterações. Mesmo que haja alguma interferência, as variações fonéticas não serão excluídas.

Ademir Pascale: Na sua opinião, o palestrante deve abordar a norma culta ou usar do artifício da pluralidade das normas e manifestações lingüísticas?

Reinaldo Polito: O palestrante deve ter uma comunicação adequada à circunstância, sem, entretanto, perder a naturalidade. Ao falar com executivos de uma empresa a linguagem deve ser apropriada ao mundo corporativo. Em eventos com acadêmicos a comunicação precisa ser acadêmica. Na balada, conversando os amigos, a conversa mais solta, sem preciosismos é a ideal.
A naturalidade é importante porque se a comunicação apresentar artificialismos o palestrante poderá comprometer sua credibilidade.

Ademir Pascale: Você acha que devido ao gigantesco interesse do brasileiro em massa pela internet e seus derivados, como: orkut, sites, MSN, Blogs, etc., a pluralidade lingüística está se expandindo desenfreadamente, dificultando a cabeça do palestrante ao tentar determinar a linguagem específica a ser utilizada em suas palestras?

Reinaldo Polito: Não vejo dificuldade para o palestrante adequar a linguagem por causa da internet. Desde que a comunicação vá ao encontro das aspirações dos ouvintes e mostre de forma clara as vantagens da mensagem que transmite, conquistará sempre o interesse e a atenção dos ouvintes. A maneira de falar sofre alterações com velocidade alucinante, mas a mudança não ocorre apenas para os ouvintes, também o palestrante é envolvido nesse contexto e atualiza naturalmente a forma de se comunicar. Sempre foi assim, só que não de forma tão rápida.

Ademir Pascale: Na sua exímia experiência como palestrante, por que muitos, ou a grande maioria das pessoas, sentem medo em expor suas idéias em público? Afinal, o que é o medo?

Reinaldo Polito: O medo é um mecanismo de defesa que nos protege diante dos momentos de perigo. Assim que vislumbramos uma situação perigosa as glândulas supra-renais liberam adrenalina no organismo. Esse hormônio fortalece os músculos e aumenta a pressão arterial para que possamos fugir mais depressa.
Para falar em público, entretanto, não dá para fugir. Por isso, a adrenalina demora mais para ser metabolizada e provoca disfunções: o coração bate mais forte, as pernas tremem, as mãos suam, a voz enrosca na garganta, os pensamentos desaparecem.
O medo de falar em público ocorre por quatro motivos essenciais:
- Falta de conhecimento do assunto
- Falta de ordenação lógica do raciocínio
- Falta de experiência no uso da palavra em público
- Falta de autoconhecimento

Para combater o medo de falar em público é preciso atuar em cada uma dessas causas, ou seja:
- Conhecer o assunto com a maior profundidade possível
- Saber como iniciar, preparar, desenvolver e concluir o assunto
- Praticar bastante, aproveitando todas as oportunidades para falar diante de platéias
- Aprender a identificar as qualidades de comunicação que possui

Dessa forma, reduzirá a quantidade de adrenalina despejada no organismo e terá maior controle e confiança para falar em público.

Ademir Pascale: É fácil vencer esse medo ou existem casos incuráveis?

Reinaldo Polito: Atuo como professor de oratória há mais de 30 anos e nunca encontrei um caso sequer de alguém que com determinação, empenho, dedicação e estudo não conseguisse superar a dificuldade de falar em público. Dá trabalho, exige prática, estudo e treinamento, mas é possível vencer e dominar o medo.

Ademir Pascale: Seus livros também estão sendo publicados no exterior? Caso sim, como está sendo a receptividade dos leitores estrangeiros?

Reinaldo Polito: Tenho livros publicados em diversos países, em alguns deles como Itália e Espanha obtiveram aceitação excepcional. As publicações no exterior têm sido tão freqüentes que tenho escrito os novos livros e reescrito os mais antigos com linguagem mais universal, sem as especificidades regionais.
Atualmente coordeno a série “superdicas” para Saraiva, e tenho pedido aos autores que escrevam também com essa linguagem mais abrangente. Está dando certo, pois estão conseguindo publicar quase todos também no exterior.

Ademir Pascale: As mesmas normas adotadas em palestras no Brasil são semelhantes no exterior ou existem diferenças dependendo da cultura de cada país?

Reinaldo Polito: Quase todos os meus amigos palestrantes estão recebendo convites para proferir palestras no exterior. Nossa experiência demonstra que se não levarmos em conta a realidade intercultural dificilmente obteremos sucesso. Especialmente o humor precisa ser avaliado com cuidado maior, pois o que dá muito certo em determinado país, pode ser um fracasso em outro – às vezes até em locais diferentes dentro da mesma região.
Para se sair bem em palestras em outros países, além de estudar muito a cultura própria daquele povo é importante adquirir bastante experiência. Isso não se consegue de um dia para outro. Enquanto o palestrante não tiver esse conhecimento o melhor é não arriscar.
Um pouco diferente é o caso dos cursos que temos ministrado em países como México e Argentina. As dificuldades e a capacidade de aprendizado dos executivos que temos treinado são muito semelhantes a dos brasileiros.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

Reinaldo Polito: Sou movido a novos projetos. Se não existir uma “encrenca” à vista me sinto desconfortável. Atualmente estou ampliando o número de autores na série superdicas e audiolivros, que, como eu disse, coordeno para a Saraiva. Estou trabalhando para levar todos os autores da série para outros países. Coordeno a mesma série na Itália para a Editora Italianova e estou fechando com a Editora Pergaminho de Portugal. Lanço até final do ano mais títulos na França, Canadá, Suíça e em todos os países de língua espanhola. Em julho lanço o livro “Oratória para advogados e estudantes de direito”, com chancela da OAB. Comecei em junho a apresentar um programa de entrevistas na televisão - JBN TV, na Sky 150. Já fiz 12 entrevistas e estou gostando muito da experiência. Jô Soares que se cuide.

Ademir Pascale: Foi um imenso prazer entrevistá-lo. Desejo-lhe muito sucesso. Um forte abraço.

Reinaldo Polito: Eu é que tive o prazer de conversar com você. É sempre muito bom falar com pessoas inteligentes. Muito obrigado. 

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Entrevistado: Reinaldo Polito.
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