Entrevista com o escritor Saulo Sisnando

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Saulo Sisnando.
 (01/05/08)

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Saulo Sisnando - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Olá, Saulo! Agradeço a gentileza da entrevista e aproveito para parabenizá-lo pelo excelente trabalho que vem desenvolvendo. Sou bem curioso e sempre que entrevisto um escritor, gosto de saber como e quando se iniciou suas paixões pela literatura e, como foi com você?

Saulo Sisnando: Ademir, eu que agradeço. É sempre bom saber que ainda há pessoas querendo saber o que os escritores pensam. É difícil dizer como surgiu a paixão pela literatura, o gosto pelas artes e a vontade de escrever. Dizem que vem de família, mas, embora meu pai tenha sido um professor de português, eu nunca me senti pressionado ou incentivado a ler ou a escrever. Toda vez que penso no amor pela literatura ou – já que sou ator e diretor de teatro também – a paixão por viver outras vidas, eu me lembro de uma frase de Clarice Lispector, que diz: “Escrever é tantas vezes lembrar-se do que nunca existiu”.
Acho que isso define bem a minha razão de ser escritor. Gosto de viver coisas que não vivi, amar em proporções que não me permito no mundo real. Escrever (e ler) é, sobretudo, “poder”. Eu posso matar, posso amar, posso arquitetar planos, que só dão certo em letras miúdas de livros. Escrever é se permitir brincar de ser outra pessoa e reagir como você não reagiria. Gosto de toda a manipulação da literatura, adoro quebrar a cabeça atrás da lembrança (que não é minha, mas do personagem), que dá razão a um fato ou a um clímax que se seguirá. Sou um apaixonado pela observação das pessoas em minha volta, sou apaixonado por personagens.
Por isso acho que meus textos, às vezes, possuem personagens tão fortes, a ponto de obscurecem a própria trama. Essa paixão vem desde cedo quando eu lia os livros do Sidney Sheldon, Harold Robbins, Jacqueline Susan, e mais uma dezena de “ótimos autores ruins”, que mostravam heroínas de cabelos vermelhos e peitos fartos. Eu não tenho vergonha de admitir que, se hoje sou um grande admirador de Lygia Fagundes Telles, Patrícia Melo, Virginia Woolf, foi por que (um dia) eu me permiti ler Sidney Sheldon. Então, sem síntese, eu quis escrever por causa do Sidney Sheldon, embora hoje eu considere seus livros ruins.
Estranho, não?

Ademir Pascale: Você teve influências de outros autores? Se sim, quais?

Saulo Sisnando: Eu sou influenciado por tudo que está ao meu redor. Não poderia dizer que sou influenciado por Lygia ou Edgar Allan Poe. Eu gosto deles, mas nunca escrevi nada influenciado diretamente neles. Acho que meus textos são muito cheios de referencias POP e, como acredito que as artes são irmãs, acho-me bastante influenciado pelo cinema, pela televisão, pela música. Eu entendo que cada escritor, cada artista tem seu próprio passado, sua própria memória emotiva, de forma que seria impossível para mim, por mais que eu seja obcecado pelo texto da Patrícia Melo, escrever “O Matador”. O livro é fruto da memória emotiva dela. Das reminiscências infantis dela. Das suas dores, e perdas, e alegrias. Eu tive minhas perdas, minhas alegrias, tenho meus filmes favoritos, meus livros de cabeceira e tudo isso se tornaram influências para o que escrevo.

Ademir Pascale: Poderia nos falar um pouco sobre a sua obra "Puzzle"?

Saulo Sisnando: Puzzle surgiu na minha vida como uma brincadeira. Ele veio logo após 4 textos meus serem premiados e editados pela Universidade Federal. Eu, um dia, peguei aqueles textos, extremamente elogiados, recheados hermetismos lingüísticos, jogos lexicais, intelectualismos e blá bla blá e pensei: “meu deus, quem vai ler isso? Quem eu vou modificar?”. Neste mesmo dia, decidi escrever um livro-jogo, que se pudesse ler de trás para frente, aleatoriamente, ou na ordem que se desejar, com uma história movimentada e divertida, que realmente pudesse ser lido por quem eu quero atingir... o grande público. Eu, no teatro e na literatura, não quero ser responsável por masturbação de intelectual... Não quero que ninguém pegue meus textos e diga: “nossa, como o Saulo é inteligente... como ele escreve bem” Não! Eu quero que a pessoa, lendo o meu livro, esqueça do tempo, perceba que o final não é o que parece ser, quero que se choque com as revelações bombásticas e reviravoltas impossíveis. Enfim, quero que leiam meus textos, dentre eles o Puzzle, e digam: “Putz!, que livro bacana!”

Ademir Pascale: Você também já dirigiu peças teatrais?

Saulo Sisnando: Já. Já dirigi um texto meu, popPORN, e já fui assistente de direção em duas outras peças. Alias, seguem ao lado alguns links nos quais poderam ver excertos de popPORN (www.youtube.com/watch?v=_OX81OjmboA ; www.youtube.com/watch?v=Ka-UxuIfkvM&feature=related). Já atuei em vários espetáculos. E outro texto meu já foi adaptado para o teatro “Útero – Fragmentos românticos da vida feminina”. Estou com mais um projeto teatral para este ano. Eu estudei teatro na universidade e, hoje, está sendo mais fácil divulgar o que escrevo através do teatro do que através de livros. É uma pena, pois, embora no teatro você tenha a resposta imediata da audiência, na literatura você chega do Rio Grande do Sul até Tabatinga, no Amazonas.

Ademir Pascale: Além de escritor, você também é crítico de cinema do site "AdoroCinema.com" e professor de inglês. Como você consegue conciliar tantas atividades no dia-a-dia?

Saulo Sisnando: Eu sou concursado do TJE/PA e sou ator também. Eu não vejo dificuldade em conciliar as coisas. Na verdade eu sempre fui de fazer mil coisas ao mesmo tempo. Não é de se admirar que, com tanta profissão, o meu livro de estréia, Puzzle, seja um livro-jogo, um quebra-cabeça. Eu só sei ser assim... Eu tenho, p.ex., dois livros escritos, em fase de retoques, e eles foram escritos ao mesmo tempo. É... Acho que sou meio doido.

Ademir Pascale: No seu ponto de vista, como anda o mercado literário brasileiro? As editoras estão abrindo as portas para os nossos escritores ou ainda preferem os estrangeiros?

Saulo Sisnando: Muita gente acha que apostar num novo autor é apenas publicar o livro e pronto. O que não é verdade! É preciso de todo um aparato de divulgação, distribuição, etc. Eu acredito que ainda existe, por parte dos leitores, um grande preconceito sobre a literatura nacional. Parece que só se produz no Brasil livros-cabeça. Eu espero que a grande literatura brasileira continue existindo, mas anseio que o mercado editorial abra espaço para a literatura divertimento. O Best-seller. O folhetim.
Eu fico muito feliz quando eu vejo o André Vianco na lista dos mais vendidos, eu acho que ele desempenha um ótimo papel incentivando a garotada a ler. Fico puto quando o povo detona o Paulo Coelho. Eu li alguns livros dele, e NÂO gostei. Mas ele vende! Ele chega às pessoas, ele as toca, ele faz a dona de casa ir à livraria comprar um livro. Prefiro o Paulo Coelho ocupando cadeira na Academia Brasileira de letras do que o José Sarney.
Acho que as editoras não sabem escolher livros de jovens escritores... Há muita gente escrevendo livros ótimos e muito vendáveis. Mas o que eu tenho visto de jovens escritores são livros imaturos e chatos (sem contar com os erros de português). Acredito que as editoras precisam de Best-Sellers brasileiros, acho que precisam de livros nacionais com reviravoltas, tramas bem boladas, personagens carismáticos. Eu queria muito que nas escolas, as professorinhas dissessem pros alunos que ler pode ser divertido. Eu me lembro, p.ex., que quando eu tinha 14 anos, uma professora escolheu como leitura obrigatória do ano letivo Ubirajara e Memórias Póstumas de Brás Cubas. Você tem noção do que foi para um guri de 14 anos ler Ubirajara? Felizmente consegui superar este trauma, mas estou certo de que muitos de meus coleguinhas de colégio carregam esse medo da literatura até hoje. Torço para que esta professora tenha morrido ou se aposentado e, no lugar dela, tenha entrando uma professorinha ‘porra-louca’ , que passou para os alunos todos os livros do Harry Potter.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta? Se sim, quais?

Saulo Sisnando: Sim, sempre! Estou com dois livros em retoques finais... Esperando propostas de editoras... Alguém se habilita? E alguns vários projetos teatrais.

Perguntas rápidas:
Um livro: A hora da Estrela, de Clarice Lispector
Um autor(a): Lygia Fagundes Telles. Já escrevi alguns contos dedicados à Lygia (mas não inspirados nela). Alguém sabe seu endereço?
Um filme: Impossível responder, vou citar alguns: Quem tem medo de Virginia Woolf, de Mike Nichols, Uma rua chamada pecado, de Elia Kazan, ...Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder.
Um ator ou atriz: Meryl Streep
Um dia especial: Graças a deus ainda estou esperando este dia especial chegar.
Um desejo: meu eterno desejo: Que meus textos divirtam as pessoas.

Contato: Ainda não tenho site ou blog. Mas sempre gosto de me corresponder com os leitores pelos e-mails: saulosisnando@yahoo.com.br ou saulosisnando@adorocinema.com 
 

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Puzzle - Saulo Sisnando

© Cranik

*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com
Entrevistado: Saulo Sisnando.
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

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