Entrevista com o escritor Kizzy Ysatis
O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Kizzy Ysatis.
 (20/02/08)

Ademir Pascale: Conte para nós quando e por que se iniciou a paixão pelo vampirismo?

Kizzy Ysatis: Poderia escolher um evento em minha memória, mas acredito que tenha surgido de maneira espontânea, casual e gradual desde a infância. No entanto, na década de noventa, três irmãos: Vivian, Lílian e Willian que, como eu, eram vidrados em livros, me indicaram OS NOTURNOS de Flávia Muniz. Depois deste livro, que é um clássico dos anos noventa e dos amantes de boas histórias, passei a mergulhar no universo vampiresco literário. Devorei rapidamente Bram Stoker, Anne Rice, Polidori, Sheridan lê Fanu, Strieber, Stephen King; e fui além, comecei uma pesquisa científica que dura até hoje. Sempre se encontra um novo elemento. Obras como “O Livro dos Vampiros” de J. Gordon Melton; “Em Busca de Dracula e Outros Vampiros” do Forescu; são básicas e recomendáveis, além de ter descoberto, pouco antes da minha primeira publicação, duas autoras nacionais que também tratam do tema: Giulia Moon e Martha Argel, cujos livros eu aprecio e tenho todos. A idéia do romance CLUBE DOS IMORTAIS surgiu de um sonho e uma experiência própria. Minha nova origem para os vampiros, a que eu chamo de A Nova Quimera dos Vampiros, eu tirei a idéia de um filme: Anjos rebeldes 2, que falava de um trecho interessante da Bíblia, os Néfilins, depois foi mais pesquisa para criar a teia. Em três anos eu estava com o livro pronto. Mas que fique bem claro que não vou passar minha vida escrevendo sobre vampirismo, é um tema que amo e que voltarei a ele, sem dúvida, mas um escritor de verdade escreve bem sobre qualquer coisa e outros livros que tenho escrito já não abordam mais o assunto.

Ademir Pascale: Somando com as antologias, quantas obras já publicou?

Kizzy Ysatis: tenho três livros. Clube dos Imortais – A Nova Quimera dos Vampiros – da editora Novo Século (meu primeiro romance em que abordo a imortalidade de um momento); Brainstorm (em que participo com três contos de mistério); e O Livro Negro dos Vampiros (onde tive a honra de escrever o prefácio e ter colaborado com um conto), estes dois últimos são antologias da Andross editora. Passei por muitos desafios na vida e obstáculos para publicar minha obra. Posso ainda não ser o maior sucesso da literatura nacional, mas estou galgando meu caminho pouco a pouco, dedicando-me em fazer um ótimo livro e não vários livros, devotando-me em dar o melhor e não preocupando-me com o sucesso, o sucesso não é a fama; o sucesso é a fama pelo reconhecimento do trabalho bem feito. É conseqüência. Dê o melhor de si e as pessoas verão isso sem que você as mostre.

Ademir Pascale: Qual a sensação de ter ganho o prêmio Rachel de Queiroz da academia Brasileira de letras com o romance O Clube dos Imortais?

Kizzy Ysatis: em Clube dos Imortais, eu dei meu sangue, minha vida, minha alma. A sensação de ter ganhado o prêmio foi indescritível, tamanha alegria. Nunca antes os pensantes da literatura nacional tinham olhado para uma ficção de vampiros e dito: “Olha, isso é Literatura de alta qualidade”. Quando você é um autor estreante é dificílima a via sacra para conseguir um voto de confiança duma grande editora, ainda mais a Novo Século que já tem o André Vianco que vende bem suas aventuras. Mas vale lembrar: o Rachel de Queiroz não é da Academia, é da sede da União Brasileira de Escritores, que é no Rio, com o apoio da Academia, tanto que a celebração foi mesmo na ABL e teve um representante imortal na cerimônia, o Antonio Olinto. Ainda me lembro, no dia seguinte teria um almoço no Copacabana Palace do qual não fui porque não tinha dinheiro para pernoitar no Rio ensolarado, tive de voltar à tempestuosa São Paulo e, de quebra, ainda fiquei flutuando na enchente, sem brincadeira.

O Mar Gelado da Galícia - Espanha 2002

Ademir Pascale: Qual a receptividade do público com o seu modo de se vestir?

Kizzy Ysatis: a maioria gosta. Traduz minha personalidade. Os fãs adoram e conhecem minha obra, gostam dela e sabem que não importa como me visto, é no que eu escrevo que estão interessados. Minha imagem é só um detalhe. Tem muita gente que acha que é marketing, mas freqüento o universo gótico faz vários anos. Adoro vestir-me de preto, usar cartola, fumar cachimbo. O que tem demais? O que tem de extravagante nisso? Muito embora eu compreenda que tal indumentária chame atenção. Tenho cabelo comprido, 1.87 m, e, com a bota plataforma passo fácil dos dois metros de altura. O sobretudo estilo asa delta, cujo oceano de pano foi preciso para cria-lo a partir de um desenho meu, só posso usá-lo no inverno, embora não esquente muito. O conjunto da obra é curioso. Estou acostumado. Gosto. O importante é ser você mesmo, não ter vergonha e não ligar para o que os outros vão dizer. Eles vão dizer de qualquer jeito, esteja de preto, branco ou rosa.

Ademir Pascale: É verdade que você já foi perseguido na rua por se vestir como um vampiro?

Kizzy Ysatis: há há há... Não me vestia como um vampiro. Acredito que tenha vampiro que adore andar em farrapos, outros nem tanto, mas fui perseguido porque tinha gente que cria que eu fosse vampiro, outros me atacaram só porque eu estava passando pelos efêmeros 15 minutos de fama. Em 2001 falei sobre vampiros no Programa Livre e, sempre que precisava, a imprensa me chamava quando o tema era esse. Assim aconteceu em outros programas, jornais e revistas. Tem sempre umas pessoas no bairro que não suportam ver o vizinho aparecendo. Conhece a história da Serpente e do Vaga-lume? Então, é isso.

Ademir Pascale: E como foi a entrevista no Jô Soares?

Kizzy Ysatis: O cara é super simpático. Gostou de mim, gostou do livro e tudo correu bem. Apesar de já estar acostumado com entrevistas e TV – puxa vida – era o Jô Soares. Fiquei nervosíssimo, já que cresci ouvindo das pessoas que um dia eu estaria lá, naquela poltrona, falando com ele. Quase morri no camarim. Os brancos eram freqüentes, mas consegui me manter e fui bem. Parece um teste para você não parecer um bobo. Adorei o Jô. Dizem que ele pega pesado, com o perdão do trocadilho, mas acho que foi com minha cara, ou melhor, o cara é um gênio; o pouco que leu do livro ele gostou e aprovou e recomendou no programa com a maior ênfase, e disse que levaria para casa, ia terminar de ler. As vendas do livro aumentaram em cadeia nacional. Outros não tiveram essa sorte. Só tenho a agradecer. O publico agora saberia quem eu era. Ele gostou muito e elogiou a lenda que criei das Sibilas Rubras, disse que era uma idéia linda. Ele praticamente apadrinhou meu próximo livro. Porque cheguei em casa e passei a escrevê-lo. Terminei ano passado. Acabei encontrando com ele meses depois em uma livraria e conversamos bem rapidinho. Quem sabe não rola outra entrevista? A Novo Século o publicará no segundo semestre deste ano. O Título é: DIÁRIO DA SIBILA, O Retorno das Bruxas. Além de muita magia e elementos fantásticos e maravilhosos, fala de amores impossíveis, exalta a força feminina, expõe a brutalidade do homem e, acima de tudo, te pergunta pelo quê vale a pena lutar no final das contas. Como o Clube, é um livro experimental, onde repito o que deu certo, retiro o que não deu, e testo uma porção de novas cores, nuances. O resultado me animou muito. Fique de olho, acredito que quem ler vai gostar muito.

Ademir Pascale: Poderia falar um pouquinho sobre a sua participação na antologia "O Livro Negro dos Vampiros"?

Kizzy Ysatis: Eles me chamam de Padrinho de O Livro Negro dos Vampiros. Tive muito gosto em escrever aquele prefácio e já que era um livro de vários escritores, deixei claro, numa jornada do mito na literatura, que também foram diversos escritores que criaram o arquétipo do vampiro que conhecemos hoje. E assim sempre será. O livro foi um sucesso. Está sendo. Sempre será.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

Kizzy Ysatis: Vários. Não consigo ter disciplina o suficiente para escrever um único livro num certo limite de tempo. Ou talvez não seja questão de disciplina, mas modus operandi. Portanto escrevo vários livros ao mesmo tempo. O problema disso é que leva um tempão para terminá-los. Mas dois já estão prontos. Diário da Sibila Rubra é um deles. Tem um outro que desde 2005 escrevo com o escritor Claudio Brites e o Pró-reitor da Unicsul, o professor Carlos Andrade. É um épico medieval. Chama-se A TRÍADE, e está ficando um primor.

Perguntas rápidas:
Um livro: AS ILUSÕES PERDIDAS
um autor(a) VIRGINIA WOOLF
um filme: O DIABO VESTE PRADA
um dia especial: HOJE

Ademir Pascale: Foi um imenso prazer conhecê-lo. Desejo-lhe muito sucesso.

Kizzy Ysatis: O prazer foi todo meu. Sucesso para todos nós que procuramos e vamos encontrar. Para quem quiser saber mais sobre mim acesse www.kizzyysatis.blogspot.com  lá é o meu rincón.

Meu e-mail: kizzyysatis@gmail.com 

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Clube dos Imortais - A Nova Quimera dos Vampiros - Kizzy Ysatis