Entrevista com o autor Abel Reginatto.

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista Abel Reginatto.
 (30/10/07)

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Abel Reginatto - Foto Divulgação

Ademir: Primeiramente, agradeço pela gentileza da entrevista. Gostaria de saber como foi o início de sua carreira como autor.

Abel: Sou eu quem agradece pela oportunidade que me proporcionas. Desde guri tinha prazer em contar histórias, tanto para meus amigos quanto para os piazinhos. Nunca repeti uma história que, de improviso, relatava e, na mesma época, escrevia poesias e compunha músicas com as correspondentes letras. E assim sempre ocorreu, até que penetrei numa fase extremamente difícil na vida. Minha esposa, desde os tempos em que éramos namorados - nos anos 60 -, me dizia para escrever um livro. Eu respondia a ela que não tinha competência nem dom para tal. Porém, no auge dessa época difícil por que passava (após o Natal de 2000) e que se iniciara no final de 1994, um sentimento, ainda não experimentado e que fugia de minha compreensão, passou a me assediar. Procurei evitá-lo a fim de concentrar toda atenção na mudança de ano, de século e de milênio, como se isso me trouxesse a verdadeira mudança que eu almejava: a da demorada situação difícil que, junto com minha família, eu passava. Como sempre, apesar da fé, das roupas apropriadas para a virada do ano, das crendices da ocasião, nada mudou. Fora apenas mais uma mudança de dia: até a meia-noite de 31 de dezembro de 2000 estava tudo ruim; um minuto depois, ruim continuou. Mas cantamos, dançamos, fomos assistir o espocar dos foguetes e fazer os mesmos pedidos de sempre, que nunca recebemos. No meu íntimo eu sentia uma profunda tristeza e o amargo gosto do suicídio voltou, como em outras oportunidades. Como em todos os anos de casado, quis fazer amor com minha esposa para começar bem o ano, afinal sempre dava certo.
No dia seguinte, como todas as pessoas, evitamos bebidas alcoólicas e excesso de alimentos. Dormimos bem. No dia seguinte, dois de janeiro de 2001, primeiro dia útil do terceiro milênio, como um robô, fui até o computador, abri o word e comecei a escrever; em maio, parei. Atônito, me dei por conta que havia escrito cinco novelas: "Flores sobre as cinzas" (que começa na fundação do Rio Grande do Sul e vai até o final do século XIX, com muita pesquisa), história ainda não publicada; "Marcas na Areia", publicada como e-book no site de cultura www.avbl.com.br, de Bauru-SP; "Viva la gente", publicada no mesmo site; "Capela das almas" e "Travessia", ambas ainda não publicadas. Descansei durante uma semana e escrevi os primeiros romances: "CORAÇÕES E MENTES - A História de John Winston", publicado na 49ª Feira do Livro de Porto Alegre, pela Editora Alcance, em 13 de novembro de 2003, e "A Cruzada", ainda não publicada, que somente concluí no primeiro semestre de 2006. Entretanto, entre 2003 e 2006, escrevi diversas poesias, contos e músicas (dentre estas, o Tema Oficial do Centenário do Grêmio Foot-Ball Portoalegrense, sob o título "Tudo Azul no Céu" e o Hino da Escola Nossa Senhora do Brasil, de Porto Alegre, além do hino dos Jogos da Primavera nesta mesma escola, sob o título "Marcha da Garotada" e de dois comerciais, um para uma amiga que era candidata a vereadora pelo PT e outra para a Escola Meta. No mesmo período, escrevi o primeiro seriado virtual, com capítulos semanais, para o site de poesias de São Paulo, www.bonecadetrapo.com , sob o título de "Broca", num total de dez capítulos. Era como nos seriados de televisão. Quando este deixou de constar no referido site, tive a idéia de transformá-lo em romance, sob o título "As Aventuras de Broca", publicado no site www.avbl.com.br. O mesmo fiz com os contos que escrevi, sob o título "Contos de Abel Reginatto". Em 2006, escrevi as novelas "Sentenças da vida", "Kyrox" e "La Parca" e o livro com 100 poesias - com a colaboração de alguns poetas amigos -, sob o título "Universo sob a pele", também publicados no site www.avbl.com.br e a novela "Taila - A Bruxa", ainda não publicada. Escrevi também vinte e quatro histórias, para um grupo de amigos de Porto Alegre, para transformar em capítulos de um filme - apenas com pintos de verdade - para a TV Cultura e para a TV Ratimbum, ambas de São Paulo, para ser veiculada em 2008 ou 2009, sob o título "As aventuras de Pintolho". No momento, venho, desde dezembro de 2005, escrevendo o romance "Os Cachaceiros", que se passa no Rio Grande do Sul e em Merlo-Buenos Aires. Ainda não o concluí porque não tive oportunidade de viajar para a capital argentina. Estou a escrever também a novela "Ódio Ilimitado", que não sei se concluirei por se tratar de uma história muito violenta e que me consome demais. E é tudo, a não ser por esporádicas poesias que escrevi nos poucos momentos de inspiração que tive neste ano de 2007. Quanto às músicas, foram mais de um centena e nenhuma publicada até hoje.

Ademir: O que você acha da avaliação das editoras referente aos originais enviados pelos autores?

Abel: Bem, entendo ser relevante informar que poucas são as editoras que aceitam receber originais de autores sem nome, como eu. Apenas uma editora da cidade de São Paulo demonstrou interesse em meu trabalho, mas pela dificuldade na parte financeira ainda não pude concretizar meu objetivo.
As grandes e médias editoras nem se interessam em ler os originais de autores desconhecidos. Infelizmente, ao menos aqui em Porto Alegre, livros de cozinheiros e de bispos de igrejas têm muito mais valor, além, é claro, dos autores já consagrados e que pertencem à nata da sociedade e da imprensa. Esta é a minha realidade. Acredito que em outros Estados do país haja outro tratamento aos emergentes.

Ademir: Em geral, é difícil ser um autor no Brasil? Por quê?

Abel: Pelos motivos que, acima, relatei. Começando que, se o autor não faz parte da elite sócio-cultural, não importa se ele poderia se tornar num grande escritor, com trabalhos que possam ser best-sellers.

Ademir: É certo que o mercado editorial valoriza muito mais os autores internacionais. Ontem mesmo, fui em duas conhecidas livrarias de São Paulo e, de 100% dos livros expostos em suas vitrinas, 90% eram de autores internacionais. Fiquei chocado e matutando: Por que esse interesse tão grande em "nomes internacionais" sendo que existem excelentes autores nacionais?

Abel: Esse fenômeno acontece em Porto Alegre também. Claro que há grandes escritores estrangeiros, mas já li inúmeros livros que não consegui chegar até o final, tal era a mediocridade que segurava em minhas ocupadas mãos. Acredito que isso se deva também ao desejo da mídia que comanda a referida elite sócio-cultural de colocar seus autores - ou afilhados -, no mercado internacional, na verdade é um intercâmbio, "um toma lá, da cá", que acaba por se tornar mais um entrave para essa grande quantidade de excelentes escritores que vivem no anonimato e, em sua maioria, esmorecem e buscam outras atividades.

Ademir: No seu ponto de vista, por que você acha que o nosso autor mais conhecido "Paulo Coelho", ultimamente não aparece mais no Brasil? Será que o mercado internacional é mais lucrativo? Ou ele é mais valorizado em outros países?

Abel: Paulo Coelho, li todos seus livros - exceto o último. Dizem que não há regra sem exceção e é verdade: eis aí um caso. Por quê? Porque ele não acreditava nas editoras nacionais. Nos leitores brasileiros, como qualquer um de nós, ele acredita. O problema é que ele teria que passar pelo crivo das editoras. Então, astutamente e com condições financeiras, buscou colocar seu trabalho no exterior, onde obteve êxito no mundo todo. Parece que apenas da Dinamarca ou na Noruega não recebeu a reciprocidade merecida. Qual o principal motivo? Simples, Paulo Coelho, que já havia se projetado na música com Raul Seixas, é um escritor que não se preocupa com soberba e escreve de uma forma singela e popular. Isso é altamente negativo para os "doutores das letras". Chorei de rir quando presenciei esses "inteligentes" tendo que abrir as portas do mercado brasileiro para um escritor nativo que conquistou o mundo. Entretanto, assim que tiveram oportunidade, os homens da mídia retiraram seu espaço de forma ardilosa e vil.

Ademir: Recentemente, lancei um áudio-livro pela Editora Alyá, intitulado "Cinema - Despertando seu olhar crítico". O que você acha dessa inovação "áudio-livro" no mercado editorial brasileiro?

Abel: Embora eu seja um ardoroso fã dos livros convencionais, me curvo e aceito as mudanças porque procuro estar sempre aberto a elas. Não vejo isso como modismo, mas como uma nova e importante opção. Certamente eu entrarei nesse mundo, sem temores. Aplaudo tua iniciativa e admiro pessoas que lidam com facilidade e coragem como empreendedores ou precursores de alguma coisa, especialmente neste segmento que é tão tradicional.

Ademir: Poderia fazer um comentário sobre a receptividade dos leitores com a sua obra "Corações e Mentes - A História de John Winston"? (www.abelreginatto.kit.net/livro.htm)

Abel: Apesar de ter distribuído mais exemplares em Portugal, a receptividade de nossos compatriotas foram além de minhas expectativas, fato que trouxe muito alegria interior porque, como tu bem o sabes, o retorno do leitor vale muito mais do que o dinheiro obtido em função da venda.

Ademir: Você também é dramaturgo e compositor?

Abel: Entendo que possa me considerar como tal pois meus trabalhos aí estão para comprovarem minha convicção.

Ademir: Como os interessados em adquirir sua obra ou mesmo bater um papo sobre literatura e assuntos diversos, deverão proceder?

Abel: Através das formas mais simples possíveis. Meu nome aparece em diversos sites culturais de grande qualidade, além disso estou no orkut - espaço muito criticado pela mídia, mas que se constitui no único tambor público que temos à disposição, não apenas para efeito de divulgação de nossos trabalhos como também por nos servir de fórum mundial, onde podemos expor nossas idéias e manifestar nossas críticas. Além disso, o famoso email. Tenho dois que posso receber contato e dar imediato retorno ao leitor: abelreginatto@gmail.com e reyelbraz@hotmail.com e, por que não, o contato pessoal que é o que mais me agrada.

Ademir: Mais uma vez, agradeço pela gentileza da entrevista. Desejo-lhe muito sucesso.

Abel: Muito obrigado, amigo Ademir, e que o sucesso aconteça também para ti e para muitos outros autores, ignorados pela mídia em geral.

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*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale Cardoso - ademir@cranik.com
Entrevistado: Abel Reginatto.
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

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