Entrevista com o jornalista, Luís Pires

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o jornalista, Luís Pires.
 (04/05/07)

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Mini-Biografia: Nasci em 1964, em Osasco, cidade onde resido até hoje. Me formei em jornalismo em 1985, pela Cásper Líbero. Em 1987 trabalhei na revista Família Cristã por um curto período. Dois anos depois assumi uma coluna sobre filmes no Jornal Primeira Hora, de Osasco, onde escrevi durante sete anos. Foi uma época muito rica pois marcou o advento do vídeo cassete, uma revolução que possibilitou às pessoas assistirem ou reverem filmes no conforto de sua casa, sem depender das transmissões da televisão aberta, repletas de cortes e propagandas comerciais. Fui responsável também por uma coluna semanal sobre o mesmo tema, que era publicada em diversos jornais na Zona Oeste e Sul de São Paulo, sob responsabilidade do Grupo 1. Estive alguns anos fora do jornalismo, desenvolvendo outras atividades e voltei a escrever sobre filmes no ano passado, para o Cranik. Sou casado há 22 anos (quase 23) e tenho uma filha que cursa jornalismo na mesma Cásper Líbero, mesmo local onde me formei.

Ademir: Olá, Luis. Agradeço por aceitar a entrevista. Bom, para iniciarmos, gostaria de saber como foi o início da sua paixão pela sétima arte.

Luís Pires: Eu é que agradeço pela oportunidade. Minha paixão pela sétima arte surgiu quando eu era ainda criança. Minha madrinha recebia sua pensão mensal num banco que se localizava na Rua Líbero Badaró, no Centro de São Paulo. Ela me levava para fazer-lhe companhia e como morávamos em Osasco, só o fato de ir pra São Paulo, pra mim já era uma festa ! Nessas ocasiões geralmente íamos para o cinema depois. Além disso, me lembro da família toda indo assistir aos filmes do Mazzaropi no Cine Estoril, de Osasco, onde um primo trabalhava como lanterninha. Todos pagavam as entradas, obviamente (rsrsrs).

Ademir: Você acredita que existiu uma melhora no cinema nacional? Se sim, em quais quesitos?

Luís Pires: É inegável que o cinema nacional passou por uma sensível melhora nos últimos anos. Os filmes realizados nos anos 70, por exemplo, eram toscos, em sua maioria. Tinham deficiências técnicas assombrosas por pura falta de recursos. Depois da "quebra" do cinema nacional ocorrida nos anos 90, houve uma revitalização com grandes empresas injetando somas consideráveis em patrocínio, através das leis de incentivo. Isso possibilitou que houvesse uma melhoria na qualidade de nossos filmes, principalmente na área técnica. Claro que isso só ocorreu também porque apareceu uma geração de atores, atrizes e diretores muito talentosa.

Ademir: Você acha que a ida ao cinema pode ajudar os menos favorecidos da sociedade na inclusão social ?

Luís Pires: Creio que sim. A nós que costumamos a assistir vários filmes por mês, custa acreditar que apenas cerca de 10 % da população pode se dar a esse luxo. Particularmente considero os preços dos ingressos muito altos, o que exclui grande parte da população do prazer de assistir a um filme na tela grande. Existem alguns cinemas que instituíram sessões gratuitas dedicadas a grupos de estudantes, mas atualmente, por causa da violência, as escolas evitam tirar os alunos de suas dependências. Fora das grandes cidades essa realidade é ainda mais triste. Muitas cidades sequer possuem salas de exibição de filmes.

Ademir: Como colaborador e crítico de cinema do Portal Cranik, o que você acha do nosso projeto "Vá ao cinema", destinado a levar pessoas de baixa-renda gratuitamente as salas de exibições de todo o Brasil ?

Luís Pires: A idéia é muito interessante. Creio que é válida qualquer coisa que pudermos fazer para diminuir esse abismo social existente entre a população mais abastada e a mais carente. Tomara que ainda mais empresas exibidoras possam aderir a esse projeto, que já é uma realidade. Parabéns pela iniciativa.

Ademir: Ultimamente estão surgindo muitos remakes. Você acha que está acabando a criatividade dos cineastas ou é o medo de apostar em novas histórias ou pura preguiça para criarem novos roteiros ?

Luís Pires: Não creio que seja uma questão de falta de criatividade. O cinema nasceu como entretenimento mas acabou tomando um rumo mais comercial, principalmente nas últimas décadas. Creio que existem e ainda vão existir muitas boas histórias a serem filmadas, como é o caso mais recente de Pequena Miss Sunshine, que tem um roteiro simples e ao mesmo tempo original e maravilhoso. O problema é que para os grandes estúdios de Hollywood, tudo é business. Se der dinheiro, serve. Se não der, o projeto é descartado. Um bom exemplo disso são os filmes baseados em histórias em quadrinhos, muito comuns nos últimos anos. Será que os produtores resolveram externar suas preferências pelos personagens de quadrinhos ? É claro que não ! Depois da lucrativa adaptação da história do Homem-Aranha para as telas, sucesso que não tinha sido atingido com a mesma força com Batman e Superman, eles viram um filão lucrativo a ser explorado. E na esteira do Homem-Aranha vieram X-Men, Quarteto Fantástico, Hulk e até o inexpressivo Motoqueiro Fantasma. Eu, particularmente, acho isso muito bom, pois sempre fui fã de histórias em quadrinhos. Mas tenho consciência de que tudo se dá por causa do lucro e não por conta de roteiros e outros fatores.

Ademir: Poderia falar um pouco sobre o seu excelente blog " http://eliberoquestoposto.zip.net " ?

Luís Pires: Obrigado pelo imerecido elogio. O blog é uma grande brincadeira, a começar pelo nome. Eu fazia um curso de língua italiana e essa frase "è libero questo posto" tem o mesmo peso que a expressão "the book is on the table" do curso de inglês. Não que tenham o mesmo significado, mas todo livro didático de língua italiana tem em sua primeira lição a imagem de uma velhinha sentada num banco, com um local vago ao seu lado, com alguém a lhe perguntar se o local está vago. No curso, eu não perdia a oportunidade de usá-la, nos meus diálogos. Acabou virando uma espécie de marca registrada. Então, resolvi usar a frase como nome do blog. De certa maneira, faço hoje no blog o que já fazia através de email. Criei um grupo de mais ou menos cem pessoas, para o qual mandava emails com notícias, artigos, pensamentos, imagens, histórias de meu cotidiano, memórias e outras coisas que achava pertinente ao conhecimento de todos. Quando surgiram os blogs, logo criei o meu, com essa mesma intenção. Deixei de mandar os emails e essas pessoas, em sua maioria, passaram a acessar o blog. E assim tem sido. Basicamente, as visitas que recebo são de amigos ou pessoas indicadas por esses. Pra mim, é uma grande curtição e, ao mesmo tempo, uma maneira de "desenferrujar" um pouco a escrita. É uma pena que, por causa do trabalho, não consigo atualizá-lo tanto quanto gostaria. Às vezes, tenho histórias interessantes pra contar, mas não consigo tempo para escrevê-las. Mas faço o que posso. Gosto muito desse tipo de mídia e aposto minhas fichas que esse será o grande meio de comunicação das próximas décadas. As grandes empresas de comunicação, principalmente os jornais, já sacaram isso e tem dado grande espaço aos bloguistas.

Ademir: Algumas perguntas rápidas:

Um filme: Hum... muito difícil de escolher apenas um. Mas fico com aquele que mais revi até hoje: Feitiço de Áquila, de Richard Donner. Existem filmes superiores como a saga de Don Corleone, de O Poderoso Chefão. Mas acho tudo perfeito em Feitiço de Áquila: os atores, a atriz Michelle Pfeiffer, mais linda que nunca, os cenários, a fotografia, a música, o roteiro, enfim, foi o filme que mais senti prazer em assistir até hoje.

um ator: Jack Nicholson. Insuperável em qualquer papel. Da nova geração, escolheria o Johnny Depp, que não tem medo de ousar na escolha dos personagens que interpreta.

uma atriz: Meryl Streep. Sua interpretação em O Diabo veste Prada prova que ela continua cada vez mais competente. Das novas atrizes, fico com Scarlett Johansson. É impressionante o magnetismo dessa mulher. Enche a tela quando entra em cena. Tudo o mais fica pequeno perto dela.

um diretor: Steven Spielberg. Mesmo o pior filme dele é melhor que boa parte do que se vê por aí. Competente ao extremo.

um livro: Febre de Bola, de Nick Hornby. Sou apaixonado por futebol e foi fantástico me deparar com o depoimento de um inglês, que nutre pelo seu time, o Arsenal, os mesmos sentimentos que tenho pelo meu, o Corinthians. O que demonstra que esse esporte é universal e o quanto mexe com os sentimentos daqueles que o curtem.

um momento marcante na história do cinema: a seqüência da luta entre Luke Skywalker e Darth Vader, na qual ele descobre que o vilão é seu pai.

Ademir: Foi um imenso prazer ter essa conversa com você. Desejo-lhe muito sucesso.

Luís Pires: Pra mim também foi bacana. Agradeço pela oportunidade. Valeu !

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*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://ww.cranik.com : Ademir Pascale Cardoso - ademir@cranik.com
Entrevistado: Luís Pires
E nos informar pelo e-mail: webmaster@cranik.com 

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