Entrevista com a Diretora de Fotografia, Kátia Coelho
O Administrador do cranik "Ademir Pascale"  entrevista a Diretora de Fotografia, Kátia Coelho. (07/11/06)

DVD'S - CD'S - GAMES ONLINE - PRESENTES - CAMISETAS DE FILMES - LIVROS


 
Kátia Coelho - Foto Divulgação.

Kátia Coelho, professora de Fotografia Cinematográfica na Universidade de São Paulo/ Dep. de Vídeo e Cinema.

Mestrado em Fotografia Cinematográfica-USP com a dissertação:”Cinema Sem Palavras: Tônica Dominante e Kyrie ou O Início do Caos.”

PRÊMIOS DE LONGA METRAGEM

Prêmio Kodak Vision Award - Women in Film Los Angeles 2001 - TÔNICA DOMINANTE – Direção: Lina Chamie-segundo lugar.

Prêmio APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte - “TÔNICA DOMINANTE” DIR. Lina Chamie.

Prêmio Melhor Fotografia de Longa Metragem.
Festival de Belém.
“Como Fazer um Filme de Amor”
Direção: José Roberto Torero.

Prêmio Link Digital de Melhor Fotografia em Longa Metragem.
“Como Fazer um Filme de Amor”
Direção: José Roberto Torero.

Trabalhou em mais de 30 curtas metragens, filmes comerciais, Programas de TV e documentários.

Filmes comerciais realizados em várias produtoras como Academia de Filmes (Lea Van Steen, Dainara Tofolli, Marcos Jorge), Movieart (Bia Flecha), etc.

Videoclips de Chico César, Viper, Mascavo Roots, etc.


V. Zimmermann em cena do Premiado Longa-Metragem "Tônica Dominante" - Foto Divulgação

ENTREVISTA COM KÁTIA COELHO

Ademir: Como é ser a primeira Diretora de Fotografia no Brasil a dirigir a fotografia de um longa-metragem?

Kátia Coelho: Comecei minha carreira profissional como assistente de câmera. Também fui a primeira assistente de câmera, mulher, a fazer um longa metragem. Comecei a trabalhar, profissionalmente em 1983, após me formar na USP. Meu primeiro longa metragem como assistente de câmera (segunda assistente) foi “Além da Paixão”,dirigido por Bruno Barreto e fotografado por Affonso Beato.Talvez, por ter carreira internacional, Affonso imediatamente me deu essa força sem problemas.Comecei trabalhando com fotografia de cinema na faculdade com meu professor,o cineasta prematuramente falecido, Chico Botelho, diretor de longas metragens e diretor de fotografia. No cinema cultural (que sempre foi minha primeira escolha) nunca senti nenhum preconceito por ser mulher, só recebi bastante apoio das pessoas com quem trabalhei. Ser a primeira diretora de fotografia mulher a dirigir a fotografia de um longa metragem no Brasil (Tônica Dominante, dirigido por Lina Chamie) foi uma conseqüência natural do fato de ter sido a primeira assistente de câmera mulher a fazer um longa metragem.O filme que fotografei, “Tônica Dominante” teve uma boa repercussão:ganhei o Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte)e um prêmio Internacional, KODAK VISION AWARD, Los Angeles, segundo lugar em fotografia de longa metragem. O roteiro do filme, escrito pela diretora Lina Chamie, era baseado em imagens e música, o que me permitiu, a partir do roteiro, desenvolver um trabalho essencialmente visual em parceria com a direção.Hoje em dia, existem muitas jovens assistentes de câmera, algumas diretoras de fotografia mulheres Maritza Caneca(RJ), por exemplo. Então, a “novidade” já está indo embora e com a novidade está indo embora o preconceito também.

Ademir: Por que escolheu trabalhar com “fotografia de cinema”?

Kátia Coelho: Sempre gostei de cinema. Quando criança, morava em cima de um cinema (CineJamour) e o som dos filmes invadia o meu apartamento. Minha avó me levou assistir HELP, Richard Lester, umas três vezes quando criança porque, ou a gente ia assisitir ao filme ou ouvia a música o dia inteiro.Como a música dos Beatles é mágica, íamos ao cinema atraídas pela música como na fábula do "Flautista de Hamelin". Também lia muitas fotonovelas italianas, em preto e branco, ao lado de minha avó e adorava!Acho que esse foi o início da minha carreira.Um pouco jovem, seis anos, mas o interesse pela imagem surgiu daí.Ganhei também (sempre de minha avó) minha primeira câmera fotográfica KODAK Instamatic e um laboratório fotográfico de brinquedo que ampliava fotos de verdade por contato!Ainda tenho essas imagens: são azuis!

Ademir: Você também ministra aulas voltadas a Fotografia de Cinema?

Kátia Coelho: Faço workshops em festivais, palestras no EDUCINE (SP) e dou aulas de fotografia em cinema e vídeo na Universidade de São Paulo no Curso Superior do Audiovisual.


Fernando A. Pinto em cena do Premiado Longa-Metragem "Tônica Dominante" - Foto Divulgação

Ademir: No seu ponto de vista, por que a maioria dos diretores de fotografia do mundo, são homens?

kátia Coelho: Na maioria das profissões, o trabalho desenvolvido pela mulher, o”deixar” de ser dona de casa , começou nos anos 60, com a liberação feminina, com o movimento hippie. Com uma mudança estrutural do pensamento da própria existência.É natural que um trabalho com equipamentos pesados como a direção de fotografia em cinema afastasse, em princípio, o interesse feminino. Mas a fotografia de cinema é um trabalho criativo, intelectual onde o peso dos equipamentos faz parte do ofício mas é só uma pequena parte.

Ademir: No total, em quantos curtas e longas-metragens você trabalhou?

Kátia Coelho: Como assistente de câmera fiz mais de 20 longas metragens e como diretora de fotografia fiz cinco. Curtas, Clipes, programas de TV perdi as contas...ai...acho que o tempo está passando!

Ademir: Como foi o trabalho no longa “Tônica Dominante” com a diretora Lina Chamie?

Kátia Coelho: Trabalhar com Lina Chamie é sempre um presente para um diretor de fotografia. Lina pensa muito a técnica sem esquecer o sentimento em seus roteiros.Em “Tônica Dominante”, pudemos, eu e a diretora de arte Ana Mara Abreu, mergulhar num universo de pesquisa de cores e texturas que já existiam no próprio roteiro.É um filme que se baseia na imagem como narrativa da história. Minha nova experiência com a diretora Lina Chamie (novamente em parceria com a diretora de arte Ana Mara Abreu), o longa metragem “A Via Láctea”, foi feito de outra forma, uma outra técnica, um outro olhar, sem iluminação, em vídeo, mas sempre com a reflexão da história, da técnica incorporada ao roteiro.Lina é uma diretora que traz desafios para o diretor de fotografia.”Tônica Dominante” e“A Via Láctea” são extremos opostos em suas narrativas visuais porém com um ponto em comum , a meu ver, de uma narrativa sensível, masculina e feminina. Como nos quadros de Gustave Klimt

Ademir: Você acredita que existiu uma melhora no cinema nacional? Se sim, em quais quesitos?

Kátia Coelho: Eu adoro cinema brasileiro, sempre gostei. Assistia filmes nacionais quando era adolescente. Lembro muito de um filme chamado “O Inseto do Amor”, roteiro de Sílvio de Abreu e direção de Fauze Mansur. Morri de rir, era na época da pornochanchada. O texto era muito bom! Eu acho que, atualmente existe uma pré-disposição dos tempos a induzir o público a assistir filmes nacionais como já aconteceu, anteriormente no tempo das chanchadas, por exemplo. E, tecnicamente, o cinema nacional está acompanhando o cinema estrangeiro. As salas melhoraram muito a qualidade.Temos cinemas de excelente nível de imagem e som como os da rede Artplex, por exemplo. Mas, outro dia assisti ao filme ”O Padre e a Moça” e revi Macunaíma em cópia restaurada.Ambos de Joaquim Pedro de Andrade.Excelentes! Para mim, o cinema nacional sempre foi maravilhoso!


Vera Holtz em cena do Premiado Longa-Metragem "Tônica Dominante" - Foto Divulgação

Ademir: Apenas uma pequena porcentagem da população Brasileira vai ao cinema. No seu ponto de vista, o que poderia ser melhorado para nós termos uma melhor acessibilidade as salas de exibições?

Kátia Coelho: Eu acho que está se criando uma política de expansão de salas (com projeções digitais ou mesmo em película), no interior das cidades ou mesmo a exibição de filmes em praças públicas, onde pessoas que nunca foram ao cinema tem acesso aquela imagem exibida em tela grande. Essa política me parece muito interessante.Me lembra um filme que assisti há muito tempo, um filme espanhol, ”O Espírito da Colméia”.Pela primeira vez, era exibido, em uma pequena cidade, um filme em projeção montada em um cinema itinerante na praça.O filme que passou foi "Frankestein", a cena é inesquecível.O brilho nos olhos das pessoas vendo aquela imagem que, para elas,era tão verdadeira e assustadora, era lindo! Um filme que deve funcionar muito bem em locais onde não existe o cinema (populações ribeirinhas à beira do Amazonas, por exemplo) é “Lisbela e o Prisioneiro”, Guel Arraes, acho o filme uma graça!

Ademir: Algumas perguntas rápidas.

Um longa-metragem, e por quê?: "Manhattan" Woody Allen: Nova York em Preto e Branco, mágica!

Um curta-metragem: Tori, de Quelany Vicente e Andréa Midori, meu último curta fotografado:um olhar muito especial da personagem, uma menina japonesa, sob a delicada direção de Quelany e Andréa.

Um diretor: Almodóvar e Lucrécia Martel.

Um ator: Tom Cruise.

Uma atriz: Naomi Watts.

Um momento inesquecível do cinema: A cena final em “Manhattan” quando Mariel Hemingway diz a Woody Allen que é preciso acreditar nas pessoas. Ao final, toca Rapsódia in Blue de Gershwin. É de chorar de emoção!

Ademir: Mais uma vez lhe agradeço pela gentileza e simpatia. Tive o prazer de assistir uma de suas excelentes aulas de Direção de Fotografia e, espero ter a oportunidade de assistir outras.

Kátia Coelho: Muito obrigada!

DVD'S - CD'S - GAMES ONLINE - PRESENTES - CAMISETAS DE FILMES - LIVROS

© Cranik

*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Entrevistador e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale Cardoso (conheça o administrador do cranik - Clique Aqui)
Entrevistada: kátia Coelho.
E nos informar pelo e-mail: webmaster@cranik.com 

Indique esta entrevista para um amigo! Clique Aqui      

 


© Cranik - 2003/2007