Ademir: De onde surgiu a
idéia da criação do site "APOLO 11 -
www.apolo11.com "?
Rogério: O espaço sempre
me fascinou. Desde pequeno sempre me interessei em
ver a Terra lá de cima. Apesar de ter estudado
eletrônica, li e ainda leio muito sobre todos os
temas abordados em nosso site, que abrange
geografia, geologia, astronomia, astrofísica,
meteorologia, arqueologia, imagens de satélites e um
monte de outros assuntos relacionados.
Quando criei o Apolo11 o fiz
pelo prazer em poder compartilhar com outras pessoas
as mesmas coisas que eu gosto. Atualmente fico
espantado com a quantidade de usuários que tem o
mesmo perfil que eu.
Com relação ao nome, é uma
homenagem a um projeto gigantesco, descomunal, dos
anos 60 e 70, que culminou com a chegada do Homem à
Lua.
Ademir: Atualmente, quem
trabalha no desenvolvimento do site?
Rogério: O
desenvolvimento do site é feito somente por mim.
Tenho a colaboração de algumas pessoas, mas são
esporádicas. No Apolo11 faço tudo. Procuro,
pesquiso, diagramo, escrevo, programo e ilustro. Às
vezes dá trabalho, mas a resposta do usuário é
imediata e positiva.
O
Apolo11 tem uma
responsabilidade muito grande na formação das
pessoas, especialmente dos mais jovens e a linguagem
que uso agrada. É simples, mas técnica onde deve
ser.
Ademir: Qual a
expectativa para o prêmio ibest 2006?
Rogério: Participo do
Ibest com falsa esperança, mais por teimosia. Não
existe uma categoria adequada para inserir o site,
além de ter um sistema de voto duvidoso. Não com
relação à idoneidade, mas com relação à validação do
voto. São necessários muitos dados, inclusive CPF. O
usuário não gosta de se cadastrar e fornecer números
de documentos. E pior: quando consegue votar, quase
sempre recebe uma mensagem de erro do banco de
dados.
Recebi centenas de e-mails de
potenciais eleitores que disseram que tentaram,
tentaram e não conseguiram votar.
Nas últimas parciais, sites
muito menores estão à nossa frente. Se as
dificuldades de votar são iguais para todos, mas
temos mais usuários, isso não faz sentido.
A quantidade de visitas de um
site é facilmente verificada através do Instituto
Alexa, que mede a audiência de sites. Temos muitas
vezes mais audiência do que aqueles apontados na
nossa frente nas parciais. Essa provavelmente é a
nossa última participação no Ibest.
Ademir: O que você acha
da "Missão Centenário" da qual o primeiro astronauta
brasileiro "Ten.cel. Marcos Pontes" participará?
Rogério: Tenho orgulho
do astronauta Marcos Pontes. A colocação em órbita
de um brasileiro, acredito eu, pode servir de
inspiração à milhares de jovens. O problema maior é
o custo da missão, da ordem de 15 milhões de dólares
pagos à agência espacial russa.
Esse dinheiro, investido em
pesquisa nas universidades, poderia gerar muito mais
resultados.
A ida de Marcos Pontes ao
espaço é importante, mas precisa ser acompanhada de
políticas educacionais, senão vai se tornar mais um
espetáculo de televisão do que de fomento à
ciência.
Ademir: No seu ponto de
vista, o que mudará no Brasil após a missão?
Rogério: Depende. Pode
mudar muito se acompanhado de políticas educacionais
adequadas, caso contrário, podemos transformar uma
boa idéia em mais um cabo eleitoral.
Ademir: Qual a sua
opinião sobre as possibilidades de vida alienígena
em planetas com condições climáticas não aceitáveis
para a vida humana?
Rogério: Os cientistas
procuram “vida” em outros sistemas baseados nos
nossos padrões. Ou seja, precisa haver condições
técnicas conhecidas para que possa haver vida.
Precisa haver carbono, água e temperaturas
apropriadas. Esses são padrões baseados no
conhecimento humano e que foram adquiridos durante
toda a nossa existência.
Pode haver vida fora desses
padrões? Sim, pode, mas nosso conhecimento ainda não
permite afirmar isso. Se amanhã for descoberta uma
simples bactéria que sobreviva a 200 graus
negativos, acredito que todo o pensamento humano
sobre o surgimento da vida será reformulado. Será
uma revolução.
Ademir: Em relação ao
universo, você acredita na teoria do brilhante
físico teórico “Stephen Hawking”, da existência de
inúmeros universos e, milhões de planetas
habitados?
Rogério: Hawking é um
gênio. A formulação da teoria dos multi-universos ou
multiversos é aceita por alguns e rejeitada por
outros. Pela teoria, pode haver um outro Rogério ou
outro Ademir em alguma parte. Pode estar a bilhões
de anos-luz ou a milímetros de distância, em outra
dimensão. Pode também abrigar outros universos
completamente estranhos.
Aceito com reservas a teoria de
Hawking, mas não tenho conhecimentos profundos para
debatê-la.
Ademir: Existe uma
solução para diminuir o aquecimento global e
desacelerar o derretimento de geleiras no
Atlântico?
Rogério: Acredito que é
necessário mais do que reuniões entre os países
diretamente envolvidos na emissão de gases. É
preciso agir de forma concreta, com controle
extremamente rígido sobre a poluição. A Alemanha é
um exemplo a ser seguido.
O aquecimento global é um fato
real e ameaça seriamente a vida na Terra. Se o lucro
dos grandes poluidores for colocado acima da
racionalidade, não haverá dólares suficientes para
enterrar as vítimas.
A natureza está aí há anos. Ela
se transforma sistematicamente e sem dúvida vai se
recuperar. Pode levar milhões de anos, mas vai.
O problema somos nós. Se não
cuidarmos imediatamente do nosso planeta, corremos o
sério risco de não vivermos para poder contar a
história. O ser humano é muito fraco se comparado à
força da natureza.
Ademir: O que poderá
acontecer se o derretimento das geleiras continuarem
neste mesmo processo?
Rogério: Tudo é
imprevisível. Alguns estudos apontam que em 50 anos,
o nível dos oceanos deve subir cerca de 36
centímetros. Se de fato isso se confirmar, cidades
inteiras próximas à orla marítima desaparecerão ou
deverão recuar fortemente. Se não forem modificados
a tempo, sistemas inteiros de esgotamento de água
deixarão de funcionar. As galerias atuais serão
inundadas. Meteorologicamente, o equilíbrio de
chuvas e ventos será modificado com conseqüências
imprevisíveis. A agricultura sofrerá um grande
impacto devido à mudança nas temperaturas e índices
pluviométricos. É uma incógnita, já que a mudança
nos padrões ocorrerá muito rapidamente.
Ademir: Qual foi o maior
acontecimento dos últimos tempos na Astronomia?
Rogério: Acredito que a
colocação em órbita do telescópio Hubble mudou
diversos conceitos que se tinha do universo e de sua
formação. É impressionante a quantidade de novos
dados que são enviados pelo Hubble. Fotos de
estrelas sendo atraídas por buracos negros, formação
de novas galáxias e mais recentemente a confirmação
de mais dois satélites de Plutão. Outro fato
importante foi também a descoberta de água em Marte,
pela Agência Espacial Européia. Mas sem dúvida, o
Hubble é uma máquina impressionante e a cada dia
mais impressiona pelas descobertas.
Ademir: E quais os
piores desastres naturais?
Rogério: Sem dúvida o
tsunami no oceano índico. Foi um desastre onde
pudemos testemunhar, através de imagens ao vivo, a
gigantesca força da natureza. Vimos a nossa
fragilidade diante de uma demonstração descomunal de
energia. O furacão Katrina, praticamente submergindo
New Orleans também impressiona, mas não se compara
à tragédia na Indonésia.
Outro desastre natural que
chamou a atenção foi a erupção do Monte Pinatubo,
que provocou alteração climáticas em diversas partes
do mundo durante muitos dias.
Ademir: Como os
internautas interessados, deverão proceder para
participar do site "Apolo 11 -
www.apolo11.com "?
Rogério: Basta escrever.
Se forem idéias ou artigos interessantes, com temas
ligados ao portal, sem dúvida serão publicados.
Ademir: Obrigado pela
entrevista, desejo-lhe muito sucesso.
Rogério: Muito obrigado
pelo espaço concedido. A iniciativa do Portal Cranik é sem
dúvida um grande passo para o desenvolvimento da
internet educativa. Também desejo muito sucesso.
Obrigado!
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*Você poderá adicionar essa
entrevista em seu site, desde que insira os devidos
créditos: Entrevistador e Administrador do
http://ww.cranik.com :
Ademir Pascale Cardoso
Entrevistado: Rogério
Leite.
E nos informar pelo e-mail:
webmaster@cranik.com
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Entrevista com Rogério Leite, criador do 