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Salvador Nogueira
(crédito da
foto: Folha Imagem)
O Jornalista Salvador Nogueira, 26, estudou
jornalismo na USP e especializou-se em astronomia.
Escreve para o caderno de Ciência da Folha de SP desde o
ano 2000 e é colunista da Folha Online. Responsável pelo
site que divulga a série de ficção científica "Jornada
nas Estrelas" Trek Brasilis -
www.trekbrasilis.net , sócio-fundador e membro do
Conselho Deliberativo da Associação Aeroespacial
Brasileira e autor do livro "Rumo ao Infinito - Editora
Globo" lançado em julho de 2005. Hoje será entrevistado
pelo presidente do Portal Cranik "Ademir Pascale".
ENTREVISTA
Ademir Pascale: Por que escolheu especializar-se em
astronomia?
Salvador Nogueira: É uma paixão desde a infância. É
impressionante como a astronomia, e essa noção mais
ampla de entender o “todo” que nos cerca, chama. Pelo
menos para mim chamou.
Ademir Pascale: De onde surgiu a idéia da criação do site
Trek
Brasilis (www.trekbrasilis.net) e como é ser um dos
principais editores do site que divulga no Brasil a
clássica série "Jornada nas Estrelas"?
Salvador Nogueira: “Jornada nas Estrelas” é uma série
otimista sobre o futuro da espécie humana e oferece uma
oportunidade, através da imaginação, de explorar outros
mundos. É um grande experimento de reflexão, sobre o ser
humano e o que há lá fora. Então, sinto-me um
privilegiado de lidar de alguma maneira com a série e de
contagiar os outros com meu entusiasmo. O site, e sua
criação no hoje longínquo 1999, reflete exatamente isso.
Ademir Pascale: Como é o dia-a-dia como repórter do caderno
Ciência da Folha de São Paulo e colunista da Folha Online?
Salvador Nogueira: Dá trabalho. Minha “base de
operações” é basicamente a Redação da Folha, mas quem
realmente mergulha no assunto tem de estar sempre
ligado. É um telefone que toca, é uma informação nova na internet, não tem muito “horário de trabalho”, na
verdade. Apesar do cansaço, vale a pena cada minuto.
Ademir Pascale: Como foi a sua entrevista na Rússia com os
integrantes da próxima expedição ao complexo orbital,
que sairá no dia 30 de março, a bordo da nave russa Soyuz TMA-8?
Salvador Nogueira: Foi interessante, sobretudo pela
oportunidade de conhecer as instalações de treinamento
dos russos -- que estão em uso desde os tempos de Yuri Gagarin. Quanto à interação com a tripulação que voará
na Soyuz TMA-8, embora não tenha sido tão intensa (salvo
pelo nosso astronauta brasileiro), é sempre um prazer
conversar com astronautas!
Ademir Pascale: O Ten. Cel. Marcos Pontes, Astronauta
Brasileiro, está ansioso para partir na primeira missão
científica espacial brasileira (Missão Centenário)?
Salvador Nogueira: Oh, e como. Muito ansioso. Mas ciente
de que o mais importante é a preparação. Ele está
preparado para isso, então a ansiedade acaba ficando em
segundo plano. Ele é um piloto, e para ele voar é o que
importa.
Ademir Pascale: Qual a real importância desta missão para o
Brasil e o que mudará depois da realização da mesma?
Salvador Nogueira: A missão pode ser vista de vários
ângulos. Há o fator científico (experimentos
interessantes estarão a bordo), mas eu acho que o mais
importante é o fator educacional e de motivação. O que
vai mudar depois da missão? É simples. O Brasil vai
passar de um país que não tinha um astronauta para um
que agora tem. É um salto qualitativo no seu esforço de
se colocar como nação de ponta em pesquisa espacial, e
um elemento de muita motivação para toda essa juventude
aí fora que hoje, como eu na minha infância, sonha em
ser astronauta.
Ademir Pascale: Poderia fazer um comentário sobre o seu primeiro
livro lançado pela Editora Globo em 20 de julho de 2005,
intitulado Rumo ao Infinito?
Salvador Nogueira: “Rumo ao Infinito” era uma coisa que
eu tinha de fazer. Foram muitas madrugadas insones,
muita pesquisa fora do serviço e muita paixão para
produzi-lo. É um livro que basicamente relata o que
fizemos no espaço até hoje e envia, em alto e bom som,
uma mensagem que estamos precisando ouvir: o futuro da
humanidade está no espaço.
Ademir Pascale: Como os interessados deverão proceder para
adquiri-lo?
Salvador Nogueira: Está na maioria das livrarias, e
também nas lojas online, como Submarino
(www.submarino.com.br). A Editora Globo tem um sistema
bom de distribuição.
Ademir Pascale: Já tem planos para lançar o segundo livro?
Salvador Nogueira: Sim. Vai acontecer em alguns meses,
possivelmente antes do fim do semestre. Ele lida com um
tema polêmico -- quem realmente inventou o primeiro
avião, Santos-Dumont ou os irmãos Wright? É tudo que me
arrisco a dizer no momento.
VIDA FORA DO PLANETA TERRA.
"Quando nos referimos a um ser “alienígena”, já nos vem
em mente um ser com estatura semelhante a nossa, dois
braços, duas pernas, dois olhos, cor acinzentada ou
esverdeada e, raciocínio lógico. Isso faz parte do Campo
Lexical do “ser humano”, como um Paradigma (modelo,
padrão). Acredito plenamente na teoria do brilhante
físico teórico “Stephen Hawking”, da existência de
inúmeros universos e, milhões de planetas habitados, mas
diversos cientistas e pesquisadores, podem errar em
descrever os alienígenas, comparando ao perfil de nós,
seres humanos. Porque a NASA e seus envolvidos, procuram
oxigênio, dióxido de carbono, hidrogênio e temperatura
adequada “ao ser humano” em um outro planeta? É verdade
que a água é o principal solvente para as reações
químicas da vida “no qual conhecemos”, mas, e os seres
que não conhecemos? Não seriam capazes de se
desenvolverem sem as principais matérias que constituem
a base da vida humana? (...)" - Ademir Pascale
(
www.cranik.com/paradigmaecampolexical.html)
Ademir Pascale: Referente ao trecho do artigo acima "O Paradigma
e o Campo Lexical da Ufologia" Qual a sua opinião
referente
as possibilidades de vida alienígena em planetas com
condições climáticas não aceitáveis para a vida humana?
Salvador Nogueira: Acho que o que não sabemos em muito
supera o que sabemos. Então, quem sou eu para dizer que
não existe vida diferente da que há na Terra? Por outro
lado, sem informações confiáveis, o melhor a se fazer é
guiar a pesquisa pelo pouco que sabemos. Procurar vida
como a terrestre ajuda a entender quão prevalente esse
tipo de vida é no universo e, portanto, esclarece
dúvidas sobre o quão “especiais” podemos ser no cosmos.
É a esse tipo de reflexão que me debruço em “Rumo ao
Infinito”, sobretudo nos últimos capítulos.
Ademir Pascale: Há várias épocas, a humanidade relatou a
presença de estranhos objetos no céu, muitas das vezes
foram descritos no passado como sendo anjos, sol, Deus,
nuvens, carruagens de fogo etc.
Veja algumas das centenas de relatos abaixo:
Em 1504 a 1450 a.C. — escribas viram no céu círculos de
fogo que, em seguida, subiram mais alto e se dirigiram
para o sul.
608 a.C. — “É a segunda vez que me foi dirigida à
palavra do senhor a qual dizia: Que vês tu? E respondi:
Vejo panela a ferver que vem da banda do Aquilão", (Jeremias-1.13).
214 a.C. — em Hádria, no Golfo de Veneza, houve um
estranho espetáculo. Surgiu um homem vestido de branco
sobre um altar no céu. (Julius Obsequens e Tito Livius
em história romana – versículo 21- capítulo 62).
204 a.C. — apareceram dois anjos resplandecentes no céu,
de aparência pavorosa e paralisaram o
exército egípcio de Ptolomeu IV, quando ele resolveu
matar os judeus.
776 d.C. — os Franceses, dentro do castelo de Sigibut,
estavam sitiados pelos saxões. No entanto, foram salvos
quando surgiram sobre a igreja da fortaleza, dois
escudos vermelhos no céu. E assim os saxões fugiram. (Annales
Laurissense).
Qual a sua opinião em relação aos antigos relatos de
aparições estranhas no céu?
Salvador Nogueira: Acho que elas são ou fruto da
criatividade de seus cronistas ou, como você mesmo
descreveu, “aparições estranhas no céu”. Não
necessariamente uma “aparição estranha no céu” é um
disco voador ou evidência de alienígenas. O principal
problema desses estudos com base em relatos antigos é
que nem os antigos sabiam o que estavam vendo... como
nós vamos saber?
Ademir Pascale: Você acha que um dia o governo Brasileiro
reconhecerá a ufologia e o seu estudo no Brasil, assim
como alguns países já reconhecem?
Salvador Nogueira: Não tenho a menor idéia. O problema
com esse campo todo é que há tanto charlatanismo
envolvido que o 1% das coisas que realmente seguem sem
explicação, que realmente merecem mais investigação e
explicações mais audazes, fica ofuscado pela picaretagem
reinante. Aposto que é um trabalho árduo investigar
seriamente todos os registros em vídeo e fotografia de
supostos OVNIs, e que em muitos casos tudo não passa de
fraude. Aqui no jornal mesmo, um ou outro fotógrafo
vira-e-mexe aparece para vender fotos de OVNIs. Até
hoje, todos os casos foram fraudes grosseiras,
identificadas rapidamente. Isso prejudica imensamente o
reconhecimento dos pesquisadores sérios no assunto.
Ademir Pascale: Agradeço mais uma vez pela entrevista e
presteza. Desejo-lhe muito sucesso.
Salvador Nogueira: Eu é que agradeço pela oportunidade
e pelo interesse.
Rumo ao Infinito é o primeiro livro de Salvador
Nogueira, publicado pela Editora Globo. Ele chegou às
livrarias no dia 20 de julho de 2005, exatos 36 anos
após a primeira caminhada de um ser humano sobre a Lua.
(446 páginas + 16 páginas de fotos coloridas)
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ENTREVISTA COM 
