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Entrevista com Renato Alves.
O Administrador do cranik "Ademir Pascale"  entrevista o jornalista e professor de cinema
"Renato Alves" (15/12/05) - última entrevista de 2005

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Renato Alves - Foto Divulgação

Ademir: Olá, Renato. Agradeço por aceitar a entrevista. Para iniciarmos, gostaria de saber porque você escolheu o “Jornalismo” e desde quando começou o seu grande interesse pelo cinema?

Renato: Escolhi Jornalismo por achar que essa profissão ia me ajudar a unir minhas duas grandes paixões: cinema e futebol. O futebol acabou ficando pela metade do caminho. Apenas como torcedor. Meu interesse por cinema começou quando tinha cinco anos e via filme dos Trapalhões. Aquela forma de contar histórias me cativou desde o inicio da minha infância. Todas férias ficava ansioso para ir ao cinema. Mas, quando cheguei aos 10 anos e vi Touro Indomável com De Niro disse a mim mesmo que precisava trabalhar com aquela arte. Aquilo sim era uma forma diferente e bacana de contar histórias. Esse filme me tocou muito. Até hoje me emociono com ele. A atuação de De Niro é impecável.

Ademir: Como você acha que anda o cinema nacional em relação ao internacional?

Renato: Valorizo muito o cinema da europa. Acho que o cinema europeu é muito bom em termos de roteiro. A densidade das histórias européias é muito rica. O cinema americano acho que tem alguns destaques positivos como Tarantino e muita porcaria como os grandes blockbusters. O cinema asiático também merece crédito. Tem ótimos diretores e bons roteiros. Herói e O Clã das Adagas Voadoras foram, no meu conceito, os grandes destaques do ano.
O cinema nacional está em uma grande fase. Nossa falta de dinheiro para o cinema tem um lado bom. Pouca grana obriga o sujeito a usar a criatividade e isso é muito importante. Isso faz com que o cara ponha a mão na massa para conseguir o que quer. Prova disso é Star Wars. Os três primeiros, feito sem muita grana, são grandes filmes em termos de história e criatividade. A trilogia final, com muita verba, não tem a mesma riqueza. Falha em vários pontos. Cinema nacional é rico em talento de diretores, elencos e produtores. No geral acho que o cinema brasileiro e o europeu são muito semelhantes. Só acho que o cinema da europa ainda leva vantagem em termos de roteiro. Os nossos são bons, mas o deles é melhor. Precisamos e temos potencial para melhor muito nesse quesito.
O maior defeito do cinema tupiniquim é depender da televisão. O dia que a Globo resolver abandonar o barco a casa pode cair legal para o cinema. Deve ser arrumado um jeito de conseguir verba independente da televisão. A tv deve ser alidada, não dona. E isso também vale para dependência do governo. Depender do governo é pior ainda. O cinema tem que ter suas próprias pernas.

Ademir: O que você acha do incentivo de projetos culturais, igual ao “Vá ao cinema – www.cranik.com/cinema.html”, no qual ajuda o nosso país no quesito “inclusão social e cultural”?

Renato: Importantíssimo. Todo incentivo que leva o povo a conhecer sua própria cultura deve ser valorizada. Se toda empresa ligada a cinema fizesse sua parte teríamos uma sociedade com mais conhecimento cultural. O teatro também devia ter mais incentivos. Toda arte idem. Os países só melhoram com uma sociedade com mais cultura. A televisão devia fazer isso. O governo devia fazer sua parte. Todos. Enquanto for uma minoria, vai ajudar, mas não vai resolver.

Ademir: Algumas perguntas rápidas.

Um filme: Trilogia O Poderoso Chefão, sem dúvida.

Um ator: Robert De Niro. O melhor de todos os tempos.

Uma atriz: Uma Thurman, sexy e talentosa.

Um diretor: Quentin Tarantino, gênio.

Um crítico: Rubens Ewald Filho, conhece tudo.

Um curta metragem: O Caminho e O Crime do Pacote.

Um momento inesquecível do cinema: Final de Cinema Paradiso. Choro todas as vezes que vejo.

Ademir: Faça um breve comentário sobre suas atividades como professor de cinema.

Renato: Nesse projeto passo filmes nacionais e europeus a adolescentes que só tem acesso a cinema blockbuster. Levo produções de todos os tipos: clássicos, mudos, raros. Eles precisam ter o minímo de acesso a obras mágicas do cinema. Nesse projeto também levei diversos garotos pela primeira vez ao cinema. Foi uma honra e uma responsabilidade muito grande.
Tive dois grandes orgulhos nesse projeto: o primeiro foi quando eles gostaram de um filme francês de 1904 que levei a eles. Eles aproveitaram demais. E a maior de todas as alegrias foi quando levei Psicose e eles ficaram presos na cadeira até o último segundo. Ali eu vi que meu trabalho estava sendo bem feito.

Ademir: No seu ponto de vista, existe algum filme que deveria ter uma continuação, no qual não teve até hoje?

Renato: Sou contra qualquer tipo de continuação. Veja o caso Matrix. O primeiro um momento histórico do cinema, as continuações são uma vergonha. Péssimos de dar dó. Os poucos casos que valeram a pena foi O Poderoso Chefão e O Senhor dos Anéis. No geral seqüência de filme é ruim.

Ademir: E qual filme(s) não deveria ter uma continuação, e teve?

Renato: O pior de todos foi Psicopata Americano. A riqueza do primeiro é imperdível e obrigatória para quem quer conhecer a loucura do cidadão hipócrita americano. O segundo uma aberração da sétima arte. Horrível.

Ademir: Para pessoas interessadas em bater um papo sobre cinema, ou novas entrevistas e matérias relacionadas também ao cinema, como deverão proceder para entrarem em contato com você?

Renato: Através do meu e-mail: rjasss@hotmail.com

Ademir: Um grande abraço e sucesso na sua carreira.

Renato: Obrigado e boa sorte no seu trabalho.

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*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Entrevistador e Administrador do http://ww.cranik.com : Ademir Pascale Cardoso
Entrevistado: Renato Alves.
E nos informar pelo e-mail: suporte@cranik.com 

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