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Entrevista com Cícero Silva.
O Administrador do cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor e artista plástico "Cícero Silva" (01/11/05)

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Ademir: Olá, Cícero! Obrigado por aceitar a entrevista, primeiramente, gostaria de saber como você iniciou na área artística.

Cícero: Eu lembro perfeitamente quando eu tinha cinco anos e fazia algumas garatujas. Eram desenhos interessantes. Aos dezesseis anos participei de um concurso de desenho e ganhei com um trabalho cujo tema era ”Pobreza”.

Ademir: Parece que você já escreveu um livro, poderia fazer um comentário a respeito?

Cícero: Claro. Eu tinha dezoito anos quando o escrevi. A professora de Língua Portuguesa, Cristina Tabosa (pessoa de um intelecto fora do comum, a qual tenho um respeito e uma admiração incomensurável), foi quem me incentivou. Lembro que um dia ela levou à sala de aula um poema meu. E, quando terminou de ler, falara que aquele poema que recitara, não era de nenhum autor famoso, mas de um aluno daquela sala. Meus colegas ficaram surpresos e, o que me chamou mais à atenção, foi a aceitação unânime do grupo. Aquilo foi um incentivo inefável.
Meses depois. Reuni quarenta e dois poemas e, com o patrocínio de um político, consegui publicá-lo. Um livro modesto, com 42 poemas. E o legal foi que depois do livro, professores de Língua Portuguesa, de minha cidade, trabalharam com alguns poemas.
Já escrevi mais de trezentos poemas.
Este foi um dos primeiros:

EU E VOCÊ
(Cícero Silva)

Você foi efêmera
Em minha vida
E só ficamos juntos por ficar.
Não havia amor
E o que não queríamos era nos apaixonar.
Mas, tudo em nós reunia todas as boas qualidades
E tudo se encaixava perfeitamente:
Nossos corpos, nossos lábios... tudo.
Depois um sentimento forte
Foi tomando conta de nós dois;
sem querer, sem perceber
Fomos o abrangendo.
Ficamos irradiantes de um sentimento supremo, onipotente
Que transformara uma forte atração
Em algo
Que nunca pensamos que fosse existir.
Deixamos de lado a empáfia, assumimos o amor.
Eu e você com um jeito ladino e indômito de amar,
Metamorfoseamos minutos de carinho multívolo
Por amor perene, perpétuo.
Eu e você formamos um casal completo
E lhe digo
Que não sou nada sem você.
Somos pacíficos, pacatos
E eternamente apaixonados.

Hoje, eu faço mais com métrica, como este:

SONETO À MINHA DOR
(Cícero Silva)

Intrépido sentimento pulcro,
Júbilo efêmero que tocou-me;
Paupérrimo quão deixou-me xucro,
Puérpera, minha amada finou-se.

Sem a minha deusa, eu sou lânguido,
Ressaibo estou da vida "pútrida";
Que sem seu odor, o tudo é fétido
E deixa minh’alma triste, lúgubre.

Enfática está minha tristeza,
Atônito e sem ânimo estou,
Lágrima e dor meu rosto enfatiza.

Cada vez é a solidão mórbida
Que apropínqua-me à morte inequívoca
E finda meu corpo frio, frívolo.

Um dos meus trabalhos apresentados na faculdade, foi um poema com um assunto gramatical. E nesse período, na universidade, quero organizar um livro só com poemas (com métrica) envolvendo assuntos da Gramática Normativa. Já tenho vários.
Bacana foi escutar de alguns: “Que lega! Eu agora sei o que é crase.”


“Crase”
(Cícero Silva)

Confundir grave com crase
é um erro muito crasso.
A “crase” do grego: Krásis
É a mistura, a fusão.
Mas na hora da hesitação,
Grave, gravou? É o acento,
Não trocar por contração.

Com a evolução da língua
Algumas palavras mudaram:
Pee, soo, leer, door (que horror)
Pé, só, ler, dor (reformou).
Ocorreu, então, a crase,
Porém, sem acento grave
Grave aí, é insânia grave.

Só há acento da crase,
Diante de certos vocábulos.
Substantivos femininos
São os privilegiados.
Dedico-me às artes.
Irei cedo à cidade.
Só assisto a filmes de amor.

Para haver contração,
O verbo tem que pedir,
Reclamar preposição
E, misturado ao artigo,
Ocorre aí, a contração.
Portanto, só fica crítico
Se esquecer o diacrítico.

Depois dessa, não vá falar:
“Teacher, posso ‘crasear o a’?”
cuidado no que for proferir,
sarcástico, alguém pode rir.
Assim, mancebos e mocitas,
Se há crase, coloca o grave,
Se não há crase, não agrave.

Ademir: O que você acha do Cordel?

Cícero: Os portugueses trouxeram essa maravilha pra cá. E a poesia de cordel dá beleza e riqueza a nossa cultura. Eu lembro quando eu era criança e morava em Pernambuco, havia um espaço onde vendiam esse tipo de poesia. Eu ficava fascinado, não só com o cordel, mas com as xilogravuras.

Ademir: Você acha que o Brasileiro precisa de um incentivo para aprender e expor a sua arte, ou está bom da forma como está?

Cícero: Precisa ser mais valorizado e sempre receber incentivo, para que o êxito de seu talento seja alcançado.

Ademir: Como defensor e incentivador da cultura no Brasil, eu sinto muita dificuldade em conseguir expor o meu projeto de inclusão cultural para a mídia (veja mais em http://www.cranik.com/release.html ), para que o mesmo se amplie, atingindo cada vez mais, pessoas que sofrem com a exclusão cultural. Não generalizando, porque você acha que os maiores meios de comunicação “Grandes Jornais, Revistas, TV, Rádio, Editoras” não dão muita chance para pessoas como nós, que lutam com muita dificuldade, enfrentando barreiras imensas para trazer e beneficiar pessoas que sofrem com a exclusão cultural, pessoas de baixa renda a aprenderem mais com a cultura, suavizando os dramas que pautam o cotidiano sofrido do dia-a-dia? Enquanto que os maiores meios de comunicação, como os já citados, preferem redigir matérias relacionadas a intimidade de atores, fofocas, sexo e etc?.

Cícero: Enquanto as garotas calipígias fazem sucesso na mídia; alguns artistas que produzem trabalhos interessantes, não tem o mínimo espaço. É difícil você ligar seu televisor e assistir a algo relevante. Geralmente só se vê lixo cultural.

Ademir: Você acha que o crescimento da inclusão cultural, resultaria em um Brasil com pessoas mais felizes, com menos violência e mais perseverança?

Cícero: Se os políticos e empresários investissem mais, principalmente nas áreas mais pobres, valorizando sempre os artistas locais, seria de uma importância fundamental.

Ademir: Poderia deixar uma frase para as pessoas que estão lendo essa entrevista?

Cícero: "O homem nunca pode parar de sonhar. O sonho é o alimento da alma,
como a comida é o alimento do corpo."
(Paulo Coelho)

Ademir: Para as pessoas que estejam interessadas em seus quadros para exposições, compras ou encomendas, como deverão proceder?

Cícero: Através do e-mail: cicerodasilv@ig.com.br

Ademir: Muito obrigado pela entrevista e parabéns pela sua grande dedicação a arte. Desejo muito sucesso para você, pois são pessoas como você que engrandecem o nosso Brasil.

Cícero: Agradeço a você, Ademir, pela gentileza. E lhe desejo, também, que tenha um êxito imensurável com o seu projeto cultural. Um forte amplexo.


Desenho produzido por Cícero da Silva

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*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Entrevistador e Administrador do http://ww.cranik.com : Ademir Pascale Cardoso
Entrevistado: Cícero Silva.
E nos informar pelo e-mail: suporte@cranik.com 

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