ENTREVISTA COM O ESCRITOR RICARDO DE LOHEN
O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Ricardo de Lohen
 (09/02/14)

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Ricardo de Lohen - Foto divulgação

Ademir Pascale: Como foi o início de Ricardo de Lohem no meio literário?

Ricardo de Lohem: Minha entrada na literatura foi o resultado do desenvolvimento espontâneo de tendências que tenho desde que nasci. Sempre me vi envolvido em criar, editar, ler e traduzir textos. Eram ensaios, textos científicos, redações, e também alguns contos. Um dia, no ano passado (2013) me propus a escrever meu primeiro romance. Estabeleci uma meta de escrever no mínimo mil palavras por dia. Consegui atingir meu objetivo, foram 1200-1500 palavras por dia. Depois de pouco mais de sete meses, o resultado foi “Kaunan O Homem Lagarto”. Assim nasceu meu primeiro romance, e meu eu-romancista.

Ademir Pascale: Você acha que a sua formação em Biologia interfere em seus textos?

Ricardo de Lohem: Naturalmente. Escrevo ficção científica e a Biologia é uma parte fundamental dos meus textos. Mas também me mantenho informado sobre outras ciências. A ficção científica vive da mistura entre o muito ou pouco provável técnico e teórico que o ser humano poderá atingir e o voo livre da imaginação do escritor. É preciso conhecer nem que seja um pouco de ciência para fazer Sci-Fi, e saber mais pode dar mais material para a mente do escritor trabalhar. Mas uma coisa não pode ser esquecida: o material básico de qualquer história: as emoções. Elas são a base de tudo, mesmo que sua história se passe em um universo paralelo habitado por aranhas gigantes inteligentes. Sem emoção não há narrativa.

Ademir Pascale: Você lançou recentemente a obra "Kaunan - O Homem Lagarto". Poderia comentar?

Ricardo de Lohem: Esse livro nasceu quando eu estava pensando em escrever um romance longo e queria um tema que tivesse forte carga emocional e ao mesmo tempo fosse Sci-Fi. Tive então essa ideia de alguém que tem que lutar pela própria vida em uma arena. Lutar por qual razão? Então tive a ideia: ele está doente, e precisar lutar pela cura. E não é só ele que está doente: todos os outros lutadores também estão. O prêmio é A CURA! Era esse o tema que eu queria. “Kaunan O Homem Lagarto”, é um livro de Sci-Fi, é ação, é drama, e é um thriller. Além de ter muito humor também. Uma verdadeira quimera de gêneros, capaz de comover muitos tipos diferentes de leitores.

Ademir Pascale: Você poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?


Para ler uma amostra de "Kaunan - O Homem Lagarto", clique na imagem

Ricardo de Lohem: Sim, claro. O trecho a seguir é do capítulo três, “O Juramento”.

Kaunan pede para assistir um vídeo que mostra uma das lutas do tipo das que ele terá que participar. Só depois de ver como é uma dessas lutas é que ele decidirá se aceita se tornar um lutador:
“Meu pai clica no vídeo da luta. Os lutadores da final são Thales The Scorpion e Roy The Shark.
Meu pai acelera o vídeo para pular a apresentação, e começa no ponto onde os dois já estão transformados. É meio chocante perceber que os corpos deles estão mesmo alterado, não é fantasia nem truque. Dois seres humanos, transformados em algo que não é totalmente humano – Thales e Roy.
Thales é um rapaz de estatura mediana, cabelo preto e pele morena. Está vestindo uma camisa de cor vermelha, como um padrão faixas vermelhas que imitam o exoesqueleto de um escorpião. No peito se nota o desenho de um escorpião e embaixo as letras “TS”. Até onde posso ver, a transformação de Thales afetou principalmente as mãos, as costas e a cabeça. Os dedos das mãos se transformaram em garras, principalmente os polegares, que ficou muito mais longo e pontiagudo; os outros dedos também cresceram, o que mais cresceu foi o indicador. Observando como ele usa esse estranho apêndice transformado, percebo que, opondo o polegar ao indicador, Thales pode usar a mão como a garra de um escorpião, ou usar os quatro dedos de forma independente, do jeito que escolher. As mãos dele podem estão diferentes, mas não podem ser comparadas à mudança nas costas: duas caudas de escorpião saindo das omoplatas, com cerca de um metro de comprimento. Thales é um escorpião com duas caudas. A cabeça, revestida por um tipo de capacete vermelho, foi a parte transformada que menos mudou.
Thales transformado em homem escorpião era uma visão que podia perturbar os não acostumados com esse tipo de coisa, como eu, mas não era nada se comparada a ver Roy – a transformação de Roy teve resultados muito chocantes: Sua cabeça mudou totalmente, ficou enorme e fundida com o pescoço; sua boca se alargou e ficou cheia de dentes parecendo pequenas lâminas cortantes; sua cabeça ficou mesmo parecida com um tubarão só que sem focinho, com a cara achatada; seu corpo pareceu ficar mais musculoso, e a pele ficou branco-azulada e áspera.
A luta começa. Thales tenta picar Roy com os ferrões das suas caudas, mas seu adversário, além de forte, é rápido e ágil, desviando com facilidade. Cada vez que Roy se desvia, Thales aproveita e o ataca com as garras, usando as mãos como se fossem tesouras, fazendo cortes que tiram sangue do opoente. Isso deve ser uma tática: tentar atacar com a cauda, e quando Roy desvia, ataca com as garras. Depois de um tempo disso, Roy está cheio de cortes, com filetes de sangue escorrendo por eles. Me sinto bastante desconfortável vendo todo essa violência; Meu pais devem sentir o mesmo, os rostos deles mostram aflição e desgosto. Nem Douglas, que devia estar acostumado com essas lutas, está indiferente – posso ver que ele gostaria de não estar aqui vendo isso.
“Acelere um pouco isso!” pede minha mãe para meu pai.
“Vamos ver só o último minuto, quero ver como isso acaba,” disse eu.
Meu pai acelerou até só faltar um minuto.
Roy está tão coberto de sangue que sua cora mudou de branco-azulada para vermelho, mas Thales não está em melhor estado: está exausto, completamente esgotado. O homem escorpião continua ameaçando picar Roy e aproveitando quando ele desvia para cortá-lo com as garras. Será que Thales usou praticamente o mesmo método durante toda a luta, mesmo vendo que não estava funcionando? Thales continua fazendo pequenas variações de sua tática até que, de repente, erra a sincronia. Roy aproveita o erro do homem escorpião e segura a cauda esquerda de seu oponente com as mãos, abre a enorme boca e morde a cauda, arrancando fora o ferrão de Thales com uma só mordida. Thales se desespera e tenta golpear com a cauda que lhe resta e as garras ao mesmo tempo, mas Roy é mais esperto: ele segura a cauda e morde os braços de Thales na altura dos pulsos, fazendo as mãos do homem escorpião sumirem dentro da sua imensa boca de tubarão. Thales grita de dor, e instintivamente puxa os braços, revelando uma cena chocante: as mãos dele haviam sido arrancadas, e sangue jorra dos pulsos. Roy abre a boca, e as mãos de Thales caem no chão, inertes. O monstruoso homem tubarão abre a boca até a apertura ficar imensa e morde a cabeça do homem escorpião, uma mordida tão imensa que a cabeça de Thales some dentro daquela boca de tubarão. Um segundo depois, o oponente de Roy cai no chão, sem vida – e sem cabeça. O homem tubarão abre a boca e deixa a cabeça ensanguentada de Thales cair no chão. Roy acena para o público sorrindo com a boca toda suja de sangue.
O silêncio do horror daquelas cenas paralisa a todos na sala.
“É isso que vocês querem que eu seja?” disse eu, revoltado com toda aquela violência. ”É nisso que vocês querem que eu me transforme?”
Minha mãe olhava para mim sem dizer nada, horrorizada ao mesmo tempo com duas coisas: a brutalidade que tinha assistido, e a certeza que eu jamais participaria de uma coisa dessas – o que queria dizer que eu estava condenado. Meu pai ficou mudo, de cabeça baixa, sem mais argumentos, apenas tristeza pelo meu futuro, ou melhor, ausência de futuro. Douglas ficou congelado, o olhar vidrado, os lábios tristes. Ele tinha certeza que tinha perdido um contrato, e não podia fazer mais nada.”
Kaunan se horroriza e não quer participar das lutas. Ele nunca quis lutar, tudo que ele quer é ficar curado, não matar nem ferir pessoas. Esse é um de seus conflitos principais.

Ademir Pascale: Como os interessados deverão proceder para adquirirem um exemplar de "Kaunan - O Homem Lagarto"?

Ricardo de Lohem: É muito simples! “Kaunan – O Homem Lagarto” é um livro independente que pode ser adquirido no site Agbook: Clique aqui. O livro também está à venda no site Perse: Clique aqui. Nos dois sites é possível adquirir a obra impressa e/ou o ebook (pdf). Apesar da facilidade dos arquivos, não há o que substitua o livro impresso.

Ademir Pascale: Existem novos projetos literários em pauta?

Ricardo de Lohem: Muitas ideias passam pela minha cabeça e várias delas já estão se tornando textos, mas a que está mais perto de se tornar realidade é uma coletânea de lendas nórdicas. Sempre me interessei por lendas, mitos e contos de fadas, e a possibilidade de recontar em português histórias pouco conhecidas dos brasileiros me deixou muito empolgado. Em breve teremos notícias – aguardem.

Perguntas Rápidas:

Um livro: Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho, de Lewis Carroll.
Um(a) autor(a): William Shakespeare, Agatha Christie.
Um ator ou atriz: Anthony Hopkins, Rachel Weisz.
Um filme: A Noiva de Frankenstein (1935), direção: James Whale.
Um dia especial: Todos os dias são especiais quando podem ser vividos sem se arrepender do passado e sem temer o futuro.

Ademir Pascale: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Ricardo de Lohem: Sim, há duas coisas que quero dizer. Primeiro, há um book trailer de meu livro, os interessados só precisam procurar no YouTube, “Kaunan O Homem Lagarto”. Segundo, gostaria que os que lessem meu livro fizessem contato e me contassem o que acharam. Falem poucas palavras, ou escrevam críticas detalhas, mas me contem que impressão meu livro causou. Para um escritor, é muito importante esse feedback. Estou à disposição de vocês!        

Assista ao book trailer "Kaunan - O Homem Lagarto": Clique aqui.      

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Kaunan - O Homem Lagarto - Ricardo de Lohen

 

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*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com - www.twitter.com/ademirpascale
Entrevisto: Ricardo de Lohen
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