ENTREVISTA COM O ESCRITOR PAULO EDUARDO MICHELOTTO
O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Paulo Eduardo Michelotto
 (05/02/14)

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Paulo Eduardo Michelotto - Foto divulgação

Ademir Pascale: Como foi o início de Paulo Eduardo Michelotto no meio literário?

Paulo Eduardo Michelotto: Após eu ter feito a trilha inca até Machu Picchu, sendo que eu havia estudado a região dos Andes e a civilização
inca por três anos, além de livros em espanhol, resolvi fazer uma ficção, misturando elementos históricos dentro do contexto da
colonização espanhola no Peru. Como sou advogado e acostumado com as letras, o texto fluiu fácil para a "Crônica inca proibida". As pessoas
que leram o esboço adoraram e me aconselharam publicá-lo. Enviei para a Editora Multifoco, que eu sabia que aceitavam novos escritores, em
janeiro de 2013 e em abril, do mesmo ano, o livro foi lançado.

Ademir Pascale: Quando surgiu o seu interesse pela arqueologia?

Paulo Eduardo Michelotto: deste pequeno, quando entrei em contato com a civilização egípcia, através de livros, fiquei fascinado com as
pirâmides, templos e palácios. Depois, ainda descobri civilizações antigas e perdidas. Desde este tempo nunca parei de ler sobre tais
assuntos. Gosto muito de romances históricos.

Ademir Pascale: Você lançou recentemente o livro "A Crônica Inca Proibida" (Multifoco). Poderia comentar?

Paulo Eduardo Michelotto
: trata-se de uma aventura na terra dos incas, com direito à volta no tempo, em meio ao conflitos entre
colonizadores espanhóis e membros da antiga nobreza inca. Uma chave que se abre no passado, a fim de que possa salvar milhares de vidas
humanas pilhadas pela ganância. A primeira petição de direitos humanos feita em nosso continente, delatando ações criminosas dos
colonizadores, que deveria chegar secretamente ao rei da Espanha.

Ademir Pascale: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?

Paulo Eduardo Michelotto:

"Quando as formações naturais que pareciam cidades acabaram, consegui enfim cochilar, só acordando quando o ônibus fez uma primeira parada, já de manhã, quando alguns passageiros desceram em frente a um rancho.
Achei um lugar muito estranho, mas lindo. O ônibus andou mais um pouco e parou, descendo mais alguns passageiros, também num lugar desolado e pensei, eles chegaram no destino, então está tudo bem.
O hotel avisado e rodoviária avisada, e os passageiros descendo, estava tudo caminhando certo, apenas com atraso.
Mais um pouco e o ônibus entrou numa vila, muito simples, e parou numa esquina, que não me lembrava muito a rodoviária.
Duas pessoas que restavam no ônibus, salvo eu e o motorista moribundo, desceram e o rapaz que dirigia, olhou e disse para mim: "Amigo, ponto final."
Eu agradeci o motorista, entendendo-o perfeitamente em sua linguagem, sem perceber, coisa que eu não tenha feito até agora e desci do ônibus.
"Que lugar mais estranho. Por que eu fui sair do Brasil?"
Ninguém me esperava. Com certeza era um lugar longe e ninguém iria me entender perfeitamente.
Não parecia que tinha pousada por lá, nem nenhum comércio.
Tentei avistar os outros dois passageiros que vieram comigo, mas nada deles, eu não os conseguia avistar.
Olhei o micro-ônibus indo ao longe, na estrada e acabou desaparecendo no ar, como aqueles filmes de faroeste em que alguém vinha do além, neste caso, voltava ao além. Tudo muito calmo e natural.
Ri. Esta foi a minha sensação. Acho que o mal da montanha me pegou - pensei. Não sabia que no mal da montanha a gente via coisas. Pensei que desmaiasse por falta de ar, ficasse sufocado, dor de cabeça, vômitos. Não ver coisas, como ônibus sumindo no horizonte.
Então ri de novo, afinal estava no Peru, meu sonho.

Ninguém me esperava na cidade, com certeza vou reclamar da agência de viagem, pense que pouco caso dos clientes.
Estava frio e eu com a bagagem e a mochila na mão e resolvi procurar a pousada em que me hospedaria, mas antes de começar a procurá-la, ouvi um burburinho em local que parecia ser praça pública, pois havia árvores, bancos, igreja e pessoas reunidas e isto me chamou a atenção e me dirigi a este local. Eram índios, vestidos como tal, com roupas simples, de algodão e coloridas. Todos estavam com olhos amedrontados, olhando para frente e eles faziam um círculo. A atenção deles estava no círculo vazio.
Fui procurar ajuda, estranhando tudo aquilo.
Cheguei perto dos índios, sem qualquer medo até chegar ao lado de dois deles, que procuravam ver alguma coisa.
Quando deram conta de mim, percebendo minha presença, muitos deles começaram a fofocar e apontar o dedo em minha direção e logo, todos olhavam para mim, minha bagagem, roupa e mochila.
Pensei: que povo atrasado! Parece que nunca viu um turista. Mas será que aqui é Puno? - duvidei.
Havia um senhor índio, bem velhinho do meu lado e tentando eu ser simpático, puxei conversa: "O senhor poderia me informar o que está acontecendo nesta praça?"
"O senhor ainda não sabe? Veio hoje a esta comunidade?"
"Sim, acabei de chegar. Mas não sei se vim ao local certo. Desconfio que não. Acho que estou perdido."
Como na conversa com o rapaz que dirigiu o ônibus, depois que eu passei aquele portal lindo, na montanha, entendi perfeitamente o quê o velho índio me disse, sem perceber que eles me compreendiam perfeitamente o que eu falava e vice-versa, sem saber exatamente qual língua ele falava neste momento, espanhol, quíchua, ou outra língua.
Se não fosse pelos olhos de preocupação dos índios, até parecia que estavam encenando uma peça, tudo muito real e bonito, mas agora parecia preocupante.
O velho índio me respondeu: "Vai haver enforcamento de índios, mulheres e crianças nesta praça, pelos espanhóis. E várias pessoas boas vão para a forca. O sino da igreja alertou o povo do enforcamento. Daqui a pouco começa o assassinato de pessoas nativas."
Fiquei completamente aturdido. Enforcamento? pelos Espanhóis? Será que o tempo não passou para esta comunidade?
Recuperei-me emocionalmente e perguntei ao índio: "E por que esta gente vai morrer enforcada"?
"Pelo fato de adorar ídolos" - respondeu o Senhor.
"Por que será que saí do meu Brasil?" - pensei. Não sabia mais o quê fazer, quando um barulho e um comboio chegou no meio da multidão.
Índios diferentes dos que cercavam pacificamente a praça , empurravam uma carreta com uma prisão em cima, cheia de gente, incluindo mulheres e crianças presas. Ouvia choro e gritos de dentro e revolta e assombramento do lado de fora pela população.
O comboio vinha acompanhado por índios com cabelo longo e amarrado e menos roupa do que os demais e cerca de seis pessoas de pele branca, com barbas longa e negra , alguns com armadura , outros com chapéus e espada, todos me lembrando a figura de Francisco Pizarro."

Ademir Pascale: Como os interessados deverão proceder para adquirir um exemplar de "A Crônica Inca Proibida"?

Paulo Eduardo Michelotto
: Ele está à venda na Livraria Cultura e no site da Editora Multifoco.

Ademir Pascale: Além da sua página no site "Arqueologia Digital (http://www.arqueologiadigital.com/profile/PauloEduardoMichelotto),
você também está nas redes sociais?

Paulo Eduardo Michelotto
: estou no Facebook - Paulo Eduardo Michelotto

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

Paulo Eduardo Michelotto: está na Editora para avaliação "O testamento secreto de Peter Lund", que é considerado o pai da arqueologia brasileira. Na ficção, ele teria deixado um testamento, indicando a localização de um museu subterrâneo, com animais empalhados da megafauna brasileira, que é disputado com a máfia internacional. Para a sua localização, é preciso colher pistas na Ilha de Marajó, nos sambaquis e nas grutas da Lagoa Santa. Também estou escrevendo, "Nas escavações com os arqueólogos", onde há entrevistas com Carter (descobridor da tumba de Tutancamon), Schlieman (Tróia), Bingham (Machu Picchu), Champollion(que decifrou a Pedra de Roseta), entre outros e acaba numa grande descoberta.

Perguntas Rápidas:

Um livro: "O tirano"
Um(a) autor(a): Valerio Massimo Manfredi
Um ator ou atriz: Robert De Niro
Um filme: "A missão"
Um dia especial: nascimento da minha filha

Ademir Pascale: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Paulo Eduardo Michelotto: escrevo sobre aventuras que tenha por cenário a arqueologia e história. Além das pesquisas em livros, gosto de conhecer pessoalmente os sítios arqueológicos onde for possível. Meus livros são para pessoas leigas, que gostam de uma boa literatura, não são científicos e tem por fim a diversão. Mas sempre espero motivar as pessoas a ler mais sobre o assunto e conhecer parte da história. Não paro o texto para explicar determinada questão, ela já está inserida do contexto. Também não é muito comum autor que romanceia histórias sul-americanas e brasileiras, como eu tenho tentado fazê-lo. Tenho certeza de que gostarão das aventuras narradas.
Um grande abraço à todos.       

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A Crônica Inca Proibida - Paulo Eduardo Michelotto

 

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Entrevisto: Paulo Eduardo Michelotto
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

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