ENTREVISTA COM O ESCRITOR LEANDRO LUZ
O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Leandro Luz
 (13/11/13)

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Leandro Luz - Foto divulgação

Ademir Pascale: Como foi o início de Leandro Luz no meio literário?

Leandro Luz: Foi como ouvinte, primeiro. Ouvinte de “Robinson Crusoé” lido pela minha mãe. Não lembro quantos anos tinha, mas era muito novinho. Depois foi “Alice no país das maravilhas”, que eu a fiz contar e recontar para mim nem sei quantas vezes. Quando a escrita entrou na minha vida, durante a alfabetização, acho que já entrou junto a paixão pela escrita. Comecei a escrever como brincadeira. Eu morava com meus avós, que assistiam a programas de TV que não agradavam muito a uma criança, eu, então, ia para a cozinha e escrevia... escrevia qualquer coisa, de letra de música a uma história sobre um porquinho de estimação. Perdi as anotações desta época. Aos 12 anos, tive meu primeiro poema publicado no jornal da minha cidade: “O boia-fria”, fruto de um trabalho da aula de português da dona Ana Cândida. Depois outro aos 16, outro texto publicado no jornal, agora sobre o meu avô que havia morrido uns anos antes. O curso de Letras me pareceu o mais apropriado a quem já gostava tanto de escrever. Mas, ao contrário do que eu pensava, o curso me travou, fiquei analista demais, crítico demais de mim mesmo. Só muito tempo depois, voltei a me atrever no mundo da Literatura. Mostrar a alguém, então, demorou mais ainda. Finalmente, quando isso aconteceu, o resultado foi bom, as pessoas gostaram. O Eduardo, que acabou se tornando editor do meu primeiro livro de poemas, gostou. Agora o que era brincadeira está ficando cada vez mais sério e escrever não é mais uma opção, é uma necessidade. E para ser bem sincero, é o que sustenta mais intimamente a minha identidade, porque, literária ou academicamente, a escrita, de uma forma ou de outra, esteve sempre presente na minha vida e é, certamente, uma das poucas certezas que tenho na vida – sei que ela há de me acompanhar para sempre.

Ademir Pascale: Quais são suas principais influências?

Leandro Luz: Minhas principais influências são os poetas da nossa língua. Muitos. Mas como preciso destacar alguns, lá vai.
Sem dúvida, minha maior influência é Fernando Pessoa – para mim, o maior poeta do mundo, de todos os tempos. Além dele, Carlos Drummond de Andrade, Adélia Prado, Manuel Bandeira, Mário Quintana, Mário de Sá Carneiro, Cecília Meirelles, Cora Coralina, Manoel de Barros (absolutamente tudo dele). Mais recentemente, Ferreira Gullar, Leminski, Arnaldo Antunes, Carpinejar. Na prosa, adoro tudo da Clarice Lispector e, mais recentemente, ando apaixonado por um autor angolano chamado Valter Hugo Mãe, adoro tudo o que já li dele. Gosto de muitos outros escritores, mas acho que as principais influências são essas.

Ademir Pascale: Você lançou recentemente a obra "Por tudo aquilo que o tempo não cura" (Editora Patuá). Poderia comentar?

Leandro Luz: “Por tudo aquilo que o tempo não cura” é um livro composto por 60 textos que tratam do tempo. São poemas e textos em prosa poética. O tempo é algo que me incomoda, que me desloca de mim e me traz profundas reflexões. Penso muito na passagem do tempo, na absoluta falta de controle que temos em relação a ele, nas mudanças, nas perdas, nos ganhos, enfim, em como o tempo nos vai transformando. O livro é fruto de toda esta reflexão. Alguns textos tratam diretamente destas transformações, outros são mais sugestivos e outros trazem o tempo personificado, como personagem vivo, com vontade própria. São muito diversificados entre si os textos, há desde os cômicos até alguns que, certamente, emocionam e, como já me disseram, provocam até lágrimas. Creio que o tempo é algo que não incomoda só a mim, por isso o tema é universal e os textos também. De uma forma ou de outra, todo mundo que ler o livro, terá algo a ganhar, terá algo em que pensar e vai conseguir levar para a sua vida, para a sua memória alguma parte da obra, senão ela toda, como me disse uma leitora. Foram quase dois anos de preparação, de elaboração dos textos, de catalogação, revisão e editoração, até o livro ficar pronto. O trabalho final da editora ficou excelente e o livro está lindo. Modéstia bem a parte, o livro está realmente melhor do que eu poderia tê-lo imaginado quando a ideia me surgiu.

Ademir Pascale: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?

Leandro Luz: Sim, claro. Eu destacaria o final do poema “Pon/tem/po”, que diz “... afinal, o olho envelhece, o olhar não”. Este poema fala do olhar de um velho, quando ele parece perdido, mas só parece. Também destacaria o poema “Mentira” que resume, talvez, muito do que o tempo faz com nossas dores e que, por ser curto, posso reproduzi-lo inteiro aqui:

Mentira
“Quem diz que o tempo cura tudo
Mente
O tempo engessa tudo
É diferente
Dentro do gesso
O osso
ainda é um osso quebrado”


Ademir Pascale: Como os interessados deverão proceder para adquirir um exemplar de "Por tudo aquilo que o tempo não cura"?

Leandro Luz: Os interessados podem adquirir o livro pelo site da editora, é a maneira mais fácil. É só clicar aqui.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

Leandro Luz: Sim, muitos. Tenho mais dois projetos de poesia em andamento e um segundo romance no meio do caminho, mas creio que o próximo projeto será a publicação do meu primeiro romance, que já está pronto. Chama-se, pelo menos por enquanto, “Carta ao tempo” e conta a história de uma família, composta por três mulheres – a mãe,a filha (protagonista), a avó – e um homem - o avô da protagonista. É uma narrativa atemporal, pois se tratam de memórias, as memórias da menina, que atualmente é uma velha a relembrar de toda sua vida, diante de uma carta recebida de sua mãe 40 anos atrás. Acontece que ela só resolveu ler a carta agora. A carta ajuda a entender toda a difícil relação familiar, desvelando segredos que, no passado tanta dor causaram. Infelizmente não é possível voltar no tempo e viver tudo de novo, só é possível, talvez, responder a carta da mãe, escrevendo, na verdade, uma ‘carta ao tempo’, já que a mãe e os outros personagens não existem mais.

Perguntas Rápidas:

Um livro: Poesia completa de Fernando Pessoa (e heterônimos)
Um(a) autor(a): Valter Hugo Mãe
Um ator ou atriz: Osmar Prado
Um filme: Abril despedaçado
Um dia especial: dia 28/09/2013, dia do lançamento de “Por tudo aquilo que o tempo não cura”

Ademir Pascale: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Leandro Luz: Sim. Gostaria de dizer que, embora “Por tudo aquilo que o tempo não cura” seja meu terceiro livro, para mim, a sensação é de ser o primeiro, pois os outros foram livros técnicos, livros acadêmicos: um sobre ensino de língua e literatura e outro sobre linguagem jurídica. Já um livro de textos literários diz realmente algo sobre mim.

Escrever é ser tocado por uma força maior, ser perpassado por ela e registrar no papel, rascunhos dessa sensação fantástica. Publicar é a tentativa de partilhar com os outros essa sensação de ser possuído de poesia. Espero compartilhar com muita gente a minha poesia, para que mais pessoas possam sentir-se inundados pela palavra.
O mundo precisa de beleza e poesia é beleza em estado puro.
Boa leitura sempre!              

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Por tudo aquilo que o tempo não cura - Leandro Luz

 

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Entrevistado: Leandro Luz
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

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