ENTREVISTA COM O ILUSTRADOR VAGNER VARGAS
O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o ilustrador Vagner Vargas
 (09/06/13)

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Vagner Vargas - Crédito da foto: Emilio Vargas

ENTREVISTA:

Ademir Pascale
: Como foi o início de Vagner Vargas para o meio artístico?

Vagner Vargas: Ademir, agradeço muito a oportunidade de deixar aqui algumas palavras sobre meu trabalho.

Eu comecei bem cedo informalmente, sou daqueles que não se lembra quando começou a desenhar, já que faz muito tempo. Com 14 anos eu comecei a pintar telas, geralmente pinturas surrealistas com alguma influência de Dali. Porém, profissionalmente demorou um pouco, já que me aventurei em outros caminhos, estudando administração de empresas e programação de computadores. Aos 24, após terminar um curso de arte no Liceu de Artes & Ofícios já casado, com um filho e um emprego estável resolvi me dedicar profissionalmente a arte. Foi tempo de estudar, pesquisar e batalhar muito para tentar um espaço. Depois de participar de alguns salões e exposições com pinturas e também alguns freelas para agências que não tiveram continuidade (muitas complicações no meio do caminho) foi na ilustração editorial que acabei achando o meu meio profissional para trabalhar com arte, com alguma estabilidade. E como eu não tinha grana eu precisava de resultados mais imediatos e constantes para me manter e minha família, consegui isso com as editoras.

O fato é que eu usei a seguinte técnica para fazer contatos (sem indicações ou apresentações até então), visitei uma boa livraria no centro de São Paulo e passei o dia anotando editoras que achei interessante, por usar capas ilustradas, ter ilustrações de miolo e coisas assim. Fiz dezenas de contatos e visitas, sempre bem atendido pelos editores e diretores de arte, foi um dos pontos que me cativou. E assim comecei a trabalhar com a editora Global e Ground, juntas na época foram meus primeiro clientes no meio editorial. Algum tempo depois trabalhei também com HQ por quase dois anos, principalmente em uma novela gráfica americana baseada na obra de Piers Antony's, Incarnations of Immortality. E quase ao mesmo tempo conheci a editora Aleph, que me propôs a ilustração de capas para uma coleção de livros Star Trek, aliás foi lá que conheci Roberto Causo e Eliana Fugihara Kroes ótimos amigos e parceiros atualmente. Foi o começo, onde fiz bons amigos, muitos dos quais tenho um contato próximo e frequente até agora. Depois de alguns anos comecei outra área que eu também curtia muito, a ilustração didática ou infográfica, para ciências, física, geologia e afins, inicialmente com a Editora Scipione. Hoje colaboro principalmente com a Editora Moderna na linha do didático e com a Devir em ficção e fantasia. Tenho outras atividades e projetos, mas a ilustração e arte ainda é mais importante.

Ademir Pascale: Quais técnicas você utiliza para criar uma ilustração?

Vagner Vargas: Minha base é sempre o desenho a lápis no papel, bem tradicional, finalizando de 3 formas que me agradam mais: Grafite puro, pintura digital ou pintura acrílica e óleo em tela. Hoje tenho usado muito a pintura digital para finalizar as ilustrações, pela praticidade, mas sempre tento ser o mais tradicional possível mesmo usando o meio digital. Já explorei técnicas como desenho vetorial e modelagem 3D, que fogem do escopo do “a mão livre” mas acabei voltando para pintura com mesa digitalizadora. E também não abandonei de vez o “cheiro da tinta”. É muito bom ter alguma liberdade nesse sentido, como fazer uma pintura em tela, sentindo a textura do tecido e sujando um pouco as mãos, e depois digitalizar tudo e terminar no PC. Tento manter meus lápis, tintas e pincéis, mesmo que use pouco, mas também estar bem atualizado, afinal o último trabalho pintado a mão que entreguei o original o editor me disse que se o próximo não estiver em arquivo digital nada feito.

Ademir Pascale
: No total, quantos livros possuem uma ilustração elaborada por você?

Vagner Vargas: Sinceramente não sei dizer isso. Eu estou tentando montar um catálogo de trabalhos, com o que consegui guardar digitalmente. Até agora organizei mais de 1300 ilustrações nesse banco de imagens, incluindo também os didáticos e paradidáticos, com certa de 150 capas nessa coletânea, mas como fiz muita coisa antes da fase digital não dá pra saber ao certo.


Arte: Vagner Vargas

Ademir Pascale: Referente as suas ilustrações, você pode nomear uma da qual mais gosta?

Vagner Vargas: Talvez eu não tenha uma resposta objetiva se eu for sincero. Não costumo pensar em uma preferência, algumas significam muito, como ilustração de Isidora, que fiz junto com meu filho, Victor, e a capa de Star Trek, IDIC, que me revelou outras possibilidades e está emoldurada na sala da minha casa. No meu pc acabo escolhendo imagens para fundo que denunciam alguma preferência, como a capa de O Jogo do Exterminador de Scott Card, um livro fantástico e começo de uma nova fase e a ilustra da capa Anjo de Dor do Roberto Causo, que também gostei muito e assim que possível vou fazer um pôster da capa da coletânea do Calife e de Os Filhos da Mente. Mas na verdade, a ilustração que eu mais gosto é aquela na qual estou trabalhando no momento. Se você perguntasse a alguns dias, eu diria que é uma ilustração pessoal, chamada Transição, que acabei de publicar no meu blog finalizada. Hoje já estou com outra imagem na cabeça que provavelmente vai me acordar essa noite e as próximas e é dessa, ainda sem nome ou forma definida, que mais gosto hoje.

Ademir Pascale: Verificando suas ilustrações, é nítido que você trabalha bem mais na área da ficção científica. Por quê?

Vagner Vargas: Eu sempre gostei do fantástico. Na pintura, o surrealismo e realismo fantástico, Salvador Dali, Magrite e os desenhos de Escher. A imagem que me faz parar é aquela que tenta extrapolar a realidade cotidiana, dizer que exite mais do que vemos hoje ou existirá e se possível desafie o conhecido (ou a ciência ). Quando criança eu li Julio Verne, HG Wells, Asimov e o exercício do imaginativo sempre foi viciante. Gosto de outras coisas também, como o místico e a fantasia e também gosto de pintar a natureza, nuvens, montanhas, árvores... Uma árvore pode ser fantástica e enigmática dependendo de como você a vê. Um vegetal inerte e talvez agradável, ou uma entidade viva e expressiva que se comunica com o movimentos de suas linhas e o ritmo de suas formas sem necessariamente agradar.

Ademir Pascale
: Trabalha em algum projeto atualmente?

Vagner Vargas: Alguns. Estou começando uma nova arte pessoal, procurando tender para o lado da fantasia, mas temo que acabará em algo mais para uma fantasia steampunk.

Outro é um pequeno roteiro que fiz para desenhar um HQ, ainda só no roteiro e alguns rafs. Está me animando, faz muito tempo que trabalhei com HQ e tenho vontade de voltar a fazer pelo menos um pouco, mas sem a correria de antes.

Estou trabalhando em um projeto, em parceria com Roberto Causo no universo que ele está escrevendo, Galaxis. Uma versão “beta” do site já pode ser visto em galaxis.aquart.com.br e recentemente fizemos um pôster que pode ser comprado na Devir. Mas a intenção é ter bem mais material visual.

Aproveitando meus conhecimentos de programação também estou fazendo alguns aplicativos para tablet, quase terminado um, que é algo bem visual logicamente.

E não menos importante comecei a 2 anos a trabalhar em uma parceria com o Victor Vargas ilustrando o livro dele, Isidora, que me agradou muito, também tem um hotsite em isidora.aquart.com.br. Estou esperando o texto final para terminar.

Tem outros projetos promissores, mas ainda na fase da idealização e decisão, como a Aquart Creative – www.aquart.com.br. Tudo muito demorado pois as encomendas acabam tendo prioridade.

Ademir Pascale
: Como os interessados deverão proceder para contratar os seus serviços?

Vagner Vargas
: Podem entrar em contato pelo meu site: www.vagnervargas.com.br, será uma satisfação e não só para contratação, mas para trocar ideias principalmente.

Perguntas Rápidas
:

Um livro
: Eu, Robô?
Um(a) autor(a): Aquele autor brasileiro que escreve somente pela paixão
Um ator ou atriz: Patrick Stewart e Cameron Diaz
Um filme: Matrix (o primeiro)
Um dia especial: Amanhã

Ademir Pascale: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Vagner Vargas
: Hoje o que eu procuro é retomar a essência do início, buscando em mim mesmo o que devo fazer como “minha arte” e ter mais foco nisso, assim tenho dado mais importância a projetos pessoais. Tive sim muito apoio, de minha família e amigos a quem agradeço, apesar de ter faltado o apoio da entidade que faria toda a diferença, o nosso País, portanto junto com meu agradecimento a você e a quem leu esse texto, deixo meu desejo de mais prosperidade a todos os artistas, autores e outros criativos do Brasil, que a muito precisam de melhores condições para poder ter esse foco em sua essência desde o início, sem a dispersão que a dificuldade e luta do dia a dia traz.
 

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Ilustração da capa do livro "Glória Sombria", do autor Roberto Causo - Arte: Vagner Vargas

 

© Cranik

*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com - www.twitter.com/ademirpascale
Entrevistado: Vagner Vargas
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

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