ENTREVISTA COM O ESCRITOR GIAN DANTON

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista Gian Danton.
 (24/02/12)

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Gian Danton - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Como e quando foi o início de Gian Danton para o meio literário?

Gian Danton: Eu escrevo quadrinhos desde 1989. Comecei numa parceria com o compadre Bené Nascimento, que hoje assina Joe Bennett e é uma das estrelas da DC Comics. Muita gente acha que só recentemente comecei a escrever literatura, mas já escrevo contos há muito tempo. No início dos anos 1990 criei um fanzine chamado Ideias de Jeca-tatu em que publicava biografias de grandes autores e um conto meu baseado no estilo do autor. Publiquei números sobre Edgar Alan Poe, Machado de Assis e Gógol, entre outros. Quando morei em Curitiba publiquei um livro infantil com o pessoal que desenhou a Manticore. Mais recentemente tenho participado de diversas coletâneas e publiquei um livro juvenil chamado Mundo Monstro, como e-book.

Ademir Pascale: Por que o pseudônimo Ivan Carlo?

Gian Danton: Na verdade, é o oposto. Meu nome é Ivan Carlo Andrade de Oliveira. Gian Danton é um pseudônimo que surgiu quando comecei a publicar quadrinhos. Ele surgiu por duas razões. A primeira delas é que eu fui convidado a escrever uma coluna sobre quadrinhos o maior jornal do Pará e lá já tinha um colunista Ivan Andrade e outro Ivan Oliveira. Além disso, um amigo que havia tido problemas com a ditadura militar, ao ver o tipo de quadrinhos que eu e o Bené fazíamos me aconselhou a usar um pseudônimo, pois na época todo mundo dizia que a ditadura ia voltar (e provavelmente com ela a perseguição aos quadrinhos nacionais). Gian é italiano, uma homenagem ao gênio do barroco Gian Bernini. Danton é uma homenagem ao revolucionário francês. No final ficou um nome que é único no mundo.

Ademir Pascale: Em 1991, você ganhou o prêmio Araxá como melhor roteirista e seu trabalho mais conhecido na área de quadrinhos é a graphic novel Manticore. Comente.

Gian Danton
: O prêmio Araxá eu ganhei por meu trabalho em parceria com o Bené. A Manticore foi feita quando eu morava em Curitiba. Era para ser uma HQ oportunista, para aproveitar a popularidade do chupa-cabra, mas conseguimos convencer o editor a fazer uma graphic novel de ficção científica e terror. Nós tivemos consultoria de uma pessoa que investigou vários casos e chegamos a conversar com donos de animais que foram atacados. Foi uma das revistas mais premiadas dos quadrinhos nacionais. Faturou os prêmios Ângelo Agostini, HQ Mix, Clube de Leitores de Ficção-científica e Associação Brasileira de Arte Fantástica.

Ademir Pascale
: E como foi criar textos para o Álbum de Guerra, pela editora Opera Graphica?

Gian Danton: Foi a realização de um sonho. Sou fã do Colonnese há muito tempo e sempre quis escrever uma HQ para ele. Quando a Opera resolveu republicar as HQs dele de guerra, me convidaram para reescrever os textos. Também escrevi um roteiro novo, sobre a Guerra do Iraque, que o Colonnese fez os desenhos à lápis numa técnica que só os mestres dos quadrinhos são capazes de usar.

Ademir Pascale: Além de quadrinhos e literatura você também escreveu livros técnicos?

Gian Danton: Sim. Tenho um livro sobre metodologia científica que é um verdadeiro best seller aqui em Macapá, já tendo vendido mais de dois mil exemplares apenas na cidade. Além disso, tenho livros sobre a área de comunicação. Para a Escala escrevi um livro sobre Nazismo e outro sobre a queda do muro de Berlin, sem falar nos capítulos de outros livros.

Ademir Pascale: É possível ainda adquirirmos os livros O Anjo da Morte e Spaceballs (editora Hiperespaço)? Caso sim, como proceder?

Gian Danton: Esses dois livros foram editados pelo César T. Silva na coleção Hiperespaço que reuniu alguns dos melhores escritores de FC do Brasil, como o Gerson Lodi-Ribeiro e o Carlos Orsi. Para mim foi uma honra. O Spaceballs está esgostado, mas pode ser lido como e-book no site da Virtual Books (http://virtualbooks.terra.com.br/novalexandria/gian6/gian6.htm). Do Ano da Morte ainda tenho alguns exemplares. Os pedidos podem ser feitos pelo e-mail: profivancarlo@gmail.com.

Ademir Pascale: Poderia comentar sobre os seus estudos com as histórias em quadrinhos, com os livros Watchmen e a Teoria do caos (Marca de Fantasia), Ciência e quadrinhos (Marca de Fantasia) e O Roteiro nas histórias em quadrinhos (Marca de Fantasia)?

Gian Danton: Ciência e Quadrinhos e Watchmen e a teoria do caos são resultado da minha dissertação de mestrado, que mostrou como os quadrinhos divulgaram teorias científicas. O livro sobre roteiro é resultado de mais de 20 anos escrevendo quadrinhos. Foi escrito porque muitos novatos me procuravam pedindo conselhos e não logo percebi que a literatura sobre o assunto no Brasil era mínima e deficiente.

Ademir Pascale: Além de se dedicar aos roteiros, contos e livros técnicos, você é professor e colunista do site Digestivo Cultural. Como você administra o seu tempo?

Gian Danton: Sou professor da Universidade Federal do Amapá, onde soou coordenador do curso de Comunicação. O tempo é pouco, mas faço questão de deixar algumas horas por semana só para escrever literatura e quadrinhos. E, no caso do Digestivo, há um grande incentivo: cada texto que escrevo lá posso trocar por um livro. Quer maior incentivo? rsrsrs

Ademir Pascale: Você criou uma história do Astronauta, juntamente do quadrinista JJ Marreiro, para o álbum MSP+50, livro que faz homenagem aos 50 anos de carreira do grande Mauricio de Sousa. Fale pra gente como foi o processo da criação desta história e como devemos proceder para adquirir um exemplar deste álbum, se ainda for possível.

Gian Danton: Olha, foi uma honra e uma responsabilidade. Cheguei a produzir quatro versões do roteiro porque queríamos que fosse um trabalho especial. Tanto eu quanto o JJ somos fãs do Maurício de Sousa. Esse álbum está à venda na maioria das lojas especializadas e através de sites de compras, como o Submarino.

Ademir Pascale: Desde criança eu curto a Revista MAD. Sei que você é colaborador lá. Fale pra gente como é ser um dos colaboradores desta incrível revista.

Gian Danton: Acho que todo mundo que foi criança na década de 1980 é fã da Mad. Eu devorava. Comprava não só o que estava saindo nas bancas, mas procurava nos sebos as edições mais antigas. Assim, escrever para a MAD foi a realização de um sonho de infância. E é um dos trabalhos que mais me orgulho. Em especial as sátiras do BBB, de Crepúsculo e do filme Alice no país das maravilhas (com arte do Roger Cruz!). O problema é que essas sátiras demandam muito tempo de pesquisa, você tem que conhecer a fundo o que está satirizando e isso é complicado para alguém com pouco tempo como eu.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta? Se sim, quais?

Gian Danton: Estou escrevendo uma série de roteiros para desenho animado, mas o autor do projeto me pediu sigilo, assim não posso dar mais detalhes. Além disso, estou com um romance de fantasia pronto, em fase de revisão. Devo lançar este ano, mas dá para ler os primeiros capítulos aqui: http://seriegaleao.blogspot.com.

Perguntas Rápidas:

Um livro: Só um? Vá lá: Crônicas Marcianas, de Ray Bradbury.
Um(a) autor(a): Monteiro Lobato.
Um ator ou atriz: Judie Foster, em especial por sua atuação em Contato.
Um filme: Os 12 Macacos.
Um dia especial: Um dia de chuva, deitado na rede, lendo um livro.

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Mundo Monstro - Gian Danton
 

 

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Entrevistado: Gian Danton
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