ENTREVISTA COM O ESCRITOR LUIZ FERNANDO TRAJANO

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Luiz Fernando Trajano.
 (19/12/11)

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Luiz Fernando Trajano - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Como foi o início de Luiz Fernando Trajano no meio literário?

Luiz Fernando Trajano: Eu imagino que tenha sido como o de qualquer pessoa que decide escrever. Ninguém decide ser escritor, como decide ser engenheiro, médico, advogado ou qualquer outra profissão. As pessoas decidem se aprofundar em alguma atividade profissional por meio da observação. Primeiro, observamos os outros; depois, nos encantamos pela atividade e decidimos seguir aquilo. “Observar” os escritores só é possível através das obras deles. Podemos nos encantar com alguns, ou com certos livros, mas isso, isoladamente, não nos motiva a escrever. A matéria prima do escritor é a inquietação, eu acho. Isso é o que nos motiva; isso é o que nos faz deixar de ser somente observador, ou leitor, e enveredar pelo desafio que é escrever. No filme “Matrix”, Neo, o protagonista, segue o coelho branco nas costas da mulher. Ele podia ter deixado isso de lado. Mas a inquietação o fez seguir em frente. É por aí.


Ademir Pascale: Como surgiu a ideia para a criação do livro "Sob a luz e a sombra do dragão"?

Luiz Fernando Trajano: Eu sempre gostei do tema, no caso, da fantasia medieval. Isso vem lá da minha época de adolescente, em que eu curtia RPG (Role Playing Game). Não cheguei a jogar tanto assim, mas esse jogo exigia que abríssemos a mente para podermos mergulhar na estória criada por alguém. No meu caso — e acredito que isso se aplique a qualquer pessoa —, isso servia como um ótimo exercício para o cérebro. Eu criava as coisas na mente... as cenas, a interação entre personagens, os combates... e o suspense que rondava as situações. Você se sentia como se estivesse lá, de verdade. O tempo passou, as miniaturas de chumbo dos heróis, criaturas e vilões foram guardadas na estante, e as idéias, na cabeça. Em 2008, eu me atrevi a começar o livro justamente do diálogo da primeira página. Sem apresentar nada, a não ser os dois primeiros personagens, Lucius e Keanny, conversando rapidamente sobre uma situação. Na prática, era como se fosse a cena de abertura de um filme. E foi assim mesmo que o livro foi tomando forma; como se fosse um filme passando na minha frente.

Ademir Pascale: Por favor, fale mais sobre o livro.

Luiz Fernando Trajano: Ao mesmo tempo em que eu queria muito escrever sobre esse tema, eu tinha a noção de que ele acabava por ficar bem distante da maioria das pessoas, ou seja, limitava o público. Todo escritor — e isso é uma certeza que tenho — deseja que seus livros sejam lidos pelo maior número possível de pessoas. Assim, eu tinha por objetivo apresentar estória e narrativa que fugissem um pouco do que costumamos ver nos livros e em outras produções sobre fantasia medieval. Ao mesmo tempo, eu não podia escapar da criação de protagonista, antagonista e certos arquétipos, como é o caso de magos, bruxas e dragões. Isso era inerente à minha estória. Mas eu desejava passar longe de certos temas que, de tão explorados, acabam por embrulhar meu estômago; imagino que isso se aplique a muitos, também. Como exemplo, temos a velha estória de artefatos sagrados que podem destruir ou salvar o mundo (“Atenção, espadas do poder aguardem na sala A e pedras místicas na sala B, todos terão sua vez”), dragões encarcerados em calabouços que precisam ser derrotados e princesas lânguidas aguardando os braços do herói cujo corpo é inatingível pelas armas das hordas maléficas. Essas coisas são “lugar comum” no tema da fantasia; definitivamente, não gostaria de escrever sobre isso. Eu precisava de humor; assim, quase todos os personagens do livro têm a sua carga de humor. Uns mais, outros menos. Eu precisava de amor, e que fosse do tipo impossível. Os principais protagonistas, Daniel e Alisha, são irmãos. Eu precisava de um vilão que nascesse de modo mais crível do que, simplesmente, apresentar o mal e exigir que os leitores aceitassem as coisas assim. “Fulano é o mal, uma criatura nascida das trevas para dominar o mundo”. Vilões principais precisam nascer do mesmo lugar de onde vêm as pessoas comuns. Dragões são alguns dos seres mais presentes no imaginário das pessoas. Muito já se falou sobre eles e eu precisava trazê-los para a estória de maneira mais próxima aos leitores. No livro, eles representam a fé e o sacrifício; eles se opõem à essência do mal. O livro tem muitos diálogos e a única narrativa mais extensa é a parte que explica como surgiu Archeduz, o antagonista, e os acontecimentos que levaram à estória em si. Alisha tem um lado completamente ensandecido que é explicado no clímax final. Eu penso que as pessoas já têm uma “imagem mental” sobre o tema da fantasia, e que, por conta disso, não seria interessante descer às minúcias na descrição de locais ou ambientes; acaba tornando a leitura cansativa. Além disso, se eu descrevo um ambiente que diz algo para mim, não significa que diga o mesmo aos outros. É melhor que cada leitor imagine os locais como desejar. O livro tem amor, aventura, sofrimento e humor. Eu adorei escrevê-lo, e a coisa que mais gratificante de todas é saber que as pessoas gostaram de ler. E não se surpreenda se o livro parecer um filme. É assim mesmo que ele deve ser curtido. Certa vez, eu mesmo me peguei fazendo referência à obra como um filme; devia dizer “livro”, mas falei “filme”. Coisas do inconsciente mesmo. Max Leone Bispo, jornalista da Sisejufe, me entrevistou e ele sabe bem disso. “Você disse “filme”. Foi ato falho?”, ele perguntou. Ele vai se lembrar quando ler essa entrevista.

Ademir Pascale: Como os interessados deverão proceder para adquiri-lo?

Luiz Fernando Trajano: Basta acessar os sites da Agbook ou do Clube de Autores, procurar pelo título do livro ou pelo meu nome, clicar no livro, clicar em “comprar”, preencher o cadastro, escolher o tipo de pagamento e o local de entrega, e pronto. O livro será entregue. Sem essa de “Não achei ali, vou procurar acolá”. A versão eBook está disponível na Smashwords, Amazon e Barnes&Noble, que funcionam da mesma maneira, permitindo o download do livro após a confirmação do pagamento. No exterior, além das versões eBook (português e espanhol), é simples comprar a obra em formato convencional (impresso), tanto no site da Lulu quanto no da Bubok Portugal. A versão impressa em espanhol está na Lulu e na Bubok Espanha, Bubok Argentina e Bubok México. Os links estão no meu site (www.luizfernandotrajano.com). Ou, então, “Google me” (risos).

Ademir Pascale: Além de escritor, você é servidor público e trabalha na Justiça Federal. Como você concilia o seu tempo?

Luiz Fernando Trajano: A conciliação é feita nas madrugadas (risos). Falando sério, todo escritor depende de inspiração. Quando o tempo se torna escasso, qualquer momento fora do trabalho serve para pensar no livro. Muitas idéias surgem até mesmo no caminho de volta para casa. Eu deixo o livro aberto no computador mesmo que não esteja escrevendo, porque as coisas aparecem a qualquer instante. É claro que não é possível me dedicar à produção de literatura ininterruptamente. Ajuda muito o fato de escrever ser uma diversão; se as pessoas soubessem disso, muita gente estaria escrevendo também. E arranjando tempo para tal, como eu.

Ademir Pascale: Você é casado com Marta Trajano, autora do livro "Contato". Como é estar casado com uma colega de profissão?

Luiz Fernando Trajano
: É mais ou menos assim: “Escreveu mais? Deixe-me ler”. Ficamos assim. E ela nem gosta de ler antes do livro estar finalizado, mas acaba dando uma olhada. Eu gosto de ler os dela mesmo aos pedaços.

Ademir Pascale
: Quais dicas você daria aos novos autores?

Luiz Fernando Trajano: Jamais deixem de acreditar em seus sonhos; escrevam somente sobre coisas das quais gostam; divulguem suas obras de todas as maneiras possíveis. E, se for o caso da literatura de ficção, ouvir músicas de boa qualidade e com conteúdo interessante, que abram a mente mesmo.

Perguntas Rápidas:

Um livro: O Caso da Borboleta Atíria (em homenagem à minha infância; esse é muito bom!!!)
Um(a) autor(a): Hermann Hesse.
Um ator ou atriz: Al Pacino.
Um filme: Blade Runner.

Ademir Pascale: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Luiz Fernando Trajano: Agradeço pela oportunidade e desejo tudo de bom para todos. E, como Keanny diz, “Diversão, Lucius... diversão.”. Literatura é tudo o que já sabemos, mas também é diversão.

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Sob a Luz e a Sombra do Dragão - Luiz Fernando Trajano

 

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*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com - www.twitter.com/ademirpascale
Entrevistado: Luiz Fernando Trajano
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

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