ENTREVISTA COM O ESCRITOR DANIEL BORBA

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Daniel Borba.
 (04/10/11)

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Daniel Borba - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Como foi o início de Daniel Borba no meio literário?

Daniel Borba: Eu sempre fui um apaixonado pela leitura. Quando eu tinha uns sete ou oito anos, ganhei a coleção completa dos livros do Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato. Eram antigos, já que meu pai os havia guardado desde criança. Fiquei simplesmente fascinado por aqueles livros. “Os Doze Trabalhos de Hércules” foi o livro que marcou a minha infância. Logo em seguida, comecei a ler as aventuras de Tarzan (Edgar Rice Burroughs). Eu costumo dizer que “aprendi” a ler com essas duas séries. Virei um leitor totalmente viciado. Não consigo me imaginar sem ter nada para ler. Sendo assim, era natural que eu desenvolvesse o gosto pela escrita também. Durante anos, deixei adormecido o desejo que eu tinha de começar a escrever minhas próprias histórias. Escrevi diversos rascunhos, planos, caracterizações de personagens, etc., sem que nada saísse do lugar. Até que uns dois anos atrás resolvi que já tinha passado da hora. Escrevi um conto de ficção científica, que sempre foi o meu gênero preferido, e gostei do resultado. No começo de 2010, estive em um evento promovido pelo site Aumanack e fiquei sabendo de uma coletânea que estava aceitando submissões. Resolvi arriscar e acabei sendo selecionado para a coletânea “UFO: Contos Não Identificados” (Ed. Literata, 2010, organizada por Georgette Silen). Essa experiência me colocou em contato com um mundo diferente, conheci outros escritores e pessoas ligadas à literatura fantástica. Mas esse ainda é um caminho que estou começando a trilhar.

Ademir Pascale: Além de escritor, você é aficionado por astronomia. Quando foi que surgiu essa paixão?

Daniel Borba: Acho que a paixão pela astronomia começou até mesmo antes da leitura. Uma das melhores lembranças da minha infância foi a primeira visita que fiz ao Planetário de São Paulo, no Parque do Ibirapuera. Eu tinha sete anos, e lembro com clareza da emoção que senti quando vi aquele céu cheio de estrelas, com a música-tema de “2001: Uma Odisseia no Espaço” ao fundo. Durante a adolescência, procurei me informar o máximo que podia sobre o tema, e aos dezesseis anos me inscrevi num curso da Escola Municipal de Astrofísica em São Paulo. Desde então, passei a estudar astronomia com seriedade, cursando diversas matérias relacionadas durante minha graduação na Universidade de São Paulo. Acabei optando por não seguir uma carreira profissional na área, mas tento me manter sempre informado e atualizado. Mantenho inclusive um contato regular com o pessoal do Observatório Céu Austral, uma entidade cuja finalidade é divulgar a astronomia no Brasil.

Ademir Pascale: Você já participou de algumas antologias de contos. Poderia comentar sobre elas?

Daniel Borba: Eu participei de poucas antologias, na verdade. Além da “UFO: Contos Não Identificados”, fui selecionado este ano para o livro “Metamorfose 2: Os Filhos de Licaão” (Editora Literata, a ser lançado em 2011). Há um terceiro projeto em andamento, cujo conto já está pronto eo livro também, mas que eu acho que ainda é cedo para ser mencionado aqui. Curiosamente, foi somente nesse terceiro projeto que pude escrever o tipo de FC que mais me agrada. Não chega a ser FC hard, mas começa a caminhar para esse subgênero, que é o que mais me agrada. O conto que saiu na “UFO” é uma ficção científica bem leve sobre abduções alienígenas. Já a antologia “Metamorfose 2” é sobre lobisomens, por isso meu conto tem alguns toques de horror. Eu fiquei satisfeito com o resultado dos dois livros. Foram antologias cujos autores eram, em sua maioria, iniciantes. Apesar disso, tivemos alguns bons trabalhos nelas.

Ademir Pascale: Você acha importante a participação em antologias de um autor experiente ou em início de carreira?

Daniel Borba: Acho importante sim. Na minha opinião, as antologias no Brasil substituem as publicações em revistas que vemos em outros países. Nosso mercado não comporta uma publicação com periodicidade regular, mas parece que aceita bem as antologias temáticas. Pelo menos é isso que eu imagino, dada a quantidade delas que tem aparecido por aí. Um autor iniciante pode tirar vantagem desse tipo de publicação, especialmente se conseguir entrar numa antologia que já tem alguns nomes conhecidos. Se a aceitação do livro como um todo for boa, esse iniciante terá uma boa exposição no fandom. Alguns autores experientes talvez não vejam vantagem em publicar em antologias assim, mas é sempre interessante divulgar seu trabalho. Acho que todo autor gosta de ser lido, então por que não publicar? Veja, não estou discutindo aqui a qualidade das antologias. Há muita coisa boa e muita coisa ruim sendo publicada. Cabe aos autores avaliar onde estão se metendo. Se a antologia for boa, é claro que é bom estar nela. Se, por outro lado, o resultado do livro não for dos melhores, muitas vezes um bom conto (e um bom autor) pode ficar obscurecido.

Ademir Pascale: Você mantêm o blog “Além das Estrelas” (www.alemdasestrelas.com), o qual edita regularmente. Fale mais sobre ele.

Daniel Borba: O “Além da Estrelas” é um blog que eu montei com a intenção de falar sobre as coisas que eu gosto. Sabe quando a gente encontra com um amigo e que comentar sobre um livro que leu ou um filme que assistiu? É apenas isso, e não tem a pretensão de ser literário nem científico. Se eu leio alguma coisa e acho interessante, comento lá. Tenho usado o blog para divulgar literatura fantástica e ciências, especialmente a astronomia. Minha ideia é fazer com que o leitor enxergue os artigos como se fossem parte de uma conversa comigo. Sendo assim, não me preocupo com termos muito técnicos ou definições precisas. Minhas resenhas (eu prefiro chamar de comentários) são simples e diretas. Procuro apontar as qualidades dos livros que li. Os artigos sobre ciências também tem sempre uma linguagem bem acessível e eu sempre procuro falar sobre alguns assunto que possa ser de interesse bem amplo. A ideia é que o leitor possa aprender um pouquinho, ao mesmo tempo em que lê um texto agradável.

Ademir Pascale: Você está organizando em parceria com a escritora Alícia Azevedo, a coletânea 2013: Ano Um (Editora Literata). O processo de recebimento dos contos já foi, mas parece que vocês ainda estão selecionando os contos. Diga como foi essa parceria com a Alícia e como está a leitura dos contos, assim como a escolha dos autores convidados.

Daniel Borba: Eu e a Alícia somos bons amigos há alguns anos já. De uns tempos para cá, vínhamos conversando sobre a possibilidade de organizarmos uma coletânea juntos. Nossa parceria é interessante porque, enquanto ela tem uma visão que privilegia textos de fantasia, eu tenho uma tendência a gostar mais de ficção científica. O resultado, eu espero, será uma antologia eclética. O tema que escolhemos é difícil, eu reconheço. É muito complicado escrever um texto pós-apocalíptico sem fugir da mesmice. Confesso que eu estava preocupado que recebêssemos somente contos no estilo “Mad Max” (que é muito legal, mas já pensou encher um livro inteiro com histórias parecidas?). Felizmente eu estava errado. A maioria dos autores conseguiu deixar o lugar-comum de lado e recebemos contos muito bons para avaliação. Em relação aos convidados, eu estava bem tranquilo. Fizemos uma escolha cuidadosa e eu devo dizer que estou orgulhoso do “time” que montamos. (para mais informações, veja http://www.editoraornitorrinco.com.br/2013). Espero que os leitores apreciem a seleção que estamos fazendo.

Ademir Pascale: Já existe uma data definida para o lançamento de 2013: Ano Um?

Daniel Borba: Ainda não, mas a previsão é que o livro saia no começo de 2012.

Ademir Pascale: Existem novos projetos em pauta?

Daniel Borba: Sim! Eu e Alícia Azevedo devemos organizar outras coletâneas depois da “2013: Ano Um”, e eu estou começando a dar forma a um projeto pessoal mais longo. Mas isso é uma outra história. A novidade mais recente é que entrei para a diretoria do CLFC (Clube de Leitores de Ficção Científica), e temos muitos projetos em vista, especialmente em relação ao Somnium, a publicação oficial do clube. O ano de 2012 certamente vai trazer muitas novidades.

Ademir Pascale: Como os interessados poderão saber mais sobre Daniel Borba?

Daniel Borba: Bem, acho que o meu blog (www.alemdasestrelas.com) é o lugar certo para isso. É lá que as novidades mais relevantes vão aparecer.

Perguntas Rápidas:
Um livro: Trilogia Fundação
Um(a) autor(a): Isaac Asimov
Um ator ou atriz: Charlton Heston.
Um filme: Gladiador

Ademir Pascale: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Daniel Borba: Gostaria muito de agradecer por essa entrevista. Quero também parabenizar a você pelo excelente trabalho que faz na divulgação da literatura fantástica no Brasil.     

CLIQUE SOBRE A CAPA PARA SABER MAIS SOBRE O LIVRO

2013: Ano Um - Alícia Azevedo e Daniel Borba (org.)

 

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*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com - www.twitter.com/ademirpascale
Entrevistado: Daniel Borba.
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

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