ENTREVISTA COM O ESCRITOR CARLOS ORSI

O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Carlos Orsi.
 (25/04/10)

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 Carlos Orsi - Foto Divulgação

ENTREVISTA:

Ademir Pascale: Para iniciarmos, gostaria de saber quais foram as suas principais influências e como foi o início de Carlos Orsi para o meio literário?

Carlos Orsi: Influência é uma coisa difícil de definir, ao menos para mim. Acho que sofri várias, ao longo dos quase 20 anos em que escrevo fc, com algumas sendo mais marcantes em algumas épocas que outras. As mais duradouras provavelmente são as dos escritores mais antigos, como Poe e Conan Doyle, mas obviamente temperadas por sensibilidades mais contemporâneas – aqui eu citaria Ted Chiang e Greg Egan. Quanto ao começo, acho que sempre quis escrever, tanto que o que me aproximou definitivamente da fc foi a possibilidade de publicar na hoje extinta Isaac Asimov brasileira. Vendi um conto para eles, e anos depois tive a oportunidade de publicar o Medo, Mistério e morte, meu primeiro livro, respondendo a um anúncio de jornal, por incrível que pareça.

Ademir Pascale: Você mantém o blog A ciência na sua vida no portal Estadão. Fale um pouco sobre a responsabilidade e experiência em editar um blog super acessado num portal tão importante como este.

Carlos Orsi: O blog começou em novembro do ano passado, como uma espécie de diário de uma viagem de mais ou menos um mês que fiz à Antártida, a convite da Marinha. Ele ficou um tempo parado e acabei retomando-o em fevereiro. Ainda é uma experiência muito nova, mas está sendo bem compensador. Blogar com a chancela do Grupo Estado é certamente uma grande responsabilidade, mas se pararmos para pensar acho que veremos que não é uma responsabilidade muito maior que a de qualquer blogueiro que espere ser levado a sério e que procure zelar pela própria reputação. A diferença é que lá esse compromisso está sempre muito claro.

Ademir Pascale: E como foi a sua estreia profissional como ficcionista no número 24 da revista Isaac Asimov Magazine, título publicado no Brasil pela Editora Record entre 1990 e 1993, com a novela "Aprendizado"?

Carlos Orsi: Eu estava desesperado para sair na IAM! Era meu último ano de faculdade, e a publicação da história – o fato de ela ser aceita e comprada por um editor profissional – seria uma espécie de prova, para mim mesmo, de que esse valeria a pena levar a produção literária a sério. Eu sempre tive muito medo de virar um peso para a família, cair no estereótipo do “gênio incompreendido” que se faz sustentar pela mãezinha aposentada enquanto espera que o mundo o descubra e recompense. Mandei à IAM umas duas ou três versões diferentes de dois contos. Eles pagaram e publicaram um, e a editora já havia manifestado a intenção de publicar o outro quando, infelizmente, a revista acabou. Hoje me arrependo de ter descontado o cheque da Record. Devia tê-lo emoldurado, como a moedinha número 1 do Tio Patinhas.

Ademir Pascale: Você foi sócio da Editora Ano-Luz, poderia contar para nós como foi a experiência em trabalhar numa editora e selecionar obras de ficção científica?

Carlos Orsi: Uma coisa que descobri é que não tenho alma de editor de ficção. Um grande editor é alguém capaz de inspirar o autor a ir além dos defeitos da obra. Eu simplesmente notava os defeitos e, a partir de um certo nível de problemas acumulados, rejeitava o trabalho. Uma coisa de que me arrependo foi não ter descoberto que o Gerson Lodi-Ribeiro e a Carla Cristina Pereira eram a mesma pessoa. Eu me lembro de, revisando alguns contos de “ambos”, notar que “os dois” usavam uma mesma ortografia peculiar sempre nos mesmos casos – mais puxada para o português de Portugal que para o nosso, provavelmente um hábito adquirido com a leitura de livros de fc traduzidos em Portugal. A pista estava lá, e não vi seu significado...

Ademir Pascale: Entre as obras que já publicou, qual mais lhe marcou e por quê?

Carlos Orsi: Boa pergunta! Creio que a que mais me deu divulgação foi a coletânea de contos “Tempos de Fúria”. O livro chegou a ser adotado numa escola de ensino médio, e por dois anos fui lá, ser interrogado pelos estudantes. Uma experiência e tanto. Mas acho que a obra que mais marca é sempre a próxima. Se um dia um livro meu me deixar totalmente satisfeito, eu provavelmente paro de escrever.

Ademir Pascale: Você já publicou vários artigos e reportagens nas revistas Discovery, Newton e Geek. Fale sobre um dos seus artigos ou reportagens que você achou super interessante.

Carlos Orsi: Cada reportagem é um universo muito interessante em si, porque põe o repórter e contato com pessoas e situações que uma “pessoa normal”, com o perdão da expressão, não encontraria. As reportagens que fiz sobre os navios brasileiros na Antártida e sobre a descoberta de bactérias magnéticas por brasileiros no continente gelado provavelmente foram as mais intensas e interessantes que já escrevi.

Ademir Pascale: E como estão os preparativos para o lançamento do romance Guerra Justa (Editora Draco)?

Carlos Orsi: A festa de lançamento deve ocorrer no fim de maio! Creio ser possível que o livro esteja disponível para venda até antes disso, mas aí é com o editor. Essa é uma estreia que causa alguma ansiedade – muitos amigos me cobram um romance adulto em papel há um bocado de tempo, e sempre há o risco de desapontar. Mas ele incorpora muito trabalho e, mais que isso, muita reflexão.

Ademir Pascale: Existem outros projetos em pauta?

Carlos Orsi: Tenho quatro contos inéditos, já prontos, aguardando o lançamento das antologias para os quais foram encomendados (e aceitos). Fora isso, no momento, não estou escrevendo nada de ficção, embora tenha planos de desenvolver uma ou duas ideias diretamente em inglês, para tentar entrar no mercado internacional. Escrever pelo prazer de escrever é muito bom, mas cheguei a um nível de exigência para comigo mesmo em que só vale a pena me dar ao trabalho de encarar minha própria ranzinzice se a recompensa for boa ou se o desafio for grande. O mundo “lá fora” reúne as duas coisas, logo...

Perguntas Rápidas:

Um livro: Quebrando o Encanto, de Daniel Dennett
Um(a) autor(a): Arthur Conan Doyle
Um ator ou atriz: David Suchet
Um filme: Posso citar três, que revejo quase todo mês? Corpos Ardentes, Operação Dragão e Assassinato no Expresso Oriente.
Um dia especial: O do meu casamento
Um desejo: Poder viajar, ler e escrever sem mais preocupações.

Ademir Pascale: Foi um prazer conversar contigo. Desejo muito sucesso em suas empreitadas literárias. Um forte abraço.

Carlos Orsi: Obrigado, Ademir! Foi uma ótima oportunidade. Espero que você e seus leitores curtam o livro quando sair.

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Guerra Justa - Carlos Orsi

 

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*Você poderá adicionar essa entrevista em seu site, desde que insira os devidos créditos: Editor e Administrador do http://www.cranik.com : Ademir Pascale - ademir@cranik.com
Entrevistado:  Carlos Orsi.
E nos informar pelo e-mail: ademir@cranik.com  

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