ENTREVISTA COM O ESCRITOR MIGUEL CARQUEIJA.
O Editor do Portal Cranik "Ademir Pascale"  entrevista o escritor Miguel Carqueija.
 (17/06/09)

Ademir Pascale: Para iniciarmos, gostaria de saber como foi o início de Miguel Carqueija para o meio literário.

Miguel Carqueija: Por volta de 1980 eu comecei a publicar pequenos textos em jornais de bairro e em 1983 ingressei no "fandom" brasileiro de ficção científica através do hoje extinto Clube Antares, que editava em Porto Alegre o Boletim Antares, na verdade um fanzine, onde saíram muitos contos de minha autoria. Ingressei no livro em 1985, participando de uma antologia poética da editora Shogum-Arte, mas a poesia é muito bissexta em minha obra.

Ademir Pascale: É nítido que você se destaque no gênero FC, mas, além deste gênero, você escreve outros?

Miguel Carqueija: hoje em dia pratico vários gêneros daquilo que chamo "ficção interessante" o que inclui a fantasia, o horror, o misticismo, o mistério policial e a história alternativa. Até arrisquei algumas poesias de realismo mágico e ficção científica.

Ademir Pascale: Poderia comentar sobre o seu romance "Farei meu destino" (Giz Editorial)?

Miguel Carqueija: É uma história onde utilizei técnica narrativa ousada e homenageei algumas pessoas e alguns universos ficcionais, conforme as dedicatórias no pórtico do livro de modo a mesclar elementos da teoria da conspiração, da fantasia heroica à "mangá shojo", da ficção científica clássica e do conto de fadas, com algumas pinceladas bíblicas. É uma novela única na minha obra, pois segue caminhos diferentes de todas as outras, mas a personagem principal veio muito de dentro. Oportunamente, lembro que a homenagem prestada a Edgar Allan Poe coincide com os 200 anos de seu nascimento.

Ademir Pascale: Existem outros projetos como romances, antologias, etc., no prelo?

Miguel Carqueija: No momento estamos planejando – o editor Marco Bourguignon e eu – a publicação do livro "Tempo de caçadoras" que dá prosseguimento ao universo ficcional da Liga Mundial, iniciado com a novela "O fantasma do apito" (Scarium, 2007). Devo sair em antologias da Terracota e da editora virtual Fábrica dos Sonhos e há outros projetos engatilhados e muitas histórias inéditas ou em fase de construção. No momento, a minha maior ambição é publicar o meu primeiro romance de fantasia heroica à Tolkien, "O estigma do feiticeiro negro", escrito em colaboração com minha enteada Melanie e que narra a aventura de uma elfa nobre que monta um dragão domesticado e é convocada para impedir a ressurreição dos monstros que no passado serviram as forças do mal. A história, passada num mundo paralelo, tem cavaleiros, anões, bruxos e outras figuras típicas de RPG, mas inclui índios, ninjas e piratas para diversificar o ambiente.

Ademir Pascale: É nítido o crescimento no interesse por parte dos leitores brasileiros, por obras dos gêneros Fantasia, FC e Horror. Na sua opinião, quais seriam as principais influências causadoras?

Miguel Carqueija: Provavelmente o mega-sucesso de produções cinematográficas como Harry Potter e Senhor dos Anéis, em combinação com a grande parcela da juventude que se apaixonou por RPG, mangá e animê.

Ademir Pascale: Uma pergunta que sempre faço em minhas entrevistas é: como está o mercado editorial brasileiro para os que buscam publicar suas obras? Embora existam mais leitores, está sendo fácil publicar? E qual é a receptividade das editoras com os novos e já consagrados autores?

Miguel Carqueija: Na minha modesta opinião o autor nacional precisa cavar incessantemente, buscar as oportunidades, trabalhar para que haja sempre uma produção sua na mídia, mas é fato que de alguns anos para cá surgiram muitas edições de livros desses gêneros, através inclusive de editoras novas, que estão investindo nos gêneros fantásticos e na ficção científica. O que falta são as coleções periódicas, de bolso ou não, que antigamente eram encontradas com facilidade.

Ademir Pascale: Você foi um dos selecionados para compor a obra Invasão (Giz Editorial). Sem revelar muitos detalhes, poderia comentar sobre o seu conto selecionado elaborado em parceria? E qual é a sua visão geral sobre a idéia da coletânea de FC Invasão?

Miguel Carqueija: Esse tema vem fazendo furor desde "A guerra dos mundos" de H.G.Wells e se reacendeu com as aparições de discos voadores de 1947 para cá, é uma recorrencia da "space-opera". Depois vieram seriados como "Os invasores" de Quinn Martin e "Arquivo X" de Chris Carter, é um tema dos mais frequentes na FC. O meu conto, em co-autoria com Melanie Evarino Leite, é uma ficção ufológica, sim, mas de um ponto de vista cômico. Aliás eu noto que a ficção científica brasileira, embora já bem diversificada, ainda é muito pobre em matéria de humorismo.

Ademir Pascale: Quais são as suas dicas para os que desejam ingressar no meio literário e futuramente publicar um livro?

Miguel Carqueija: É preciso ler muito, se possível ter sempre um livro na mochila, ler no ônibus, no metrô, nas filas, se você estiver sozinho é claro. Só mesmo lendo e conhecendo autores, tendências e ideias é possível desenvolver um estilo seguro. Para entrar no meio é preciso ser furão, oportunista, publicar em fanzines ou, na falta destes (que entraram em extinção há tempos por causa da internet) em páginas virtuais. E quando possível investir algum dinheiro para publicar. Se houver valor no que você escreve, algum dia virá o reconhecimento. Mesmo póstumo, como aconteceu com Poe, mas não desanimem por causa disso.

Perguntas Rápidas:

Um livro: "1984’ de George Orwell.
Um(a) autor(a): Edgar Allan Poe
Um ator ou atriz: Emma Watson, que faz a Hermione de Harry Potter.
Um filme: ROD, seriado japonês de animação em torno da "teoria da conspiração" e que reputo muito especial.
Um dia especial: 5 de dezembro de 1987 – o dia em que assisti Rita Pavone no Canecão (Rio de Janeiro) e falei com ela nos bastidores.
Um desejo: levar minhas histórias ao cinema, dois contos já viraram curta-metragens.

Ademir Pascale: Mais uma vez agradeço pela gentileza. Desejo-lhe muito sucesso. Um forte abraço.

Miguel Carqueija: Eu é que agradeço pela oportunidade e espero que nos encontremos no lançamento de "Invasão". Um grande abraço e até lá.
 

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Farei Meu Destino - Miguel Carqueija